sábado, 9 de abril de 2011

Para chineses, visita de Dilma abre caminho para mais negócios

Brasil e China precisam se conhecer melhor e o encontro de líderes dos dois países incentiva as conversas bilaterais, dizem empresários e economistas da China
Nas ruas da China, ninguém sabe quem é Dilma Rousseff. Mais preocupados com suas atividades diárias, a maioria dos chineses não discute a visita da presidenta à China, que será nesta semana. No entanto, empresários e economistas chineses estão atentos e muito interessados no Brasil. Para eles, o País é um grande parceiro e vale a pena aproveitar o momento do encontro de líderes dos dois países, nos dias 12 e 13 de abril, para discutir sobre as relações bilaterais, melhorar o conhecimento recíproco e identificar oportunidades de negócios. Já a discussão em torno da valorização da moeda chinesa, que é um tema importante para os brasileiros, poderia ser deixada de lado, na opinião dos chineses.
Para Craig Bond, presidente do Standard Bank na China, a visita de Dilma acontece em um momento muito importante, em que o comércio dos dois países vem aumentando, mas há diversas oportunidades a serem exploradas. Para ele, chineses como brasileiros têm potencial para fazer mais negócios entre si e têm a mesma força na relação bilateral. “Enquanto a China tem habilidades em engenharia para infraestrutura, os brasileiros possuem os recursos naturais que os chineses precisam,” afirmou Bond.

“São duas economias complementares, que precisam uma da outra. A vinda da presidenta do Brasil, neste momento, é oportuna para intensificar as conversas e proporcionais mais negócios”, concorda David Li, um dos mais renomados economistas da China, diretor da Escola de Economia e Negócios da Universidade de Tsinghua.


Li destaca a possibilidade de uma maior atuação da China em infraestrutura no território brasileiro, ao mesmo tempo em que o Brasil pode exportar mais recursos naturais e produtos finais ao mercado chinês. Já Bond aponta entre os setores promissores que poderiam ter maior atuação de brasileiros na China o imobiliário e o automotivo.

Para Brian Wong, vice-presidente de vendas globais da empresa de comércio eletrônico chinesa Alibaba, os negócios não devem ficar restritos às grandes empresas. “Há inúmeras oportunidades no mercado consumidor chinês para micro e pequenas companhias do Brasil”, diz.

Ele diz que a visita da presidenta brasileira à China ajuda empresários a se conhecerem melhor e a saber mais sobre demandas dos mercados chinês e brasileiro. “Muitos ainda não sabem as oportunidades que podem ter no outro lado do mundo, e encontros de líderes ajudam a colocar os negócios bilaterais em pauta e aumentar o conhecimento recíproco”.

Valorização do yuan

As críticas do Brasil à moeda chinesa pouco valorizada também permeiam as conversas de empresários e economistas chineses. "Mas são menos importantes", diz Li, da Tsinghua. Para ele, Dilma tem uma postura mais agressiva do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando em relação ao câmbio, mas deveria se preocupar menos com essa questão. “Ela é mais firme do que Lula na pressão para a valorização do yuan”, afirma.


Li diz estar sabendo que a presidenta pretende discutir o câmbio com o presidente Hu Jintao e com o primeiro-ministro Wen Jiabao, o que ele considera “menos importante”. Para ele, os brasileiros não deveriam estar tão preocupados em pressioná-los para elevar o valor do yuan e poderiam focar os esforços em outros assuntos mais prioritários, com seu controle fiscal. “O Brasil deveria se preocupar menos com as taxas de câmbio e mais com seu deficit fiscal, com a educação investimentos produtivos. Não é a taxa de câmbio a única verdadeira solução para as empresas brasileiras terem maior competitividade”, afirma.
O website Hexun, especializado em notícias econômicas, também aproveitou a visita da presidenta do Brasil à China para criticar a insistência brasileira na discussão cambial. A “dama de ferro”, diz a publicação, “mostrou uma dureza maior do que a dos homens”.
Enquanto o ex-presidente Lula estava mais focado na cooperação sul-sul, diz o jornal, Dilma em falar sobre as moedas. “A líder brasileira pretende colocar a desvalorização do yuan na agenda dos líderes dos BRICs. Mas está errando o alvo", diz. Em vez de focar esforços na discussão sobre o yuan, o mais correto seria dar mais atenção ao controle dos gastos do governo, segundo o website.


“Nos últimos anos, o rápido crescimento das despesas públicas no Brasil forçou o Banco Central a elevar os juros para conter a inflação causada pelo superaquecimento econômico. No entanto, altas taxas de juros atraem capital especulativo, o que aumenta o valor do real, formando um ciclo vicioso.”

Além de se encontrar com autoridades chinesas, em 12 e 13 de abril, em Pequim, Dilma participará do Fórum dos Brics, em 14 de abril, na cidade de Sanya, na ilha de Hainan, no sul da China.






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