sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Comandante das UPPs é exonerado após guerra na Rocinha

Em nota, a assessoria da Polícia Militar informou que a exoneração "faz parte do processo de reestruturação das UPPs anunciado em agosto.

Rio - O comando da Polícia Militar exonerou o coronel André Luiz Belloni Gomes da chefia das Unidades de Polícia Pacificadora, dez dias após a invasão de traficantes na Rocinha. O novo comandante das UPPs é o coronel Samir Vaz Lima, que era subcomandante de área e já foi comandante do 7ºBPM (São Gonçalo) por dez meses. A exoneração já foi publicada no boletim da corporação. 
Em nota, a assessoria da Polícia Militar informou que a exoneração "faz parte do processo de reestruturação das UPPs anunciado em agosto". Procurado, o comandante-geral, coronel Wolney Dias, negou que a saída de Belloni tenha relação com o episódio na Rocinha. "A saída já estava prevista", disse. 
Comando da PM exonerou coronel da chefia das UPPs após guerra na RocinhaAgência Brasil
Desde agosto, o comando das UPPs passou a ser subordinado ao comando-geral. Além disso, 3.000 policiais administrativos das unidades foram transferidos para batalhões. 
A corregedoria da corporação continua investigando a possível participação de policiais militares no deslocamento de criminosos do Morro do São Carlos, no Estácio, para a Rocinha, durante a invasão, conforme O DIA noticiou na semana passada. 
Segundo o inquérito, cerca de 100 criminosos entraram no horário de mudança de turno da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que dura cerca de 20 minutos. Com posse dessa informação, eles se depararam com somente 50 PMs nas bases.
Na época, o major Ivan Blaz, porta-voz da PM, descartou que policiais da UPP Rocinha estivessem envolvidos. “Temos como muito claros os esforços da UPP para impedir a invasão, que sabemos, não se concretizou”, disse.

Jungmann: Ministério da Defesa deve encerrar cerco à Rocinha nesta sexta

Último dia foi marcado pelo resgate de dois jovens que estavam sendo torturados por traficantes.

Rio - Os 950 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica começam a sair da Rocinha nesta sexta-feira, após sete dias de atuação na favela da Zona Sul. A informação foi confirmada nesta quinta-feira pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.
A presença das Forças Armadas foi solicitada após o governo estadual pedir ajuda por conta dos confrontos armados entre traficantes da quadrilha Amigos dos Amigos. Durante a presença dos militares, até a noite de ontem, não houve confrontos. No entanto, o último dia foi marcado pelo resgate de dois jovens que estavam sendo torturados por traficantes.
De acordo com o Comando Militar do Leste, dois adolescentes de 16 anos foram salvos por Fuzileiros Navais após terem sido torturados por quase 1 hora por traficantes da quadrilha de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.
Em nota, a Secretaria de Segurança informou que uma das vítimas usava um boné com a inscrição 'Jesus é dono desse lugar'. A frase faz alusão à quadrilha do Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que aparece em fotos utilizando um cordão de ouro com a inscrição.
A disputa pelo tráfico de drogas local entre entre as quadrilhas de Nem e de Rogério 157 é o motivo dos tiroteios que deixaram moradores reféns na favela. Os autores do crime já foram identificados.
Normalidade

Aos poucos, os serviços na Rocinha vão voltando à normalidade. As escolas da rede municipal de ensino da região estão todas funcionando, segundo informou a secretaria de Educação. O atendimento nos postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) também voltou ao normal. Desde esta quinta, equipes que haviam sido transferidas para outras unidades desde a semana passada voltaram a atuar na favela.

Segundo a Secretaria de Saúde, ações extras serão realizadas a partir desta sexta-feira. A Vigilância Sanitária circulará com veículos pela Rocinha para aplicar vacinas contra a raiva em cães e gatos. Além disso, técnicos do órgão ficarão em pontos fixos para emitir a licença sanitária de bares, restaurantes, padarias, salões de beleza, clínicas médicas e dentárias, pet shops e estúdios de piercing e tatuagem.


José Lima voltou a abrir seu bar, que funciona 24 horas por dia na localidade da Dioneia, na segundaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Enquanto as ações das forças de segurança diminuem na favela da Zona Sul, a busca por traficantes ligados a Rogério 157 foi intensificada em outras comunidades do Rio. Nesta quinta-feira, os batalhões de Ações com Cães (BAC), de Operações Especiais (Bope) e de Choque da Polícia Militar vasculharam as favelas Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte.

No Parque União, o Batalhão de Choque prendeu dois suspeitos. Os policiais ainda apreenderam uma pistola calibre 9 mm, munições, 318 kg de maconha, duas granadas caseiras, um kit rajada, um casaco do Exército, uma farda, uma máquina de fabricação de ecstasy, quatro balanças de precisão e outros materiais. Uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas foi desativada.

Na Nova Holanda, os policiais do BAC apreenderam dois fuzis M16, três réplicas de fuzil, uma pistola calibre 45 mm, duas réplicas de pistolas e mais de uma tonelada em drogas, achada com ajuda de um cão farejador. A maior quantidade era de maconha, mas foram encontrados ainda 260 pinos de cocaína, 165 pedras de crack, 65 trouxinhas de haxixe e uma de skank.
Com informações do Estadão Conteúdo

Informe: PMDB dividido para 2018

Alguns integrantes do primeiro escalão do governo Pezão (PMDB) defendem que o partido abra mão de encabeçar a disputa e encampe a candidatura de Eduardo Paes (PMDB) ao Senado

Rio - Ter ou não ter, eis a questão. Partido com mais musculatura no estado, o PMDB quebra a cabeça para decidir se terá ou não um candidato próprio ao Palácio Guanabara em 2018. Alguns integrantes do primeiro escalão do governo Pezão (PMDB) defendem que o partido abra mão de encabeçar a disputa e encampe a candidatura de Eduardo Paes (PMDB) ao Senado.
Seja como for, Paes e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), caminharão juntos. Ambos se falam diariamente via WhatsApp. Caso Cesar Maia (DEM) seja o nome para o governo estadual, já há peemedebistas que defendem que o vice seja do PP.
Reforma definida
O prefeito Marcelo Crivella bateu o martelo. Pedro Fernandes (PMDB) assumirá a Secretaria de Assistência Social, vaga desde a saída de Teresa Bergher (PSDB). A de Conservação e Meio Ambiente ficará com Jorge Felippe Neto (DEM) o atual titular, Rubens Teixeira (PRB), irá para a presidência da Comlurb. Subsecretária de Esportes, Patrícia Amorim vai para a Subsecretaria de Legado Olímpico, que ainda será criada. Já a Subsecretaria de Esportes ficará com um nome indicado pela bancada do PMDB da Câmara Municipal. Também haverá mudanças no comando de Regiões Administrativas.
Cunhado na mira
O conselho deliberativo do Sebrae-RJ decidirá dia 10 se destitui o diretor-superintendente Cesar Vasquez. Cunhado de Sérgio Cabral é casado com a irmã do ex-governador , Vasquez é acusado de irregularidades em licitação. Quem conhece o conselho diz que Vasquez entrará pelo cano.
Irados
Deputados federais do Rio estão uma fera com o Ministério da Cultura. É que a pasta esqueceu de convidar os parlamentares para o lançamento do 'Rio de Janeiro a Janeiro', que define uma agenda positiva para a cidade. Para tentar melhorar a situação, Moreira Franco convidou a turma para um encontro no Palácio Guanabara amanhã. Mas tem muita gente torcendo o nariz.
Os dois lados
Apesar da crítica de vereadores, a prefeitura crê que a privatização da Rio Luz reduzirá custos e melhorará o serviço. 

Auditores disputam vaga de Jonas Lopes no TCE

Aposentado, ex-presidente acusado de crimes receberá pelo menos R$ 30 mil.

Rio - Três auditores disputam a vaga do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e principal delator do esquema de corrupção da Corte, Jonas Lopes, aposentado ontem, como foi publicado no Diário Oficial. A presidente Marianna Montebello Willeman enviou ao governador Luiz Fernando Pezão os nomes dos conselheiros substitutos Rodrigo do Nascimento, Marcelo Maia e Andrea Siqueira Martins.
Processos contra Jonas Lopes passarão para a primeira instânciaDivulgação
Nos bastidores, deputados se movimentam para a disputa, mas o termômetro na Assembleia Legislativa, por enquanto, é o de que a conjuntura, em função dos escândalos de corrupção, favorece os auditores. E que a tese de que eles estão em estágio probatório, ou seja, com menos de dois anos de carreira, não cola.
A escolha passa pelo crivo do parlamento, que não deixa de medir que a próxima vaga pode estar a perder de vista com a aposentadoria aos 75 anos e a investigação contra os cinco conselheiros em curso.
Enquanto o novo nome não é conhecido, Lopes ganhou mais um benefício, mesmo sendo acusado de crimes como lavagem de dinheiro, organização criminosa e evasão de divisas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para cassar a aposentadoria é necessário uma ação de improbidade administrativa promovida pelo Ministério Público ou pela Procuradoria do Estado na Justiça.

“Agora, se Lopes for condenado por período igual ou maior a um ano, o Código Penal diz que o efeito secundário é a perda do cargo”, disse Sérgio Camargo, especialista em Direito Administrativo.
Em nota, a Procuradoria do Estado informou que não vai se pronunciar. Já o Ministério Público alegou que os inquéritos civis que envolvem os ex-conselheiros estão em tramitação. “E no momento oportuno, todas as medidas cabíveis serão tomadas, inclusive no que diz respeito à questão da aposentadoria do ex-presidente”, consta em um dos trechos.
Lopes vai receber no mínimo R$ 30.471,00, por mês. Como deixou de atuar como conselheiro, não responde mais pelos crimes no STJ, que passará a ação para a primeira instância.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Esquerda já traça cenário para 2018 sem Lula



A incerteza em relação ao futuro político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz com que os partidos de centro-esquerda, inclusive tradicionais aliados do PT como PC do B e PDT, já adotem estratégias para 2018 com cenários sem a participação do petista.
Se Lula for condenado em segunda instância e não puder concorrer, os antigos aliados do PT não parecem dispostos a se unir. A ideia, nesse caso, será investir na disputa “pulverizada”, com muitos candidatos do mesmo espectro político.
Parceiro histórico do PT, o PC do B, por exemplo, já se prepara para fechar outras composições eleitorais. O receio do partido é esperar Lula indefinidamente – já que a estratégia do PT consiste em levar a candidatura do ex-presidente até o último recurso jurídico – e depois ficar “a ver navios”.

“Nós já começamos a fazer consultas sobre nomes”, admitiu o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), que foi ministro nos governos comandados por Lula e por Dilma Rousseff. “Sem Lula na cédula não tem por que o PC do B apoiar o PT. Na esquerda, vai ser todo mundo igual”, emendou ele.
O PC do B abriu negociações com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, que nesta semana também conversará com a direção do PSB. Nada, porém, está fechado. Nos bastidores, tanto integrantes da oposição como aliados do presidente Michel Temer dizem que muitos lances para 2018 estão congelados, à espera da definição sobre Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
“Mas nós começamos o degelo”, disse Silva, que não exclui a possibilidade de o PC do B lançar candidato próprio à sucessão de Temer. “O desgaste com a política é tão grande que os partidos serão chamados a se posicionar. A tendência é que a eleição de 2018 seja pulverizada, como a de 1989.” Naquele ano, 22 candidatos disputaram o Planalto.
O PDT, outro aliado histórico do PT, faz os cálculos para 2018 contando que Lula será barrado pela Justiça. “É mais do que legítimo o PT manter a candidatura de Lula, mas penso que ele não será candidato”, afirma o presidente da legenda, Carlos Lupi.
O partido aposta na candidatura de Ciro independentemente de Lula ser candidato. No entanto, segundo Lupi, caso o petista fique fora da disputa, Ciro pode crescer nos redutos petistas. “É pouco provável que o PT venha a nos apoiar, por isso não muda muito para o PDT, mas, sem Lula, Ciro passa a ter um potencial de crescimento grande no Nordeste”, disse.
Com base na avaliação de que o petista será impedido, o PDT tenta entabular conversas com PC do B, PSB e com o próprio PT de olho em ampliar o leque de alianças em torno de Ciro.
Aliado do PT no passado, o PSB também se prepara para outros voos. “Precisamos pesar, porém, se a candidatura própria vai nos ajudar em relação aos palanques estaduais. A hora é de aguardar um cenário de menos incertezas. Não podemos excluir ninguém antes de falar com as forças políticas”, disse Carlos Siqueira, presidente do PSB.
O socialista disse já ter conversado com o governador Geraldo Alckmin, que deseja concorrer ao Planalto pelo PSDB. O vice, Márcio França, é da legenda e, segundo Siqueira, será candidato ao Bandeirantes, em 2018.
Ciro também está na mira do PSB, tanto que um encontro com ele foi marcado para esta semana. “Além disso, a direção do PT pediu reunião conosco e ainda vamos falar com a Marina Silva (Rede)”, contou Siqueira, para quem o quadro de 2018 se aproxima ao de 1989.
Principal adversário do PT no campo mais à esquerda, o PSOL desde o primeiro momento trabalha para ter candidatura própria, sem perspectivas de alianças, mas avalia que caso Lula não seja candidato tem chances de ampliar as alianças atraindo partidos e grupos que hoje circulam na órbita petista. O nome do PSOL hoje para 2018 é o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que ainda não definiu se aceita a empreitada.
Sem o petista na disputa, o partido espera filiar o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, e lançá-lo candidato ao Planalto. Boulos, que já admitiu em entrevistas a possibilidade de disputar eleições, faz mistério sobre o futuro. Aliados especulam que, com Lula, Boulos se candidataria a deputado federal.
Para a direção da legenda, a eventual ausência do petista pode acelerar uma reorganização da esquerda, com a deserção de setores do PT, ainda para 2018.
“Mas é claro que quanto mais tarde acontecer esta definição mais difícil fica”, disse o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros.
Marina. A Rede da ex-senadora Marina Silva, que em 2014 ameaçou a reeleição de Dilma Rousseff, diz que a possível ausência de Lula em 2018 não interfere nos planos do partido. No entanto, aliados de Marina, admitem que ela pode herdar votos do petista. “Não estamos traçando duas estratégias”, disse o coordenador nacional Bazileu Margarido. Mas o partido admite que caso Lula seja barrado o cenário eleitoral muda totalmente. “Se Lula não for candidato, todo mundo vai se mexer”, avalia Bazileu.

Maia avisa que vai decidir sobre pedidos de impeachment após 2ª denúncia contra Temer

SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que vai começar a decidir sobre os pedidos de impeachment protocolados na Casa após a apreciação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. A peça de acusação da Procuradoria-Geral da República será lida nesta segunda-feira, 25, no plenário da Câmara. Para que a ação não prossiga no Supremo Tribunal Federal (STF), Temer precisa do apoio de 172 deputados.
"Depois da segunda denúncia, eu vou começar a decidir pelos (pedidos de) impeachment", disse Maia, em entrevista gravada na sexta-feira e exibida na madrugada desta segunda-feira no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. "Acho que as duas denúncias são suficientes para tratar desse assunto, os (pedidos de) impeachment serão redundância", afirmou. Para Maia, a denúncia pode ter sua tramitação finalizada na Câmara em "três, quatro semanas".
O parlamentar avaliou que o presidente, por um lado, terá mais dificuldade para enfrentar a segunda denúncia por causa da base aliada mais enfraquecida. Na primeira acusação, a Câmara barrou o processo com o apoio de 263 deputados, em agosto. Por outro lado, segundo Maia, Temer poderá se beneficiar dos problemas verificados na delação da JBS. "Talvez uma coisa possa neutralizar a outra", afirmou Maia.
"Facada". A entrevista à TV Bandeirantes foi dada no final da semana em que Maia veio a público reclamar que estava levando "facada nas costas" do PMDB pelo assédio do partido sobre deputados do PSB que negociavam migração para o DEM. Ao Canal Livre, no entanto, o presidente da Câmara declarou lealdade a Temer, ao afirmar que não conspira contra o presidente, que não é pré-candidato à Presidência e que trabalha com a hipótese de o peemedebista concluir seu governo.
Maia voltou a afirmar que o governo tentou influenciar um "enfraquecimento" do DEM com a filiação do senador Fernando Bezerra Coelho (PE). O deputado citou a presença dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) na cerimônia de filiação de Coelho. "Se isso não é participação do governo com 3% de ótimo e bom para tentar influenciar um enfraquecimento do DEM, eu não sei o que é."
Maia disse que trouxe a situação à tona porque quer "ajudar" o governo a superar os problemas e tocar a agenda de reformas no Congresso. "O incidente está superado? Eu já coloquei o problema, só vai estar superado quando o PMDB entender que a prioridade do partido não deveria ser fortalecer o PMDB, deveria ser fortalecer o governo na situação que o governo tem hoje", afirmou o presidente da Câmara. "Eu não estou distante do governo, a agenda do governo é a minha agenda", enfatizou.
Previdência. O deputado afirmou também que não há "clima" para votar a reforma da Previdência após as denúncias contra Temer. "A gente tinha 300 votos para votar antes da delação da JBS. A gente tem voto, a gente não tem é clima." Para aprovar a proposta, o governo precisa de pelo menos 308 apoios na Câmara. Maia disse que, hoje, o número de parlamentares que votariam favoráveis à medida é de 150 a 200.
A dificuldade de Temer na reforma da Previdência, acrescentou Maia, aumenta por causa de "equívocos" na articulação durante a primeira denúncia. Ele citou a sinalização que Temer fez para a candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), à Presidência da República em detrimento do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

Seis brasileiros concentram mesma riqueza que a metade da população mais pobre

Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade realizado pela Oxfam.
O levantamento também mostrou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. E que aqueles que recebem um salário mínimo (937 reais) por mês (cerca de 23% da população brasileira) teriam que trabalhar por 19 anos para obter a mesma renda que os chamados super ricos. Os dados também apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
Segundo Katia Maia, diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, o Brasil chegou a avançar no caminho rumo à desigualdade nos últimos anos, por meio de programas sociais como o Bolsa Família, mas ainda está muito distante de ser um país que enfrenta a desigualdade como prioridade. Além disso, de acordo com ela, somente aumentar a inclusão dos mais pobres não resolve o problema. "Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo", diz. "Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base", explica.

América Latina

Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Mas para isso, Katia Maia propõe mudanças como uma reforma tributária. "França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos do que o Brasil. Mas a nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média", explica ela. "Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda, acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos". Outra coisa importante, segundo Katia Maia, é aproximar a população destes temas. "Reforma tributária é um tema tão distante e tecnocrata, que as pessoas se espantam com o assunto", diz. "A população sabe que paga muitos impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para começar a pressionar o Governo pela reforma".
A aprovação da PEC do teto de gastos, de acordo com Katia Maia, é outro ponto importante. Para ela, é uma medida que deveria ser revertida, caso o país realmente deseje avançar na redução da desigualdade. "É uma medida equivocada", diz. "Se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área". Para ela, mais do que controlar a quantidade do gasto, é preciso controlar o equilíbrio orçamentário e saber executar o gasto.
Além das questões econômicas, o cenário político também é importante neste contexto. "Estamos atravessando um momento de riscos e retrocessos", diz Katia Maia. "Os níveis de desigualdade no Brasil são inaceitáveis, mas, mais do que isso, é possível de ser mudado".

sábado, 16 de setembro de 2017

Temer e Aloysio Nunes estão reunidos no Palácio do Planalto



O presidente da República, Michel Temer, está reunido neste sábado (16), no Palácio do Planalto, com o ministro das Relaçõe Exteriores, Aloysio Nunes. Segundo a assessoria de imprensa da Presidência, a reunião é para discutir a agenda que Temer terá nos Estados Unidos, na semana que vem, onde participará da 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na próxima terça-feira (19).
Nos Estados Unidos, Michel Temer será o primeiro a discursar na Organização das Nações Unidas (ONU), seguindo a tradição da instituição de que o Brasil é o primeiro a ter palavra desde 1947, quando o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Oswaldo Aranha, foi o primeiro a presidir o encontro.
Na segunda-feira (18), o presidente brasileiro deve se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Nova York. O encontro será durante um jantar, do qual devem participar também o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, e o da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Antes de viajar para os EUA, Temer deve participar, ainda na segunda-feira pela manhã, da cerimônia de posse de Raquel Dodge como procuradora-geral da República.


Forças Armadas cogitam interromper ajuda ao Rio por atrito com a Segurança

Recentes críticas de integrantes da secretaria às tropas federais desagradaram comando, que vê 'ingratidão'; após desentendimento.


Rio - O Ministério da Defesa cogita suspender a Operação O Rio Quer Segurança e Paz devido a desentendimentos com a Secretaria de Segurança  do Rio. Recentes críticas de integrantes da Seseg à ação das tropas federais no Estado desagradaram ao comando das Forças Armadas, segundo apurou o Estado. A irritação poderia levar à paralisação ou ao fim da colaboração, que foi até objeto de campanha publicitária do governo federal em emissoras de televisão. Oficialmente, o Comando Militar do Leste afirma que o trabalho conjunto continua. A Seseg elogia o "exitoso histórico" das ações.
Forças Armadas cogitam interromper ajuda ao RioFoto: Severino Silva / Agência O Dia
A declaração que gerou mais mal estar na Defesa foi do chefe da Polícia Civil, Carlos Leba. Ele disse que as Forças Armadas estariam atrapalhando o sucesso das operações integradas, pelo modo do órgão atuar ser diferente. O secretário de Segurança, Roberto Sá, declarou que preferia ajuda financeira para a Segurança à ação das forças federais. Essa fala também foi mal recebida pelos militares. A possibilidade de encerramento da colaboração foi revelada pelo  jornal carioca "O Globo" e confirmada pelo Estado.
Com o desconforto no comando da Defesa, o ministério avalia se compensa gastar cerca de R$ 50 milhões para a permanência no Rio, além de mobilização de milhares de homens, se a secretaria estadual avalia mal o trabalho. As declarações dos chefes da Seseg também foram vistas como  "ingratidão" já que, segundo fontes de Brasília, tudo foi feito atendendo a pedido do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Militares das Forças Armadas fizeram megaoperação em conjunto com a PM e a Polícia Civil em Niterói. Moradores relataram tiroteio em comunidades durante açãoFoto: Severino Silva / Agência O Dia
Por isso, o Ministério da Defesa cogita paralisar a Força-Tarefa até que seja feito um "freio de arrumação" do plano com a Secretaria de Segurança. A medida provisória publicada no dia 4 de setembro autorizou o aporte de R$ 47 milhões de recursos para a ação, e o decreto de 28 de julho, o emprego das Forças Armadas para Garantia da Lei da Ordem no Rio.
Até agora, houve três operações integradas entre Forças Armadas e as polícias Civil e Militar do Rio. Os resultados das apreensões de armas e prisões foram considerados modestos. Não houve, por exemplo, apreensão de fuzis, embora o uso desse tipo de arma tenha se tornado corriqueiro entre criminosos do Rio, que os usam até para assaltar farmácias e bares. Há suspeita de vazamento prévio de informações para os bandidos.
Notas
Em nota oficial, o Comando Militar do Leste afirma que o Plano Nacional de Segurança está em vigor e "permanece em condições de realizar o planejamento e a coordenação de ações integradas, mediante solicitação da Secretaria de Estado de Segurança, e aguarda provimento de recursos orçamentários para o desencadeamento de novas operações".
Já a Secretaria de Segurança afirmou, também por meio de nota, que deflagrou, no último mês, três grandes operações integradas, que viabilizaram a prisão de 88 pessoas. Nelas, as polícias Civil e Militar atuaram nas comunidades no cumprimento de mandados, as Forças Armadas ficaram responsáveis pelo cerco no entorno das áreas e garantindo a ordem.
"A ação das Forças Armadas nas operações se soma a um extenso e exitoso histórico de ações integradas com a Seseg", afirmou, no texto. A secretaria informou ainda que a Força Nacional também realiza operações de combate ao roubo de cargas. "Somados ao reforço da Polícia Rodoviária Federal nas estradas, o esforço das forças de segurança impacta positivamente nos indicadores de criminalidade".
O texto prossegue com avaliação otimista dos resultados das ações integradas. "Dados parciais do mês de agosto mostram que os roubos de cargas vêm apresentando redução em 2017 desde o mês de maio. Quando consideramos os delitos pela data do fato, a redução entre maio e agosto é de 27%. Cinco delegacias distritais responderam por quase 2/3 da redução observada entre esses meses - 21ª DP (Bonsucesso), 39ª DP (Pavuna), 40ª DP (Coelho Neto), 26ª DP (Lins de Vasconcelos) e 58ª DP (Posse)", informa a nota da Seseg.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Os 12 suspeitos: quem é quem no 'quadrilhão do PMDB' apontado pela PF

Ao concluir investigação sobre a suposta organização criminosa formada por integrantes do grupo político conhecido como PMDB da Câmara, a Polícia Federal colocou Michel Temer no centro de dois organogramas no quais orbitam auxiliares diretos, ex-assessores que já foram presos e aliados de longa data do presidente.
Além de Temer, apontado no relatório como alguém que tinha poder de decisão nas ações do grupo, a PF identificou outras 11 pessoas que seriam parte do que agora está sendo chamado de "quadrilhão do PMDB".
O aumentativo "quadrilhão" é uma alusão ao tamanho e ao poder dos integrantes do grupo suspeito de, entre outros crimes, organização criminosa - quando quatro ou mais pessoas se associam para o fim específico de cometer infrações penais cujas penas máximas superem os quatro anos. 
Os investigadores dividiram os integrantes do grupo entre primeiro e segundo escalões.
"Importante frisar, antes, que tais nomes não apareceram de forma aleatória. Na verdade, diversos réus e investigados colaboradores indicam fatos relacionados aos integrantes da organização, informações obtidas justamente por fazerem parte, cada um ao seu modo, das engrenagens que mantém em funcionamento o esquema criminoso, mas integrando os seus devidos lugares nos núcleos administrativo, financeiro e empresarial", diz o relatório da PF.
São seis os apontados como integrantes do grupo político/gerencial e, nas palavras da polícia, "há outros indivíduos com participação não tão destacada, ou hierarquicamente menos relevante no grupo do 'PMDB da Câmara'". Esse segundo grupo, continua a PF, atua como "longa manus", "orbitando e executando as decisões tomadas pelo 1º escalão."
O relatório da Polícia Federal foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e deve servir de base para o procurador-geral Rodrigo Janot oferecer provável nova denúncia contra Temer.
O presidente e principais auxiliares rechaçaram todas as suspeitas levantadas pelos investigadores. Temer disse que nunca "participou nem participa de quadrilha" - em nota divulgada nesta terça pela Presidência, afirma que "facínoras roubam do país a verdade" e que "bandidos constroem versões" em busca de imunidade ou perdão de crimes.
Confira quem é quem no primeiro e segundo escalão da organização apontada pela PF, e o que dizem os suspeitos. A BBC Brasil não conseguiu contato com os representantes legais dos citados que estão presos e com alguns dos outros suspeitos.

Michel Temer, presidente do Brasil

Além de destacar "a extensa carreira política" do presidente, a PF afirma que Temer tinha "poder de decisão nas ações do grupo do PMDB da Câmara" para indicar cargos estratégicos e articular com empresários beneficiados nos supostos esquemas ilícitos. 
"E, como em toda organização criminosa, com divisão de tarefas, o presidente Michel Temer se utiliza de terceiros para executar ações sob seu controle e gerenciamento", escreveu a PF.
São atribuídos a Temer os crimes de corrupção passiva, embaraço de investigação de infração penal praticada por organização criminosa, caixa 2 eleitoral e lavagem de dinheiro. Segundo os investigadores, ele teria recebido mais de R$ 30 milhões de "vantagem".
A PF afirma que foram usados como evidências as delações do operador Lúcio Funaro e da JBS, a análise do celular do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e investigações como a que monitorou o ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures, que recebeu uma mala com R$ 500 mil da multinacional brasileira.
Em nota divulgada pela Presidência da República, Temer nega as acusações, classificando-as de "insinuações descabidas".
"O presidente tampouco fez parte de qualquer 'estrutura com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública'", diz o texto. 
Ao comentar a divulgação do relatório, a nota afirma que Temer "lamenta que insinuações descabidas, com intuito de tentar denegrir a honra e a imagem pública, sejam vazadas à imprensa antes da devida apreciação pela Justiça".
Moreira Franco diz que jamais participou "de qualquer grupo para a prática do ilícito" | Foto: Antonio Cruz/Ag. Brasil

Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência

Ex-deputado federal, o ministro ocupou a Decretaria de Aviação Civil no governo Dilma Rousseff entre 2013 e 2014. Foi nomeado por Temer como secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, cargo no qual esteve entre maio de 2016 e fevereiro de 2017, quando foi promovido a ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e passou a desfrutar de foro privilegiado.
De acordo com o relatório da PF, "há indícios de ter sido beneficiário" de um pagamento de R$ 5 milhões feito por uma construtora e que teria sido destinado a Temer. Suspeita-se que esse valor tenha sido contabilizado como caixa 2 eleitoral e refira-se a uma contrapartida dos interesses da empreiteira OAS na concessão de aeroportos, "conforme consta em relatório de análise das mensagens encontradas no celular de Eduardo Cunha".
Moreira Franco também é suspeito de ter solicitado contribuições eleitorais para o PMDB e de ter sido beneficiado com pagamentos de esquemas de propina da Caixa Econômica Federal.
O ministro nega todas as acusações e afirmou repudiar a suspeita. "Jamais participei de qualquer grupo para a prática do ilícito", disse ele, que acrescentou que vai responder "de forma conclusiva quando tiver acesso ao relatório do inquérito". 

Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara e ex-ministro do Turismo

Foi o deputado federal com maior tempo no cargo, tendo permanecido na Câmara por 44 anos, de 1971 a 2015, quando assumiu o Ministério do Turismo ainda no governo Dilma Rousseff.
Alves voltou a ocupar a mesma pasta na gestão Temer, mas acabou perdendo o cargo em junho de 2016, depois de ter o nome citado pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como beneficiário de R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014.
"Devido à sua trajetória e influência no PMDB na Câmara, por vezes dividia com Eduardo Cunha a indicação de postos importantes pleiteados pelo grupo", destaca o relatório da Polícia Federal, que aponta Alves como "figura de destaque no núcleo político investigado".
O ex-ministro foi presidente da Câmara entre fevereiro de 2013 e a fevereiro de 2015.
Ele ainda é suspeito de ser beneficiário de uma offshore sediada em Cingapura, que operava, por meio de transações ilícitas, recursos que teriam sido desviados da Caixa. A PF lista valores que se aproximam dos R$ 30 milhões como "vantagem" atribuída ao ex-deputado e usa como evidências depoimentos de três colaboradores.
Alves, que está preso desde junho de 2017, é também alvo de uma operação que investiga corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, estádio construído no Rio Grande do Norte para a Copa de 2014, realizada pela OAS. 
Preso, Geddel desce do avião escoltado pela PF: Geddel Vieira Lima foi preso pela segunda vez na semana passada | Foto: Valter Campanato/Ag. Brasil

Geddel Vieira Lima, ex-ministro

Geddel foi deputado federal por cinco mandatos, líder do PMDB em várias ocasiões e, segundo a PF, atuava em "perfeita sintonia com Eduardo Cunha".
O relatório afirma que ele "transita entre os núcleos político e administrativo do grupo investigado, tendo sido peça fundamental na organização criminosa no período em que foi vice-presidente na Caixa", cargo que ocupou entre março de 2011 e dezembro de 2013.
No governo Temer, Geddel foi nomeado ministro da Secretaria de Governo e tinha como atribuição, nas palavras da polícia, "coordenar o relacionamento do Executivo com o Congresso". Perdeu o cargo depois de pressionar o então ministro da Cultura a liberar uma obra de seu interesse em uma área protegida de Salvador.
Geddel foi preso pela segunda vez na semana passada. A polícia encontrou as digitais do ex-ministro em notas guardadas em malas e caixas de dinheiro que, somadas, ultrapassavam os R$ 51 milhões e estavam guardadas num apartamento que estaria sendo usado por ele.
Ele é suspeito de corrupção passiva e de ter cometido fraudes para liberar recursos para diferentes empresas no período que esteve na Caixa. 

Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara

Deputado federal desde 2003, foi presidente da Câmara entre fevereiro de 2015 e julho de 2016, tendo renunciado ao comando da Casa depois de ser acusado de ter recebido e administrado de forma ilegal recursos fora do país.
Para a PF, Cunha é "figura central do grupo investigado" e operador "da maior parte dos crimes praticados pela organização criminosa". No organograma da PF, ele aparece ao lado de Temer.
Além de poder de decisão, escreveram os investigadores no relatório, ele indicava pessoas para cargos estratégicos, cooptava empresários para pagamento de propinas em troca de contratos e liberação de recursos e também apresentava atos legislativos "em benefício de ações criminosas".
A polícia acredita ainda que Cunha era chefe informal do operador Lúcio Funaro, determinando quem seriam os beneficiários finais dos recursos captados sob a forma de propina pelo grupo. Diz ainda que "praticamente todos os crimes levantados levam a assinatura" do ex-deputado. 
Preso desde outubro de 2016, ele já foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo juiz federal Sergio Moro. Planilhas apreendidas com um dos delatores sugerem que ele tenha recebido mais de R$ 130 milhões. 
Eliseu Padilha: Padrilha disse que só vai se pronunciar "quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta" | Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil

Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil

Último integrante do "primeiro escalão" do grupo do PMDB investigado pela PF, o ex-deputado federal foi ministro da Aviação Civil em 2015, ainda no governo Dilma Rousseff, e comanda a Casa Civil desde que Temer chegou ao poder, em maio de 2016.
O nome de Padilha foi citado nas delações assinadas por executivos da Odebrecht como "suspeito de cobrar propinas em nome do PMDB e do presidente Michel Temer para financiar campanhas eleitorais".
Segundo a PF, baseando-se nas delações da Odebrecht e do operador Lúcio Funaro, o ministro teria recebido R$ 4 milhões em dois pagamentos. Contra ele pesa a suspeita de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa 2.
Padilha afirmou que só irá se pronunciar "quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta".
Rocha Loures é apontado como um dos homens próximos a Temer | Foto: Divulgação

Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer

Listado como o primeiro integrante do "segundo escalão" da organização criminosa, Rocha Loures foi assessor de Temer quando ele ainda ocupava a Vice-Presidência e é suspeito de atuar como preposto do presidente.
Foi filmado após receber de um executivo do grupo J&F - controlador da JBS -, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, uma mala com R$ 500 mil em São Paulo. 
Foi preso em junho e colocado em prisão domiciliar. No primeiro interrogatório à Polícia Federal, Rocha Loures preferiu ficar em silêncio. 
Após ser preso na Operação Panatenaico, ex-vice-governador do DF Tadeu Filippelli chega à superintendência da Polícia Federal: Tadeu Filippelli foi exonerado do cargo de assessor especial da Presidência em maio, depois de ser detido pela PF | Foto: José Cruz/Ag. Brasil

Tadeu Filippelli, ex-assessor de Temer

Ex-presidente do PMDB no Distrito Federal e ex-vice-governador, Filippelli teve o nome listado no organograma, mas seu papel não foi detalhado pela PF.
No relatório, os investigadores afirmam ser possível que vários assessores de Temer "tenham se envolvido em diversas ações suspeitas, possíveis crimes".
"Nessa condição aparece Tadeu Filippelli, figura conhecida do PMDB/DF", escreve a PF, assinalando que o peemedebista foi exonerado do cargo de assessor especial da Presidência em maio, após ser preso pela Polícia Federal, na Operação Panatenaico - que apura suposto esquema de corrupção e suspeita de superfaturamento na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. A prisão revogada no final de maio. 

Sandro Mabel, ex-assessor de Temer

Ex-deputado federal, Mabel também foi assessor especial do presidente.
Segundo a PF, seria uma pessoa de "confiança de Eduardo Cunha para propor emendas e medidas provisórias". Há suspeitas de que ele tenha beneficiado uma construtora e recebido pagamentos indevidos.
Antonio Andrade foi Ministro da Agricultura | Foto: Wellington Pedro/Imprensa MG

Antonio Andrade, vice-governador de Minas Gerais

Atual vice-governador de Minas, foi ministro da Agricultura no governo Dilma Rousseff, cargo que ocupou, segundo a PF, por indicação direta de Temer.
Andrade também comandou a bancada do PMDB mineiro na Câmara quando atuava como deputado federal.
Para a PF, ele tem "posição de destaque nos fatos investigados". É suspeito de ter participado da edição de atos no Ministério da Agricultura para favorecer a JBS que, em troca, teria pago R$ 7 milhões a integrantes do grupo do PMDB investigado pela PF. 

José Yunes, ex-assessor de Temer

A PF diz não ter identificado atividade partidária do suspeito, mas o identifica como amigo de longa data de Temer, que o nomeou como assessor especial.
Nas palavras dos investigadores, Yunes "foi arrastado pelo maremoto provocado pelas delações da Odebrecht". O escritório dele foi um dos endereços indicados para a entrega de R$ 10 milhões que a empreiteira diz ter dado ao PMDB.
Depois de ter o nome citado, ele foi exonerado do cargo no governo. 

Lúcio Vieira Lima, deputado-federal

Irmão de Geddel, Vieira Lima é suspeito de atuar no Congresso para favorecer interesses de grandes construtoras em troca de doações de campanha.