domingo, 29 de abril de 2012

Momento de intimidade entre Cabral e Cavendish

http://youtu.be/OaD3HsrypaM

do Blog do Mello

O vídeo acima foi publicado no blog do ex-governador e atual deputado federal pelo PR-RJ, Anthony Garotinho, e subido para o Youtube por ele. Mostra uma confraternização em um restaurante de luxo, em algum lugar do mundo, entre o governador do Rio Sergio Cabral, o presidente da Delta Fernando Cavendish, e secretários de Cabral (Sergio Cortes, da Saúde, é um deles), acompanhados das esposas, ou da futura – caso de Cavendish.

Sorridentes, felizes da vida, querem marcar uma data para o casamento de Cavendish, para que a festa pudesse prosseguir.

Nada demais se Fernando Cavendish não fosse um dos maiores fornecedores do estado.

Mas o que me chama atenção é como e com que intenções as imagens foram parar agora nas mãos do principal eleitor e atual arqui-inimigo de Sergio Cabral, Garotinho, já que elas foram feitas pela primeira-dama Adriana Ancelmo, como fica evidente no vídeo, e como é informado por Cavendish a sua futura esposa, a partir dos 17 segundos:

- Primeira-dama tá te filmando ali, ó…

Quem vazou? Com que intenções? Por que foi vazado agora, três anos pelo menos após a gravação e bem no início da CPI do Cachoeira, quando a Delta é um dos principais alvos?

Novas escutas complicam ainda mais a situação de Perillo, Cabral e Gilmar Mendes

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mandava recados para o chefe da organização criminosa chefiada pelo bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por intermédio do senador Demóstenes Torres (ex-DEM). Os negócios da quadrilha não se resumiam ao império dos jogos de azar no Centro-Oeste do país, mas chegavam até o Supremo Tribunal Federal. À série de documentos vazados para jornais e revistas, que começou a ser divulgada logo após a prisão de Cachoeira, há três semanas, foi acrescentada, neste sábado, uma nova leva de escutas. A divulgação de fotos do governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), em Paris, ao lado de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa envolvida na CPMI do Cachoeira, também chama a atenção da Polícia Federal (PF).
Entre os diálogos gravados com autorização judicial estava o telefonema de Demóstenes a Cachoeira:
O abraço de Demóstenes ao bicheiro deixou evidente, na realidade, uma face mais deformada no relacionamento entre os integrantes dos poderes Legislativo e Judiciário. A influência exercida por Demóstenes junto a altas patentes do Superior Tribunal Federal era usada na tentativa de influenciar decisões das cortes mais altas do país. Há pouco mais de um ano, após a prisão pela PF de 19 policiais militares no Mato Grosso do Sul durante a operação Sexto Mandamento, (“Não matarás”), todos envolvidos com um grupo de extermínio acusado de matar inclusive crianças, adolescentes e mulheres sem envolvimento com práticas criminosas, a ação de Cachoeira e Demóstenes para influir no processo judicial foi captada nas escutas telefônicas.

Em 3 de março de 2011, logo após a prisão dos PMs, o assunto mobilizou Cachoeira e Demóstenes. Este foi portador de um pedido de Cachoeira ao governador Marconi Perillo, para que o chefe do Executivo goiano transferisse os policiais para um presídio em Goiânia. As gravações ilustram como o senador orientou o bicheiro no procedimento para ajudar os PMs acusados de assassinato.

“Eu tava com o Ronald hoje (…) o Estado interceder através do Ronald para puxar esse pessoal pra cá pra cumprir aqui”, diz Cachoeira.

“Ronald” era o Ronald Bicca, procurador-geral de Justiça de Goiás à época, e estava escalado para a tentativa de liberar os suspeitos. Ele seria auxiliado por ninguém menos do que o próprio senador, que já havia ocupado o cargo de procurador-geral do Ministério Público (MP) de Goiás e de secretário da Segurança do Estado.

– Eu já falei com a turma para dar o parecer favorável. Fica tranquilo – diz Demóstenes a Cachoeira, que pergunta quanto tempo levaria para que a situação fosse resolvida.

Demóstenes o tranquiliza e diz que será quando “assumir o moço”.

Passados oito desde o diálogo, Benedito Torres, irmão de Demóstenes, assumiu a Procuradoria-Geral do MP de Goiás. Em junho daquele ano, a Justiça autorizou a transferência dos 15 presos para o Centro de Custódia da Polícia Militar, em Goiânia e hoje, pouco mais de um ano depois da prisão, apenas um dos acusados continua preso. Os outros exercem atividades administrativas na PM.

Amizades encardidas

Enquanto o senador Demóstenes ainda ocupava o papel de defensor da moral e dos bons costumes no Congresso, ele e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, faziam questão de aparecer juntos em ocasiões sociais, ao longo de uma década de amizade acima de qualquer suspeita. Ambos figuravam nas páginas políticas dos meios de comunicação enquanto discutiam temas de interesse nacional, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visava reforçar o papel da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre outras.

“Até o dia em que vieram a público os fatos em torno do senador Demóstenes, autoridades públicas se relacionavam com naturalidade com o referido senador. Até então o senador era credor da respeitabilidade de que desfrutava”, desconversava na semana passada, em nota, o ministro Gilmar Mendes. Mas os ventos mudaram de direção. Nos quatro minutos de diálogo, gravados no dia 16 de agosto do ano passado, Cachoeira e Demóstenes falavam sobre a queda de Wagner Rossi (PMDB) do Ministério da Agricultura e sobre o ex-ministro José Dirceu (PT), até que o nome do ministro Gilmar Mendes foi à tona, em um processo a que responde a Companhia Energética de Goiás (Celg). Cachoeira comemorava a decisão do ministro favorável à companhia.

– Conseguimos puxar aqui para o Supremo uma ação da Celg aí. Viu? O Gilmar mandou buscar, deu repercussão geral pro trem aí – lembra Demóstenes.

Na véspera, Gilmar Mendes dissera no processo que o STF era o órgão competente para julgar uma disputa em que a Celg reclama indenização de R$ 1,2 bilhão da União, da Eletrobras e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O processo tramitava na Justiça Federal de Goiás, mas advogados da Celg recorreram ao Supremo por entender que a Corte era o foro adequado. Gilmar aceitou os argumentos da Celg.

“Há patente conflito federativo”, afirmou Gilmar em sua decisão, baseado em uma “jurisprudência do Supremo”. Ele também negou aos jornalistas que o procuraram ter tratado do assunto com Demóstenes.

Delta, Cabral e Perillo

As ligações entre os governadores Marconi Perillo e Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, com o bicheiro e sua “organização criminosa”, segundo descrição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ganham um ponto de apoio com a ascensão meteórica da Delta Construtora. O processo, encaminhado à CPMI do Cachoeira, em curso no Parlamento, deixa mais clara a ligação entre Perillo e a organização criminosa. Os grampeados falam em detalhes sobre a situação de diversos contratos da Delta.

A autorização para a remessa do inquérito ao Congresso foi concedida pelo ministro Ricardo Levandovski. Os dados poderão ser analisados também pela Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados, que investiga os parlamentares João Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), pelo envolvimento com o Cachoeira.

A situação do governador fluminense também se torna mais delicada com a divulgação de uma série de fotos, em Paris, nas quais Cavendish aparece ao lado de Sérgio Cabral e secretários estaduais, entre eles o de Saúde, Sérgio Côrtes, aparentemente embriagado, em uma espécie de comemoração. Cabral e Cavendish partilham, além da amizade declarada por ambos, de um episódio nebuloso com a queda de um helicóptero em Trancoso, no Sul da Bahia, 17 de junho do ano passado, período em que a Delta recebeu do governo fluminense R$ 127 milhões sem licitação e mais R$ 420 milhões licitados.

O procurador-geral de Justiça do Estado do Rio arquivou o inquérito sobre o acidente e disse que governador pode ser amigo “de quem quiser” e que contratos da Delta com governo são legítimos Claudio Lopes mandou arquivar a investigação do Ministério Público Estadual sobre possíveis irregularidades nas relações de amizade do governador Cabral Filho com os empresários Fernando Cavendish e Eike Batista, ambos com negócios milionários com o governo fluminense. Após o estouro do escândalo em que Cavendish e Cachoeira aparecem como possíveis sócios no crime, Cabral desautorizou Lopes e disse que irá investigar os contratos milionários.




quinta-feira, 26 de abril de 2012

Demóstenes e Cachoeira atuaram para favorecer empresas em licitações


O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente agir em prol de três grandes empreiteiras — Delta Construções, Construtora Queiroz Galvão e Odebrecht — a pedido do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Gravações telefônicas que embasaram a abertura do inquérito no STF e o início das investigações pela Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam indícios de que Demóstenes operou fraudes em licitações para favorecer as três construtoras. Até agora, já se sabia das ações do senador para beneficiar a Delta, por determinação de Cachoeira. A PGR investiga também a suposta atuação do parlamentar por novos contratos da Queiroz Galvão e da Odebrecht.

O primeiro passo dessa investigação foi a expedição de ofícios pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski, relator do inquérito, a chefes de governos que podem ter assinado contratos sob a influência de Demóstenes e Cachoeira. O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o prefeito de Anápolis (GO), Antônio Gomide (PT), receberam cópias desses ofícios. O Correio apurou que Perillo e Gomide foram cobrados a entregar cópias de contratos existentes com as três construtoras.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

STF desmembra ligações de parlamentares sobre o caso Carlinhos Cachoeira


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski desmembrou ontem as investigações relativas à Operação Monte Carlo, determinando a abertura de três novos inquéritos que tramitarão no Supremo Tribunal Federal (STF). Outros três devem ser instaurados em outros foros, caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente o pedido. Além da investigação já existente contra o senador Demóstenes Torres (sem partido- GO), vão tramitar no STF inquéritos contra os deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ). Lewandowski liberou três cópias do processo ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que ele decida se vai enviar aos foros competentes o pedido de abertura de inquérito contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres.

Relator do caso no Supremo, o ministro Lewandowski determinou o desmembramento das investigações porque Agnelo, Benedito e Cachoeira não têm como foro o Supremo. Gurgel terá de pedir a abertura de inquérito contra o governador do DF no Superior Tribunal de Justiça (STJ), órgão competente para processar e julgar governadores. Em relação ao procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão de Demóstenes, o inquérito deverá ser aberto no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Já Cachoeira e outros cinco suspeitos de ligação com o grupo comandado pelo bicheiro, como Cláudio Abreu, deverão ser investigados na Justiça Federal de primeira instância.

Caixa reduz em até 21% taxa de juros para financiamento habitacional

Brasília - A Caixa Econômica Federal anunciou há pouco a redução em até 21% da taxa de juros efetiva cobrada em empréstimos feitos por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Segundo uma simulação feita pelo banco, para os imóveis que custam até R$ 500 mil, os juros passam de 10% ao ano para 9% ao ano. Caso o mutuário seja cliente com conta-salário na Caixa, a taxa cairá para 7,9% ao ano.

Financiamentos fora do SFH também terão redução das taxas, de 11% para 10% ao ano. Neste caso, para clientes com conta-salário na Caixa, os juros ficarão em 9%.

Em simulação da Caixa, se contratar um financiamento de imóvel no valor de R$ 600 mil, o cliente economizará mais de R$ 54 mil durante 20 anos, dos quais R$ 5,6 mil logo no primeiro ano.

As novas taxas foram anunciadas no lançamento do 8º Feirão da Casa Própria, marcado para o período de 4 de maio a 10 de junho, em 13 cidades (11 capitais).

Fernando Cavendish renuncia à presidência da Delta

EMPRESÁRIO SE AFASTA DO COMANDO EM MEIO A DENÚNCIAS DE LIGAÇÕES DA EMPRESA COM O ESQUEMA DE CARLINHOS CACHOEIRA


25 de Abril de 2012 às 12:30

247 – O empresário Fernando Cavendish renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração da Delta Engenharia. Com a empresa cercada por denúncias de ligações com esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira, ele optou pela saída numa tentativa de não prejudicar os contratos em andamento, todos eles sob investigação na Controladoria Geral da União.

O cargo de Cavendish será ocupado agora por Carlos Alberto Verdini, que já passou pelas construtoras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. Outro que deixa a empresa é o diretor-executivo, Carlos Pacheco, que será substituído por Ediano Bittencourt.

A notícia foi anunciada ao mercado na manhã desta quarta-feira e deve ser comunicada ao comando da CPMI do Cachoeira ainda hoje. As denúncias que serão investigadas pelo Congresso, com a Comissão instalada hoje, envolve a empresa e suas relações com o bicheiro Carlos Cachoeira.

Petrobras avalia encerramento de contratos com a construtora Delta devido a “baixo desempenho”


Brasília - O baixo desempenho da construtora Delta nos contratos que tem com a Petrobras poderá resultar na substituição da empresa, segundo informou a presidenta da estatal, Maria das Graças Silva Foster. A Delta é investigada por ligações com o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar esquema de jogo ilegal e corrupção.

“Estamos analisando o desempenho das obras da Delta e de outras pouquíssimas [empresas] que não têm bom desempenho, como vínhamos fazendo já há algum tempo. A tendência, se não houver melhoria do desempenho, é de que elas saiam [do negócio]”, afirmou Fortes.

A dirigente não relacionou a decisão às suspeitas que pesam contra a construtora. “No caso [específico] da Delta, o que nos incomoda sistematicamente é o baixo desempenho. Se continuar baixo, [a empresa] terá de sair”, disse Foster, após participar de audiência pública na Câmara dos Deputados.

Segundo ela, o cancelamento de contratos por motivo de baixo desempenho são bastante comuns em empresas de grande porte. “A questão de empresas que entram ou que saem ao longo de contrato acontece várias vezes na Petrobras. Em geral são consórcios. Se elas não cumprem [o contratado] são retiradas e outra assume o lugar”, acrescentou a presidenta da estatal petrolífera.

A audiência pública foi convocada pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados e serviu para que Graça Foster apresentasse propostas relativas ao futuro da Petrobras.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Presidente da Câmara sugere quebra de sigilos como primeira medida para CPMI do Cachoeira

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), defendeu hoje (20) que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Cachoeira adote, como primeira medida de trabalho, o pedido de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de todas as pessoas acusadas de envolvimento com o esquema montado pelo empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.


“Eu começaria a investigação quebrando os sigilos fiscal, bancário e telefônico de todos aqueles que tiveram qualquer tipo de contato com o Cachoeira, mas essa decisão cabe ao relator [da CPMI]”, disse Maia.

Ele voltou a negar interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Palácio do Planalto na composição ou no andamento da comissão parlamentar de inquérito.

“Nunca fui consultado, ou recomendado, pelo presidente Lula ou pela presidenta Dilma [Rousseff]. Essa questão que foi levantada, de que há interferência para turbinar ou abafar a CPMI, faz parte da imaginação
de alguns."

Segundo Marco Maia, a CPMI vai cumprir seu papel de investigar, mas, como é óbvio, haverá o debate político. "Essa não é uma CPMI que estabeleça disputa entre governo e oposição. Queremos acabar com esse poder paralelo criado pelo Cachoeira”, disse o deputado.

O líder do PT na Casa, deputado Jilmar Tatto (SP), também negou interferência externa em relação à CPMI. “Nenhuma [interferência do ex-presidente Lula]. É um assunto interno da bancada. O governo, em relação à CPMI, não está se metendo, interferindo, ainda mais nos nomes da bancada do PT”, disse Tatto.

Apesar de dizer que já tem na cabeça os nomes do partido que integrarão a CPMI do Cachoeira, o líder petista informou que só vai anunciar os escolhidos na próxima terça-feira (24), quando encerra o prazo para as indicações partidárias.

Quanto à indicação do partido para a relatoria da comissão que vai investigar a relação de políticos, agentes públicos e privados com o esquema de Carlinhos Cachoeira, Tatto negou que haja dificuldade para a escolha de um nome. “Temos pelo menos seis ou sete nomes que podem ser o relator”, disse.

Ontem (19), o PMDB anunciou que o senador Vital do Rego (PB) presidirá a CPMI.

Marconi Perillo, após denúncias, diz que vai auditar licitações de Cachoeira

Em um diálogo captado pela Polícia Federal com base nos grampos autorizados pela Justiça, o empresário Carlinhos Cachoeira revela que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é dono de um avião Cessna, que custou R$ 4 milhões, em sociedade com dois empresários. A informação, divulgada nesta sexta-feira, complica ainda mais a vida do político tucano.

Perillo agora diz que o governo vai apresentar um relatório sobre a auditoria em 30 dias. Caso sejam constatadas irregularidades, a Delta terá 15 dias para se defender. O governador negou, também, qualquer relação entre as doações recebidas na campanha com as empresas investigadas.

– As doações feitas foram todas oficiais e legais – afirmou.

Na lista de beneficiários das empresas investigadas pela PF consta a Produtos Alimentícios Orlândia S/A, que doou R$ 13 mil para o deputado federal Ruben Otoni (PT). O parlamentar aparece em um vídeo conversando com Cachoeira sobre doações de campanha.

Essas transações envolveram outros empresários locais, vários com negócios com o governo de Goiás. Um mês depois da eleição, o tucano recebeu R$ 400 mil de Valterci de Melo, diretor do Laboratório Teuto. Com sede em Anápolis (GO), terra de Cachoeira, a indústria farmacêutica é uma das maiores empresas do Estado.

Melo abasteceu a conta da Brava Construções e Terraplanagem, ligada à organização criminosa, com R$ 55,6 mil, ao lado da Delta e da Alberto e Pantoja, outra empresa de fachada. Segundo a PF, a Delta foi responsável por 98% dos créditos da Brava, que movimentou R$ 13,2 milhões entre 2010 e 2011. Cadastrada em um endereço no Núcleo Bandeirantes, no Entorno do DF, a Brava nunca funcionou no local.

Perillo também recebeu R$ 450 mil da Belcar Veículos. A doação foi feita dez dias depois de o governador ganhar as eleições. Segundo o Portal da Transparência do governo de Goiás, a Belcar recebeu R$ 1,4 milhão em 2011. Em 2010, a concessionária de carros recebeu apenas R$ 1,1 mil.

A Belcar aparece em uma das planilhas da PF como destinatária de R$ 16,5 mil da Mapa Construtora, do irmão de Carlinhos Cachoeira, Paulo Roberto de Almeida Ramos, e irrigada com recursos da Pantoja.

Segundo a PF, a empresa de Paulo Roberto movimentou R$ 1,6 milhão em 2010 e 2011. A Mapa também transferiu dinheiro para a Kasa Motors (R$ 80 mil). A empresa doou R$ 40 mil para o candidato ao governo Vanderlan Vieira Cardoso (PR).

CPMI de Cachoeira será presidida pelo senador Vital do Rêgo

O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) aceitou nesta sexta-feira o pedido para comandar a CPI Mista (Comissão Parlamentar de Inquérito) que vai investigar as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. A CPI Mista foi instalada na quinta-feira pelo Congresso Nacional.

Pelo regimento, a presidência da comissão cabe a um senador do PMDB, e a relatoria, a um deputado do PT, que são as maiores bancadas de cada Casa. Os dois cargos são os mais importantes da CPI.

O nome de Vital já havia sido anunciado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, na noite desta quinta. Vital é corregedor do Senado e relator da Lei Geral da Copa na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

— Eu não tinha como recusar. O PMDB veio a mim e pediu a minha colaboração. E aí, eu não posso me furtar a aceitar esse pedido do meu partido, disse Vital.

A CPMI contará com 16 deputados e 16 senadores e será instalada na próxima semana, provavelmente na terça-feira. São 15 membros de partidos maiores e um de legendas menores que, pelo tamanho das bancadas, não teriam vaga na comissão.

A escolha deles será feita de acordo com a proporcionalidade dos partidos nas duas Casas. Por terem as maiores bancadas, cabe ao PMDB no Senado indicar o presidente e o PT na Câmara indicar o relator, mas escolha ainda não foi concluída pelo partido.

Cachoeira e Demóstenes

O senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna, em 6 de março deste ano, para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas.

Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.