quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Polícia pode fazer busca sem mandado se sentir cheiro de maconha, decide STJ



polícia não precisa apresentar mandado de busca e apreensão no caso de suspeita de crime de tráfico de drogas. É o que decidiu por unanimidade a 6ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
De acordo com o relator, ministro Sebastião Reis Júnior, a dispensa do mandado nesse caso é justificada porque "o referido delito é de natureza permanente, ficando o agente em estado de flagrância enquanto não cessada a permanência". Na decisão, tomada neste mês, ele ressaltou que esse entendimento já é consolidado pelo tribunal.
O magistrado julgou um caso em São Paulo em que um homem foi abordado pela polícia na rua, informou que estava sem documentos pessoais e que iria buscá-los em casa.
Ao chegar à residência, os policiais sentiram forte cheiro de maconha e fizeram uma busca dentro do imóvel, onde apreenderam grande quantidade de drogas, incluindo maconha, crack e cocaína. A polícia afirma também que o homens demonstrava nervosismo.
A defesa, por outro lado, argumentou que não houve justificativa legal para que os policiais entrassem na casa, já que só souberam dos entorpecentes após entrarem no local.
Para Sebastião Reis Júnior, o relato dos policiais justifica a ação. Ele negou o pedido de habeas corpus para relaxar a prisão. "Tal pedido fica prejudicado, uma vez que não houve constrangimento ilegal na hipótese em análise", escreveu.
O magistrado destacou também além de não haver ilegalidade, a polícia tinha indicativos para entrar na casa
Na residência do paciente foram encontradas, ainda, diversas embalagens vazias de drogas, em como anotações e contabilidade do tráfico. Além disso, ao ser indagado por ocasião flagrante, o paciente admitiu aos policiais militares que era o "gerente" do tráfico nas ruas Flamengo e Santana do Parnaíba.

Em SP, Bolsonaro bate Alckmin e Lula em intenção de votos

São Paulo – O deputado federal Jair Bolsonaro lidera todos os cenários de intenções de voto dos eleitores do estado de São Paulo para a eleição presidencial deste ano, de acordo com o Instituto Paraná Pesquisas.
Sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro tem 23,4% das intenções de voto dos paulistas, e fica na frente até do governador do estado, Geraldo Alckmin, que tem 22,1% das intenções de voto. Marina Silva tem 12,3%, e Ciro Gomes, 6,5%.
No cenário que inclui o ex-presidente, Bolsonaro amplia a vantagem: o deputado tem 22,3%; Alckmin aparece com 20,1%; e Lula, com 19,7%.
A pesquisa mostra que, se Lula não concorrer à eleição, a maioria dos seus eleitores no estado não vai votar em ninguém. Se Fernando Haddad for o candidato, ele recebe 20,9% dos votos de Lula. Sem Haddad, a maior transferência é para Marina Silva, que receberia 22,4% dos votos de Lula.

Perfis

Nos perfis apresentados pela pesquisa, Bolsonaro tem quase 10 pontos percentuais a mais de intenção de voto entre os homens do que entre as mulheres.
Em compensação, Marina Silva tem praticamente o dobro do apoio das mulheres do que dos homens. Quando Lula aparece, ele tem uma preferência equilibrada por parte dos eleitores de ambos os sexos.
A maior parte dos apoiadores de Bolsonaro é jovem, de 16 a 24 anos. Quem tem mais de 60 anos tende a preferir Geraldo Alckmin ou ninguém.
Cenário 1:
CANDIDATOINTENÇÕES
Não sabe3,9%
Nenhum16,0%
Jair Bolsonaro23,4%
Geraldo Alckmin22,1%
Marina Silva12,3%
Ciro Gomes6,5%
Fernando Haddad6,0%
Alvaro Dias3,8%
Rodrigo Maia1,3%
Fernando Collor1,1%
Henrique Meirelles1,0%
João Amoêdo0,7%
Levy Fidelix0,7%
Manuela D’Ávila0,7%
Guilherme Boulos0,5%
Cenário 2:
CANDIDATOINTENÇÕES
Não sabe4,3%
Nenhum16,6%
Jair Bolsonaro23,5%
Geraldo Alckmin23,2%
Marina Silva13,3%
Ciro Gomes7,2%
Alvaro Dias4,0%
Fernando Collor1,5%
Rodrigo Maia1,4%
Jaques Wagner1,3%
Henrique Meirelles1,0%
Manuela D’Ávila0,8%
João Amoêdo0,7%
Levy Fidelix0,7%
Guilherme Boulos0,5%
Cenário 3:
CANDIDATOINTENÇÕES
Não sabe3,7%
Nenhum11,6%
Jair Bolsonaro22,3%
Geraldo Alckmin20,1%
Lula19,7%
Marina Silva8,8%
Ciro Gomes5,3%
Alvaro Dias3,6%
Rodrigo Maia1,1%
Henrique Meirelles1,0%
Fernando Collor0,8%
João Amoêdo0,7%
Manuela D’Ávila0,5%
Guilherme Boulos0,4%
Levy Fidelix0,4%

Quem é Rogério Galloro, novo chefe da Polícia Federal

Indicado pelo ministro da Segurança Pública Raul Jungmann (PPS) para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Rogério Galloro já esteve perto de assumir a chefia da corporação no ano passado. Ele era o mais cotado para substituir Leandro Daiello e tinha a preferência do ministro da Justiça Torquato Jardim, mas o presidente  Michel Temer (MDB)escolheu Fernando Segovia, demitido nesta terça-feira (27) depois de quase três meses no cargo.
Diretor-executivo da PF desde 2013, Galloro era o número dois da hierarquia na gestão de Daiello, que chefiou a PF de janeiro de 2011 a novembro de 2017. Com a indicação de Segovia para diretor-geral da PF, Galloro perdeu espaço e acabou assumindo a chefia da Secretaria Nacional de Justiça, que coordena políticas públicas para migrações, refugiados e classificação indicativa, por exemplo.
Quando ainda se discutia a substituição de Daiello, o nome de Rogério Galloro era o que mais agradava a categoria. Em setembro do ano passado, o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, via a indicação do então diretor-executivo com bons olhos. “A gente espera que consiga retomar o processo de fortalecimento da Polícia Federal e que a não interferência política nas nossas ações seja uma regra a ser observada”, afirmou na ocasião.
O delegado ingressou na PF em agosto de 1995 e atuou em unidades de repressão à drogas, à crimes fazendários e de inteligência policial. Com mais de 22 anos de carreira, já ocupou postos estratégicos na instituição. Entre abril de 2011 e junho de 2013 foi adido da PF nos Estados Unidos — antes, ele havia coordenado o projeto do novo passaporte brasileiro, lançado em 2006.
Galloro também foi superintendente regional em Goiás (de outubro de 2007 a janeiro/2009). O novo diretor-geral ainda coordenou as forças da Polícia Federal na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. Em janeiro, o delegado foi escolhido representante da América do Sul no Comitê Executivo da Interpol.
Segundo currículo divulgado pelo Ministério da Segurança Pública, Galloro foi professor da Academia Nacional de Polícia e tem MBA pela FGV em Gestão de Políticas de Segurança Pública e especialização pela UnB em Relações Internacionais. O novo diretor-geral também foi representante da Polícia Federal junto a ICAO (Organização de Aviação Civil Internacional) e estudou no programa de Segurança Nacional e Internacional da Harvard Kennedy School.

Troca na PF é derrota para aliados de Temer ameaçados pela Lava Jato

A troca no comando da Polícia Federal é uma derrota para o grupo mais próximo de Michel Temer, que patrocinou a escolha do agora ex-diretor da corporação Fernando Segovia em novembro do ano passado.
Alguns dos principais aliados do presidente só foram comunicados da substituição feita pelo ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) nesta segunda-feira (26), depois que a decisão já havia sido tomada e avalizada por Temer.
A mudança na cúpula da corporação, agora sob tutela de Rogério Galloro, serviu para acabar com o desgaste provocado por Segovia, além de dar força política a Jungmann no momento em que assume a chefia da pasta que representa a mais nova bandeira do governo: a segurança pública.
O ministro fez questão de avisar pessoalmente a Eliseu Padilha (Casa Civil) sobre a demissão do diretor-geral da PF.
Segundo apurou a reportagem, Jungmann disse que queria "liberdade" para colocar pessoas com quem tem mais "afinidade" no comando dos órgãos que ficaram sob sua responsabilidade.
O governo, inclusive, não descarta novas mudanças na Polícia Rodoviária Federal e no Depen (Departamento Penitenciário), que passaram da alçada do Ministério da Justiça para a Segurança Pública.
Padilha, por sua vez, não gostou da mudança na PF. Ele foi um dos principais defensores da nomeação de Segovia, assim como o ex-presidente José Sarney (MDB-AP). O objetivo, à época, era promover mudanças na condução da Operação Lava Jato, que avançava sobre o coração do Palácio do Planalto após a delação de executivos da JBS.
O chefe da Casa Civil fez seu apelo mais forte para a escolha de Segovia em setembro, horas depois de deflagrada a Operação Tesouro Perdido, que encontrou cerca de R$ 51 milhões em um apartamento na Bahia atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).
Na cúpula da PF, as articulações de Padilha foram interpretadas como se ele temesse até onde as investigações poderiam chegar. Há dois inquéritos contra o ministro em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal).
Pessoas próximas dizem que Jungmann nunca gostou de Segovia, faltou à sua posse no ano passado, e fez questão de indicar um nome de sua confiança para a PF. Esses amigos do ministro lembram que ele apoiava a nomeação de Galloro desde que Torquato Jardim (Justiça) tentou emplacá-lo no lugar de Leandro Daiello, que estava há quase sete anos no comando da corporação. Com informações da Folhapress.

Movimento de Huck fecha acordo com a Rede de Marina Silva

Rede, de Marina Silva, fechou nesta terça-feira, 27, um acordo político com o Agora!, apoiado pelo apresentador Luciano Huck. A ideia é que integrantes do movimento sejam candidatos pela legenda nas eleições de outubro.

Pelo menos cinco nomes do Agora! devem disputar cargos pela Rede, como o ex-juiz Márlon Reis, idealizador do Ficha Limpa, pré-candidato ao governo do Tocantins.

++ Alckmin diz que Huck pode ‘ajudar’ mesmo não sendo candidato

Batizada de "coligação cidadã", a aliança com o movimento foi celebrado em Brasília, e contou com a presença de Marina e do coordenador nacional do Agora!, Leandro Machado.

O acordo, no entanto, não significa apoio à candidatura de Marina à Presidência. Segundo a assessoria do movimento, após Huck anunciar que não iria disputar o Palácio do Planalto, o grupo ainda irá discutir quem apoiar.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apesar de a Rede estar conversando com outras legendas, a parceria com o Agora! é a que mais "dá gosto" ao partido, porque representa um movimento de renovação da política.

"Se tem um conjunto de movimentos que está superando o atual modelo, são movimentos como o Agora!. Essa é aliança que mais dá gosto para nós, porque é uma aliança com os atores vivos e movimentos vivos da sociedade brasileira", afirmou.

Baixas. O anúncio da aliança com o movimento aconteceuno mesmo dia que a Rede perde dois dos quatro deputados federais do partido. Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) se filiaram ao PSB nesta terça-feira.

Com as desfiliações, Marina corre o risco de ficar de fora dos debates durante a eleição. As novas regras determinam que as emissoras devem chamar para participar dos eventos candidatos de partidos que tiverem pelo menos cinco parlamentares. Se não filiar novos nomes durante a janela partidária, que começa dia 7 de março, a Rede ficará com apenas três: um senador, Randolfe Rodrigues, e dois deputados, Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS).

Apesar do revés, Marina afirmou que não é porque Molon e Aliel saíram do partido que deixam de ser bons parlamentares. "Nós os admiramos e desejamos boa sorte. A Rede tem ex-filiados, que continuam amigos, não viram nossos inimigos", disse Marina.

Outros partidos. Além da Rede, o Agora! também já assinou uma carta-compromisso com o PPS, para filiar integrantes à sigla e lançar candidatados. Integrantes do movimento também analisam se candidatar por outros partidos, como o Podemos o PSB.

O Agora! ganhou destaque nacional depois de Huck se unir ao movimento. Em janeiro, o apresentador falou sobre o grupo no Domingão de Faustão, e gerou uma avalanche de pedidos de inscrição. Por enquanto, o grupo reúne cerca de 90 pessoas.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

OAB sobre mandados coletivos: ‘não se combate crime com crime’

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anunciou, nesta terça-feira, que vai à Justiça contra a decisão do governo do presidente Michel Temer (MDB) de pedir “mandados de busca, apreensão e captura coletivos” durante a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Para a OAB, o expediente “não é previsto em lei” e contraria o Código de Processo Penal (CPP), que, na interpretação da entidade, obriga o Poder Judiciário a especificar os alvos de mandados.
“Por ser limitadora de garantias fundamentais, toda e qualquer medida cautelar jamais pode ser genérica. Caso contrário, há a violação constitucional da garantia individual de inviolabilidade do lar e intimidade – colocando sob ameaça ainda maior os direitos da parcela mais desassistida da população”, argumentaram, em nota conjunta, o presidente do Conselho Federal da Ordem, Claudio Lamachia, e o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz.
De acordo com o texto, as instâncias nacional e estadual da entidade ainda estudam quais os instrumentos legais que utilizarão para combater a proposta do governo, defendida pelo comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, durante reunião do Conselho de Defesa Nacional, e anunciada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.
A OAB chegou a classificar os mandados coletivos como “crimes”. “Não se combate o crime cometendo outros crimes, isso é incompatível com a democracia”, afirmou a entidade.
Desde sexta-feira, quando Temer decretou a intervenção e nomeou o comandante militar do Leste, general Walter Souza Braga Netto, para chefiar as áreas de segurança pública e administração penitenciária do Rio de Janeiro, se discutem outras medidas jurídicas que poderiam complementar e dar mais “segurança” para a atuação das forças de segurança.
Para o governo federal, mais de 800 comunidades cariocas vivem “regime de exceção” sob a “tirania do crime organizado”. O mandado de busca e apreensão coletivo prevê que, ao invés de uma residência específica, policiais possam vistoriar e coletar em provas em toda a rua, bairro ou área, a depender da decisão de um juiz. A lógica é evitar que criminosos se escondam em outras casas da mesma região para fugir do cumprimento do mandado.
Na entrevista em que defendeu essa possibilidade, Raul Jungmann negou que as Forças Armadas vão atuar com “carta branca” nas comunidades cariocas. Ele ressaltou que não está prevista, ao menos até o momento, a atuação dos militares com trabalho de polícia e que não se trata de uma intervenção militar, mas sim administrativa com um militar como interventor. “Na medida em que ela [a intervenção] ficou exclusivamente para a segurança, em que você já tem uma grande coordenação e participação com polícias e segurança, ela recaiu sobre um militar.”

Leia na íntegra a nota da OAB

OAB irá à Justiça contra “mandados coletivos”
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), junto com a Ordem dos Advogados do Brasil Seção Estado do Rio de Janeiro (OAB/RJ), vêm a público repudiar os “mandados coletivos” de busca e apreensão.
Tal expediente não é previsto em Lei e vai de encontro ao Código de Processo Penal, que determina especificar a quem é direcionado o mandado. Por ser limitadora de garantias fundamentais, toda e qualquer medida cautelar jamais pode ser genérica. Caso contrário, há a violação constitucional da garantia individual de inviolabilidade do lar e intimidade – colocando sob ameaça ainda maior os direitos da parcela mais desassistida da população.
O CFOAB e a OAB/RJ estudam formas legais para impedir esta grave ameaça aos direitos e garantias dos cidadãos do Rio de Janeiro, já tão prejudicados pela ação dos grupos criminosos.
Desde o anúncio da intervenção federal no Rio, na última sexta-feira, a OAB acompanha atentamente – dentro de sua missão institucional – os desdobramentos da decisão com o objetivo de evitar abusos como os “mandados coletivos”.
Não se combate o crime cometendo outros crimes. Isso é incompatível com a Democracia.
Claudio Lamachia, presidente do Conselho Federal da OAB
Felipe Santa Cruz, presidente da OAB/RJ

Comandante do Exército fala em evitar ‘nova Comissão da Verdade’

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou nesta segunda-feira durante a reunião dos Conselhos da República e de Defesa Nacional que os militares que atuarão na intervenção da segurança do Rio precisam de “garantias” para que não enfrentem “uma nova Comissão da Verdade”. A comissão, que funcionou entre 2012 e 2014, apurou as violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura de 1964, tendo como foco principal os desaparecidos políticos.
— Os militares precisam ter garantia para não enfrentar daqui a 30 anos uma nova Comissão da Verdade pelo que vamos enfrentar no Rio durante a intervenção — disse, segundo dois dos presentes.
Segundo quem estava na reunião, Villas Bôas mencionou isso ao destacar o risco de enfrentamento das tropas com as quadrilhas armadas da cidade, que pode provocar mortes. O general também solicitou recursos financeiros, equipamentos e até mesmo que o Planalto faça uma campanha publicitária em defesa da ação. O general avaliou que as Forças precisarão do apoio da população em um momento em que as autoridades públicas estão desacreditadas.
Na reunião, os dois conselhos aprovaram, por maioria dos votos, o apoio à intervenção. Os dois conselhos funcionam como órgãos consultivos do presidente da República para o caso e, por isso, não possuíam poder de vetar a medida. Entre os membros do Conselho de Defesa Nacional, a aprovação foi por unanimidade.
PETISTA VÊ FALTA DE DADOS
Já no o Conselho da República dois membros se abstiveram: os líderes da minoria no Senado e na Câmara, senador Humberto Costa (PT-PE) e deputado José Guimarães (PT-CE), opositores ao governo. Eles criticaram a medida e disseram que o governo não apresentou dados sobre a segurança no Rio.
— A deliberação, por maioria, foi de aprovar a intervenção. No entanto, não nos foram dadas as informações necessárias. Por exemplo: não nos deram dados sobre o crescimento da criminalidade no Rio, como é alegado, nem sobre resultados de ações anteriores em que foram utilizadas as Forças Armadas. Não tivemos ainda previsão de gastos e muito menos uma análise de planejamento sobre que resultado se espera a curto e médio prazo — afirmou Humberto Costa.
Participaram da reunião na manhã desta segunda, além do presidente Temer, os presidentes da Câmara e do Senado; os líderes do governo, da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; os ministros da Defesa, da Justiça, da Casa Civil, da Secretaria-Geral da Presidência, da Fazenda, do Planejamento, das Relações Exteriores, da Secretaria de Governo e do Gabinete de Segurança Institucional; os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha; além de três representantes da sociedade civil indicados para compor o Conselho da República.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Da Suécia, Crivella avisa que acompanha situação do Rio


O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que está na Europa, escreveu em sua página no Facebook que “está acompanhando a situação” do temporal que deixou três mortos no Rio, na madrugada desta quinta-feira, 15.
A mensagem foi publicada com uma foto dos secretários de Conservação e da Casa Civil, Jorge Felippe Neto e Paulo Messina, no Centro de Operações da Prefeitura, órgão do município que gerencia situações de crise.
“Caros amigos, estou acompanhando a situação. O alerta de crise para a chuva intensa foi dado e a defesa civil foi colocada em prontidão para atuar prontamente em caso de acidentes graves. Enviei os secretários Jorge Felippe Neto e Paulo Messina ao COR para coordenar as equipes. Em poucos minutos o estágio de crise será rebaixado para alerta, mas continuaremos atentos para qualquer emergência”, escreveu Crivella.
Nesta quarta-feira, 14, Crivella publicou um vídeo dizendo que está na Suécia a trabalho, e que já passou pela Alemanha, Áustria e está em Linköping (cidade no sul da Suécia) “em busca de tecnologias que possam fazer parte do sistema de segurança da Cidade do Rio de Janeiro”. “Os desafios são muitos, mas com trabalho e dedicação venceremos todos”, escreveu.

Bolsonaro articula apoio na Câmara contra isolamento

BRASÍLIA - Prestes a se filiar ao nanico PSL, o pré-candidato ao Planalto e deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tenta formar uma bancada suprapartidária no Congresso para compensar a frágil estrutura partidária que conseguiu arregimentar até o momento para a eleição deste ano. Com dificuldades de fazer coligações com siglas médias, Bolsonaro busca uma rede de apoio de parlamentares de outras legendas.

A menos de dois meses do prazo final para novas filiações, o partido pelo qual Bolsonaro deve concorrer tem apenas três deputados federais, sendo que dois deles já declararam que vão deixar a legenda com a chegada do presidenciável.
Na mais recente pesquisa Datafolha, o deputado teve 16% das intenções de voto, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (37%). As próximas consultas são vistas como decisivas pelo grupo do pré-candidato para convencer parte dos 42 deputados que participam de encontros fechados para discutir sua campanha a migrar para o PSL. Destes, 22 já declararam apoio abertamente.
A estratégia é atrair nomes que tenham ligação com as bandeiras do presidenciável, mesmo que não leve o apoio do partido com ele. Um dos integrantes da “bancada Bolsonaro” na Câmara é Alberto Fraga (DEM-DF), pré-candidato ao governo do Distrito Federal, que é próximo ao presidenciável desde o tempo em que fizeram curso na Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais, no Rio, no começo dos anos 1960.
O aliado avaliou que Bolsonaro precisa aumentar o diálogo com os colegas na Casa, pois a força das redes sociais é limitada. “Não adianta ser presidente se não tiver apoio aqui dentro”, afirmou. “Ele precisa ouvir mais os amigos deputados e menos assessores que não conhecem o processo político.”
O temor é o afastamento de aliados com votações expressivas, como o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), um dos mais próximos do pré-candidato na Câmara. Ele já avisou que vai para o Podemos, que tem o senador Álvaro Dias (PR) como aposta para o Planalto.
Evangélicos. Outro foco das investidas de Bolsonaro é a bancada evangélica, mas até agora a maioria mantém neutralidade na disputa presidencial. Os parlamentares evangélicos consideram importante para seus redutos o debate sobre segurança pública, mas viram como “radical” o discurso do pré-candidato de que distribuiria fuzis para fazendeiros. Até agora, a única certeza da bancada é de que não há diálogo com a esquerda.
Para o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), especialmente no colégio eleitoral do Rio, Bolsonaro desponta com favoritismo, o que pode ser importante para levá-lo a um segundo turno. Cavalcante afirmou, porém, que o presidenciável ainda não demonstrou disposição para conversar com dirigentes de partidos. “Ele tem feito reuniões com parlamentares, mas não partidárias. Política se faz com diálogo. Se não dialogar, ele inviabiliza a candidatura.”
Primeiro deputado a levar Bolsonaro ao Ceará, Estado que vive uma guerra de facções criminosas, o deputado Cabo Sabino (PR-CE) aposta em coligações com partidos pequenos, como PHS, PRTB, PMN, PPL e o próprio PSC, onde Bolsonaro está atualmente.
“Essas alianças garantem um tempo maior na propaganda gratuita no rádio e na TV”, disse. Sabino é cético em relação ao diálogo com outras legendas. “Como na vida militar, a política tem hierarquia. Partido grande não quer ser comandado por legenda pequena.”
Tamanho. Um dos aliados de Bolsonaro de mais projeção na Câmara, o deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) avaliou que as “pressões” das cúpulas dos grandes partidos não vão impedir a montagem de uma bancada suprapartidária. Para o parlamentar gaúcho, o “fator rua” vai definir o tamanho da bancada de Bolsonaro.
“A tendência dele é crescer, pois é popular. Esse é o drama da esquerda e da imprensa engajada”, disse. “No impeachment (de Dilma Rousseff), só tínhamos 150 votos na Câmara, mas diante da voz das ruas, esse número aumentou. Jair Bolsonaro está construindo um grupo sem balcão de negócios.”
Procurado pelo Estado, Bolsonaro não quis se manifestar.

Viagem de Crivella no Carnaval não foi oficial, diz jornal

Ao contrário do que divulgou o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), a viagem dele a Darmstadt, no estado alemão de Hessen, durante o Carnaval de 2018, não teria sido oficial. Ao jornal O Globo, o porta-voz oficial do governo de Hessen, Michael Schaich, afirmou que o estado não ficou sabendo da presença de Crivella, perdendo a oportunidade de mostrar a ele um projeto de segurança pública envolvendo o uso de drones – nas redes sociais, o prefeito do Rio disse que viajaria para buscar tecnologias sobre esse tema.
A reportagem também ouviu um funcionário da Agência Especial Europeia (ESA), indicada pelo político do PRB como destino da viagem. Segundo o profissional, Crivella provocou constrangimento na instituição ao dizer que seria oficial a visita, de “caráter puramente privado”. Da mesma fora, a ESA também não fornece tecnologia de segurança, tendo como principal meta “entender o surgimento do espaço e os buracos negros”.
Bispo licenciado da Igreja Universal, Crivella vem sendo tachado de “anticarnaval” pela animosidade com que trata a festa popular, que todo ano atrai milhares de turistas para o Rio de Janeiro. A ausência do prefeito dos desfiles das escolas de samba pelo segundo ano seguido pegou mal.
A VEJA, o vice-prefeito, Fernando MacDowell, admitiu que o prefeito deveria ter estado no sambódromo da Marquês de Sapucaí. “Eu gostaria que ele estivesse aqui, honestamente, para representar o Rio. A presença dele é importante”. A ausência de Marcelo Crivella se tornou ainda pior com a chuva intensa que atingiu a cidade na quarta-feira de cinzas.
Pelas redes sociais, o prefeito, que segue na Europa, disse estar atento à situação e enviou dois secretários, Jorge Felippe Neto (Meio Ambiente) e Paulo Messina (Casa Civil), “para coordenar as equipes”. O governador Luiz Fernando Pezão (MDB) também está ausente da cidade, passando uma semana de descanso em Piraí (RJ).
Utilizando o mesmo canal, Marcelo Crivella se defendeu de críticas e reafirmou ter viajado no Carnaval motivado pela segurança pública. “Já passamos pela Alemanha, Áustria e estamos Linköping [na Suécia] em busca de tecnologias que possam fazer parte do sistema de segurança da cidade do Rio de Janeiro”, disse, em vídeo.

Queda durante treino tira snowboarder brasileira dos Jogos Olímpicos de Inverno

A snowboarder carioca Isabel Clark está fora dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, disputados em PyeongChang, na Coreia do Sul. Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a atleta continua sentindo dores no joelho e no calcanhar direitos e não tem condições de disputar a prova de snowboard cross marcada para as 23 horas de hoje (15).
Ontem (14), Isabel caiu durante os treinos oficiais na pista de Phoenix Snow Park, em um momento em que o vento forte prejudicou várias competidoras. A atleta passou por exames que não identificaram nenhuma fratura, mas como as dores persistiam mesmo após o repouso e tratamento inicial, Isabel não conseguiu passar pelos testes que simulariam os movimentos que ela teria que executar durante a competição.
Aos 41 anos, a brasileira já tinha anunciado que esta seria sua última participação em uma Olimpíada. “Estou triste porque lutei muito para disputar esses jogos [olímpicos] durante os dois últimos meses. Mas tenho que preservar a minha integridade física e buscar me recuperar completamente”, lamentou Isabel, alegando que, apesar da forte dor no calcanhar, sente que está melhorando.
De acordo com o COB, Isabel é responsável pelo melhor resultado brasileiro em Jogos Olímpicos de Inverno – a nona colocação obtida em Turim 2006. A carioca participou também dos Jogos de Vancouver 2010 e de Sochi 2014.
Ao todo, nove atletas brasileiros estão disputando os jogos olímpicos de PyeongChang: Erick Vianna; Rafael Souza; Odirlei Pessoni; Edson Bindilatti e Edson Martins integram a equipe de bobsled (espécie de corrida de trenó sobre o gelo); Isadora Williams (patinação artística); Michel Macedo (esqui alpino); Jaqueline Mourão (esqui cross-country) e Victor Santos (esqui cross-country).

Marun diz que governo precisa da próxima semana para buscar votos que faltam para Previdência

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta quinta-feira, que o governo precisa da semana que vem para buscar os cerca de 40 votos que faltam para aprovar a reforma da Previdência ainda neste mês.
Em entrevista coletiva após se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Marun disse que, independentemente dos votos contabilizados na próxima segunda-feira, a discussão da reforma deve começar no plenário da Casa na terça-feira.
Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma da Previdência precisa dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação, antes que a matéria possa seguir para o Senado.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O que pode pesar contra e a favor de Bolsonaro na corrida presidencial

Agora que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado criminalmente em segunda instância e pode ser barrado da disputa presidencial de 2018 pela Lei da Ficha Limpa, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) desponta como principal nome a substituir o petista na liderança das intenções de voto.
Segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada na semana passada, sem Lula na corrida, o parlamentar chega a liderar com 20% das intenções de voto no primeiro turno.
Nesse novo cenário, o que pode beneficiar e prejudicar o pré-candidato? Das consequências de se candidatar por uma sigla "nanica" até o apoio de uma militância motivada principalmente nas redes sociais, veja abaixo a análise de alguns dos fatores que podem influenciar a opinião pública a oito meses das eleições em 7 de outubro.

1. Pouco tempo de TV

Bolsonaro, hoje no PSC (Partido Social Cristão), anunciou sua intenção de se filiar ao PSL (Partido Social Liberal) para concorrer à Presidência da República. Até agora, nenhum outro partido confirmou que pretende se coligar à legenda.
Conseguir apoio de outras siglas, principalmente das maiores, é importante porque a distribuição de dinheiro público para campanha e do tempo de propaganda na TV é proporcional ao tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados, observa o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
São fórmulas que dependem do número de deputados eleitos ou do número de votos obtidos na eleição anterior. E o PSL elegeu apenas dois deputados em 2014. O cálculo sobre o tempo de TV na eleição presidencial dependerá de quantos candidatos vão concorrer e com que coligações, mas, pelas regras atuais, é improvável que o partido tenha mais que 15 segundos de cada bloco de 12 minutos e meio de propaganda (serão seis blocos por semana, durante 35 dias de campanha).
"Isso pesa porque, se ele estiver bem nas pesquisas, é inevitável que sofra ataques. E o ataque massivo requer respostas. Ele não vai ter tempo de televisão nem para apresentar proposta, nem para se defender", afirma o cientista político Jairo Pimentel, pesquisador da FGV.
A variável sem resposta nesta análise é o papel que a propaganda de TV tradicional terá em uma opinião pública cada vez mais conectada às redes sociais.
Luiz Inácio Lula da Silva: Impacto da possível saída de Lula da corrida presidencial ainda é incerto | Fotos: José Cruz/Ag. Brasil

2. Menos de 1% dos recursos do fundo partidário

Quanto aos recursos disponíveis para o partido, em janeiro, por exemplo, quando foram distribuídos R$ 63 milhões do fundo partidário às legendas, o PSL recebeu apenas R$ 538 mil, menos de 1% do total. Para efeitos de comparação, os partidos que tiveram maiores repasses foram PT (R$ 8,4 milhões), PSDB (R$ 7,1 milhões) e PMDB (R$ 6,9 milhões).
Valores semelhantes devem ser distribuídos mensalmente ao longo do ano, e mais R$ 1,7 bilhão será repassado aos partidos exclusivamente para os gastos com campanha, numa divisão também proporcional ao tamanho das siglas na Câmara dos Deputados. 
O dinheiro público será o principal recurso para financiar a divulgação dos candidatos, tendo em vista que as doações de empresas estão proibidas. Já as doações de pessoas físicas estão liberadas.
Ainda não está claro, no entanto, se o forte apoio a Bolsonaro pode se reverter em contribuição financeira para a campanha, algo ainda incomum no Brasil.

3. 'Infantaria'

Além de garantir mais dinheiro, a aliança com outras legendas é essencial para ampliar a estrutura da campanha nacionalmente, reforça Monteiro. Quanto maior a coligação, a tendência é que o candidato a presidente tenha mais apoiadores nos Estados, concorrendo a cargos de governador, senador e deputado estadual e federal, pedindo votos também para ele.
"Na hora em que a campanha vai para rua, o que ganha guerra é a infantaria. É ter um candidato estadual pedindo voto para você, o cara que vai no rincão, na comunidade. São os partidos com mais estrutura nacional que, em geral, levam seus candidatos para o segundo turno", observa o professor da Uerj.
"Isso faz diferença principalmente numa campanha nacional, em um país como o nosso, de dimensões continentais", concorda a cientista política Rosemary Segurado, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Uma questão ainda sem resposta é o quanto os eleitores ainda estarão abertos à influência de políticos em um período de forte descrença na classe.

Aparelhos de televisão enfileirados: Especialistas apontam pouco tempo de propaganda eleitoral na TV como desafio para a candidatura de Bolsonaroo

4. Militância ativa

Jamil Marques, professor do departamento de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também considera a falta de capilaridade nacional do PSL um problema para Bolsonaro, mas acredita que o fato de o candidato ter uma militância mais engajada pode compensar em parte essa deficiência.
"A militância mais apaixonada tem uma papel fundamental, mas não sei se consegue suprir por completo a falta de capilaridade da campanha, porque sua atuação tende a ser menos organizada que a dos partidos", pondera.
O deputado tem viajado pelo país e comumente é recebido por grupos de simpatizantes entusiasmados em atos gravados em vídeo e posteriormente postados nas redes sociais, alavancando o impacto do apoio.
A página do deputado no Facebook na quarta-feira, por exemplo, anunciava a chegada de Bolsonaro e um de seus filhos, que também é deputado, a Cascavel, no Paraná.
Chegada ao aeroporto às 15h30, anuncia o post compartilhado por mais de mil pessoas. "Tenho certeza de que todo o oeste paraense o receberá de braços abertos!!!", diz uma internauta. "Moro na cidade do Crato, Ceará. Gostaria muito de conhecer de perto e se for possível, fazer uma selfie com meu presidente Jair Messias Bolsonaro", escreve outro. "E quando vem a Altamira, Pará?", pergunta uma terceira, mostrando a capilaridade regional que o pré-candidato tem conseguido alcançar.

5. Força nas redes sociais

Autor do livro Do Clique à Urna: Internet, Redes Sociais e Eleições no Brasil, Jamil Marques também considera que, com uma boa estratégia de comunicação, Bolsonaro pode compensar em parte a falta de tempo de TV. Além disso, nota ele, é comum que o conteúdo que circula nas redes sociais acabe repercutindo nos veículos de televisão e rádio, chegando a pessoas mais velhas ou em áreas mais remotas, cujo o uso de internet tende a ser menor.
"A equipe do Bolsonaro precisa pensar em estratégias para esses jovens de 20 anos que acessam internet e estão dispostos a repercutir sua campanha, mas também terá que criar material que chegará ao WhatsApp, aos grupos de família, atingindo pessoas de 40, 50, 60 anos", afirma.
A urna eletrônica usada nas eleições no Brasil: Distribuição do fundo eleitoral segue divisão proporcional ao tamanho das siglas na Câmara | Foto: Elza Fiúza/Ag. Brasil
A força de Bolsonaro nas redes não viria apenas de ações organizadas por sua campanha, mas de uma militância engajada em plataformas como o Facebook e o WhatsApp.
Segundo o Datafolha, o eleitor de Bolsonaro é o mais é o que mais dissemina conteúdo político nessas plataformas. Do total, 93% têm conta no WhatsApp. Entre eles, 43% disseram disseminar conteúdo ali.

6. Limites do discurso radical e do antilulismo

Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, a força de Bolsonaro vêm do seu discurso anticorrupção e de combate a violência, temas que têm despertado especial preocupação entre os brasileiros. Além disso, sua ascensão acompanha um movimento global de fortalecimento de forças conservadoras, nota Rosemary Segurado.
No entanto, o radicalismo do seu discurso tenderia a afastar o eleitor mais moderado, afirmam os cientistas políticos. Após apresentar contínuo crescimento do deputado, a última pesquisa Datafolha mostrou Bolsonaro estacionado entre 16% e 20%, a depender de que outros nomes estarão na disputa. Nos cenários sem Lula, a maioria dos votos do petista se distribui entre Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
Outra pesquisa do Datafolha, divulgada em julho passado, indicou que 10% do eleitorado brasileiro está alinhado com pensamentos de direita e outros 30% são de centro-direita.
"Me parece que ele já está chegando no seu teto, no limite desse perfil de eleitorado mais conservador. E ele tem se fortalecido num ambiente de muita polarização, colocando-se como o anti-Lula. Mas, se Lula sair da disputa, esse discurso perde fôlego", acredita a professora.
Jair Bolsonaro discute no plenário da Câmara: Em foto de 2016, Bolsonaro discute na Câmara; radicalismo de seu discurso tende a afastar eleitor mais moderado | Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil

7. Pulverização

Jairo Pimentel considera que a chance de Bolsonaro chegar ao segundo turno aumenta se a eleição ficar muito pulverizada, com vários candidatos competitivos. Isso dividiria os votos, permitindo que o deputado passasse para a etapa seguinte mesmo sem conseguir ultrapassar muito o suposto patamar que define o voto mais conservador no Brasil, em cerca de 20%, segundo as pesquisas.
Nesse caso, afirma, seu potencial de vitória dependerá, em parte, dos níveis de rejeição à sua candidatura e à de seu adversário no segundo turno. Os níveis de rejeição de Bolsonaro ficam hoje em torno de 50%.
O Datafolha mediu três cenários com Bolsonaro no segundo turno - a pesquisa indica que se a eleição fosse hoje ele perderia para Lula (49% a 32%) e Marina Silva (42% a 32%) e ficaria atrás, mas tecnicamente empatado dentro da margem de erro, com Geraldo Alckmin, provável candidato do PSDB (35% a 33%).

8. Bolsonaro paz e amor?

Um possível fator que poderia beneficiar a candidatura de Bolsonaro seria a adoção de um discurso mais moderado que, claramente, se distancie de pronunciamentos radicais sobre temas como a ditadura.
Da mesma maneira que seu apoio cresce graças as redes, é também como consequência dos "virais" que parte do público desenvolve sua rejeição ao político.
"Só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil! Começando com FHC! Não deixa ele de fora não!", diz o trecho de uma entrevista com ele, então deputado pelo antigo Partido Progressista Reformador (PPR). A gravação foi ao ar na TV Bandeirantes do Rio de Janeiro, em 1999, e viralizou na internet este ano.
"No segundo turno, o tempo de televisão é igual para os dois candidatos. Então, qual vai ser o tom adotado? Vai ser Bolsonaro paz e amor para diminuir a rejeição?", questiona Jairo Pimentel.
As consequências de uma moderação, no entanto, não estão claras, uma vez que é justamente sua postura radical em certos temas que atrai parte do eleitorado.
Bolsonaro e o presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), não atenderam aos pedidos de entrevista até a publicação desta reportagem.