quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Ex-diretor do Metrô delata fraudes em licitações e propinas de empreiteiras para campanhas do PSDB em São Paulo

© Fornecido por S.A. O Estado de São Paulo
Em delação premiada, o ex-diretor do Metrô de São PauloSérgio Corrêa Brasil revelou supostos esquemas de propinas para abastecer as campanhas do alto escalão do PSDBao governo estadual de São Paulo e também um suposto mensalão na Assembleia Legislativa para apoiar os interesses de governadores tucanos. Em uma série de depoimentos ao Ministério Público Federal, Brasil relata que as vantagens teriam beneficiado candidaturas deJosé Serra e Geraldo Alckmin e que acertos e repasses chegaram a beneficiar o atual vice-governador paulista, Rodrigo Garcia (DEM). "Estimo que cerca de cinquenta por cento (50%) daquilo que recebi foi destinado a tais pessoas", afirma, em referência a Garcia e ao deputado Arnaldo Jardim (PPS).
O delator não diz que entregou ou mandou entregar valores ilícitos em mãos de Serra e Alckmin. Mas afirma que o dinheiro seguia para as campanhas dos tucanos.
Confessa ter recebido propinas milionárias nas obras das Linhas 2-Verde, 5-Lilás e 6-Laranja, cita candidaturas de Alckmin e Serra, 'apoio' de partidos e deputados da Assembleia Legislativa do Estado e rotina de entregas de dinheiro vivo em escritórios políticos, cafés, restaurantes e shoppings.
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No âmbito da Justiça estadual, Brasil já está denunciado criminalmente por corrupção na 12.ª Vara Criminal da Capital. Na planilha de propinas da Odebrecht, ele era o 'Encostado' ou 'Brasileiro'.
Sérgio Brasil começou a negociar em junho de 2018 sua delação com a força tarefa da Lava Jatoem São Paulo. Em outubro fez diversos depoimentos. A delação foi homologada agora pela Justiça Federal.
Ele narra um alentado esquema de corrupção no Metrô que teria se iniciado em 2003 e perdurado até, pelo menos, 2014.
A colaboração de Brasil com a força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo foi homologada pelo juiz João Batista Gonçalves, da 6.ª Vara Criminal Federal.
O delator descreve ilícitos relativos às obras das linhas 2 - Verde, 5 - Lilás, e 6 - Laranja. Ainda haveria supostos esquemas na Linha 4 - Amarela, mas ele diz que, neste caso, não chegaram a render propinas. Cita, ainda, em meio à rotina de ilícitos o Tribunal de Contas do Estadode São Paulo. Apontou o nome de um ex-conselheiro, Eduardo Bittencourt de Carvalho, já réu em ação por improbidade e enriquecimento ilícito.
Brasil diz ter sido procurado, inicialmente, pelo executivo Fábio Gandolfo, da Odebrecht, para receber meio por cento dos contratos da Linha 2 - Verde, ainda em 2003.
"Fábio narrou que havia um sistema implantado de financiamento politico-partidário em favor dos partidos de sustentação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), quais sejam, PPS, PSDB, PFL e PTB. Era pago um valor mensal a cada um dos partidos, para que eles dessem sustentação as propostas e aspirações do Governo na Assembleia Legislativa."
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Entre os deputados estaduais citados pelo ex-diretor do Metrô no anexo em que fala sobre o 'mensalinho' estão Edson Aparecido (PSDB) e Campos Machado (PTB).
Sobre Campos Machado afirmou: "Tive conhecimento, por intermédio de Fábio Gandolfo, que havia internamente nos partidos políticos PTB, PFL, PSDB e PPS uma espécie de 'loteamento de arrecadação', de modo que os valores advindos do Metrô-SP seriam destinados ao PFL e ao PPS, enquanto os valores advindos da CPTM/EMTU seriam destinados ao PSDB e ao PTB. Campos Machado seria a liderança do PTB na Assembleia Legislativa. Não tive contato direto com Campos Machado."
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Ele diz ter feito repasses aos então deputados estaduais Arnaldo Jardim (PPS) e Rodrigo Garcia (DEM). Brasil diz que Rodrigo Garcia foi seu 'padrinho' político.
"Por vezes, entreguei tais valores para a assessora de Arnaldo Jardim, a qual se chamava Roxana. Acredito que, ao todo,fiz cerca de 15 ou 20 entregas de valores indevidos no escritório politico de Arnaldo Jardim, sendo que os valores entregues variavam de R$ 40 mil a R$ 60 mil e algumas vezes entreguei valores próximos a R$ 100 mil", vai contando.
"Antes de fazer as entregas, eu ligava para Roxana ou Arnaldo Jardim, a fim de informá-los que iria lá. Por vezes, eu também era cobrado por eles para fazer os repasses políticos", diz Brasil.
O delator registra que, embora as entregas fossem no escritório de Jardim, à Rua Veneza, Jardins, manteve 'contato durante o período com Rodrigo Garcia, especialmente porque fazia visitas a ele em seu gabinete, na Assembleia Legislativa de São Paulo'. "Estimo que cerca de cinquenta por cento daquilo que recebi foi destinado a tais pessoas."
Já em 2010, nas proximidades das campanhas eleitorais de Serra à Presidência e de Alckmin ao governo de São Paulo, ele relata ter recebido pedidos decorrentes de obras da Linha 5 - Lilás.
"Assim, eu era procurado rotineiramente por Silvio Ranciaro, Carlos Alberto Balotta Barros de Oliveira e João Câmara, todos do PSDB, a fim de que pudesse colaborar com a arrecadação de valores para as campanhas politicas, quando as construtoras sagraram-se vencedoras no segundo edital. Aproveitando-me do clima de euforia, solicitei a Celso , da Construtora Norberto Odebrecht, e ao Anuar Caram, da Andrade Gutierrez, que realizassem uma gestão entre as construtoras parceiras para suprir as necessidades de campanha eleitoral dos políticos José Serra, Geraldo Alckmin, José Aníbal, e Edson Aparecido."
"Não sei se essas 'contribuições' eram feitas travestidas como doações oficiais de campanha ou 'por fora'. Em minha ótica, essas 'contribuições' estavam atreladas à obra da Linha 5, Lilás, Metrô-SP, especialmente porque só foram efetivadas em razão das empreiteiras terem se sagrado vencedoras da licitação da referida obra", segue.
Já na campanha de 2014, quando Alckmin se reelegeu, Brasil diz que o então tesoureiro do ex-governador, o ex-secretário Marcos Monteiro, era o arrecadador da campanha do tucano junto a contratos do Metrô.
Ele afirma que Monteiro 'tinha como função acompanhar o processo licitatório com finalidade arrecadatória eleitoral, sem, contudo,ter qualquer vinculo institucional com o processo licitatório'.

COM A PALAVRA, JOSÉ SERRA

"O senador José Serra não é citado como beneficiário na delação e reafirma que jamais recebeu vantagens indevidas em 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação em relação aos gastos públicos."

COM A PALAVRA, GERALDO ALCKMIN

"Apesar de desconhecer o teor das declarações ora divulgadas, o ex-governador Geraldo Alckmin reitera que não houve qualquer contribuição ilegal às suas campanhas, muito menos qualquer vinculação entre doações eleitorais alegadamente efetuadas e atos ou contratos administrativos cumpridos durante o seu governo."

COM A PALAVRA, RODRIGO GARCIA

"Trata-se de uma acusação sem fundamento. Rodrigo Garcia já foi inocentado no STF por falsas acusações referentes ao metrô de São Paulo e lutará novamente contra essa injustiça."

COM A PALAVRA, O METRÔ

"O Metrô é o maior interessado na apuração de todos os fatos e, se comprovada qualquer irregularidade, apoia a punição dos envolvidos e o ressarcimento dos eventuais prejuízos dos cofres públicos."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO DANIEL CASAGRANDE, QUE DEFENDE SÉRGIO BRASIL

"Sérgio Brasil é colaborador da Justiça e está cumprindo com as obrigações que assumiu quando da assinatura de seu acordo com a Força Tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo, acordo esse, inclusive, já homologado pela Justiça Federal de São Paulo. Nesta linha, aguarda a apuração dos fatos pela Justiça e se coloca à disposição do Poder Judiciário."

COM A PALAVRA, O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

"O senhor Eduardo Bittencourt está desligado do Tribunal de Contas desde 1 de abril de 2012, portanto não possui mais vínculos com o órgão. Todas as questões acerca de supostos atos praticados estão sendo conduzidas pelo Ministério Público de São Paulo e pela Justiça.
O Tribunal de Contas desconhece o teor das supostas delações e permanece à disposição para prestar eventuais esclarecimentos."

COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

"A Andrade Gutierrez informa que apoia toda iniciativa de combate à corrupção, e que visa a esclarecer fatos ocorridos no passado. A companhia assumiu esse compromisso público em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro dos acordos de leniência firmados com o Ministério Público Federal (MPF), com a Controladoria Geral da União (CGU), com a Advocacia Geral da União (AGU) e com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
Cabe ressaltar que a empresa tem total interesse em esclarecer os fatos que abrangem as obras do metrô e já se coloca à disposição das autoridades competentes para uma colaboração ampla e irrestrita das informações de que tem conhecimento.
A Andrade Gutierrez reforça anda que incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia."

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT

"A Odebrecht tem colaborado de forma permanente e eficaz com as autoridades, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado. Hoje, a Odebrecht está inteiramente transformada. Usa as mais recomendadas normas de conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente".

COM A PALAVRA, O ADVOGADO GUILHERME CORONA, QUE DEFENDE MARCOS MONTEIRO

"O advogado Guilherme Corona, responsável pela defesa de Marcos Monteiro, informa que não teve conhecimento do teor das declarações prestadas e nem do seu contexto de modo que não irá comentá-las. Reitera que seu cliente sempre pautou sua vida pública dentro da legalidade."

COM A PALAVRA, O PSDB

"O PSDB de São Paulo desconhece os fatos narrados pelo delator/réu e reafirma que jamais recebeu recursos provenientes de desvios ou permitiu que os mesmos fossem negociados em seu nome. O PSDB reitera seu total apoio às investigações, sua confiança no ex-secretário Marcos Monteiro e a convicção de que, ao término das investigações, culpados serão punidos e a lisura do comportamento institucional será comprovada."

COM A PALAVRA, A CAMARGO CORRÊA

"A Construtora Camargo Corrêa teve papel determinante nas investigações de irregularidades envolvendo obras do metrô de São Paulo. A empresa informa que as denúncias ora investigadas são resultado direto do acordo de leniência e dos acordos de colaboração firmados, respectivamente, entre a companhia e ex-executivos com o Ministério Público do Estado de São Paulo e com o CADE."

COM A PALAVRA, O PTB

"O PTB nunca recebeu recursos ilegais ou indevidos e sempre teve suas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral. Da mesma forma, o partido desconhece as afirmações de Sérgio Brasil."

COM A PALAVRA, ARNALDO JARDIM

"Fui informado pela reportagem e nenhuma comunicação judicial recebi! De qualquer forma menciona fatos e procedimentos que desconheço e um comportamento que nunca tive!
Lamento esta irresponsável divulgação sem fundamento e averiguação!"

COM A PALAVRA, O CIDADANIA (ANTIGO PPS)

A reportagem entrou em contato com o Partido. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, LUIZ FRAYZE

A reportagem entrou em contato com a defesa de Luiz Frayze. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, JOSÉ ANIBAL

A reportagem entrou em contato com a Assessoria de José Anibal. O espaço está aberto para manifestação

COM A PALAVRA, FÁBIO GANDOLFO

"A informações trazidas agora pelo Sr. Sérgio Brasil apenas corroboram os fatos narrados anteriormente na colaboração de Fábio Gandolfo, homologada pela Justiça em fevereiro de 2017, sendo importante consignar que Fabio apenas atuou nas obras da linha 02 do Metrô até janeiro de 2007, quando foi transferido para atuar no exterior, não tendo qualquer participação em obras das linhas 05 e 06."

COM A PALAVRA, EDSON APARECIDO

A reportagem tenta contato com Edson Aparecido. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, CAMPOS MACHADO

A reportagem tenta contato com Campos Machado. O espaço está aberto para manifestação.

Manuela D'Ávila diz que depôs voluntariamente e entregou celular à PF

© Nelson Almeida/AFPA ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB), candidata à vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018, afirmou em uma rede social, nesta quinta-feira (29/8), que entregou seu telefone celular para ser periciado pela Polícia Federal, após prestar depoimento sobre qual seria sua relação com um homem preso por suspeita de ter hackeado os smartphones de várias autoridades. 
"Ontem, entreguei, voluntariamente, meu celular para a PF. Eu já havia entregue os prints de todas as conversas. Ontem, entreguei as informações do telefone para que fique comprovado a veracidade das informações que prestei voluntariamente em meu depoimento. Por que ninguém mais entregou o telefone?", escreveu em sua conta no Twitter.
D'Ávila foi citada por Walter Delgatti Neto, um dos acusados de hackear os telefones, como a pessoa que lhe forneceu o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept. Greenwald é o responsável pela divulgação de diálogos atribuídos a procuradores da Lava-Jato e ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e que resultaramnoescândalo conhecido como Vaza Jato.
No dia 26 de julho, a ex-deputada emitiu uma nota na qual confirmava ter repassado o telefone de Greenwald a uma pessoa que a procurou querendo divulgar material "para o bem do país". Ela, no entanto, disse desconhecer a identidade da pessoa e que o contato foi iniciado após o celular dela ter sido invadido (leia a íntegra da nota abaixo).
D'Ávila foi convocada, duas semanas atrás, a prestar esclarecimentos sobre o assunto pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, após requerimento apresentado por Capitão Augusto (PL-SP).

Leia a íntegra da nota divulgada por Manuela D'Ávila:

  
"Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial."

Juiz perdoa pena de 24 anos de prisão imposta a Vaccari na Lava Jato

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto© Marcelo Camargo/Agência Brasil O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto
O juiz Ronaldo Sansone Guerra, da 1ª Vara de Execuções Penais do Paraná, determinou nesta quinta-feira, 28, o indulto de uma pena de 24 anos de prisão a que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto havia sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), a segunda instância da Operação Lava Jato.
O magistrado considerou o indulto de Natal editado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em dezembro de 2017, que prevê o benefício a presos não reincidentes que tenham cumprido um quinto de suas penas. A medida foi validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2019.
No caso de Vaccari, Sansone reduziu a punição em um sexto porque o petista participou de cursos e trabalhou durante pelo menos doze meses e considerou que ele já havia cumprido 4 anos e 9 meses de prisão à época da medida assinada por Temer, o que equivale a pouco mais de um quinto da pena.
No processo que teve a punição perdoada pela Justiça, Vaccari havia sido condenado pelo ex-juiz federal Sergio Moro em primeira instância a 10 anos de prisão, elevados a 24 anos pelo TRF4 em novembro de 2017. Ele foi considerado culpado pelo crime de corrupção passiva por ter intermediado 4,5 milhões de dólares em propinas do estaleiro KeppelFels ao PT na eleição presidencial de 2010.
O ex-tesoureiro do PT está detido no Complexo Médico-Penal de Pinhais, presídio estadual na região metropolitana de Curitiba, razão pela qual é a Justiça estadual paranaense, e não a federal, a responsável pela execução penal.
Além da pena de 24 anos de prisão indultada, Vaccari acumula duas condenações do TRF4 na Lava Jato, que somam 13 anos e 4 meses de prisão. Por este motivo, o ex-tesoureiro petista continuará preso no CMP. Ele já havia sido absolvido em dois processos de segunda instância e ainda responde a quatro ações penais na primeira instância.
Por meio de nota, o advogado Luiz Flávio D’Urso, que defende João Vaccari Neto, classifica a decisão do juiz como “justa”, “face ao preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos estabelecidos nesse Decreto”.

sábado, 24 de agosto de 2019

Reino Unido, Espanha e Alemanha criticam bloqueio de acordo UE-Mercosul

Presidente da França, Emmanuel Macron, primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em reunião de cúpula do G7 em Biarritz, França - 24/08/2019© Christian Hartmann/Reuters Presidente da França, Emmanuel Macron, primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em reunião de cúpula do G7 em Biarritz, França - 24/08/2019
Reino Unido e a Espanha se juntaram à Alemanha neste sábado, 24, ao criticarem a decisão do presidente da França, Emmanuel Macron, de obstruir o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul para pressionar o Brasil contra os incêndios florestais na Amazônia.
Em uma declaração surpresa na sexta-feira 23, Macrondisse que havia decidido se opor ao tratado UE-Mercosul e acusou Jair Bolsonaro de mentir quando minimizou as preocupações com as mudanças climáticas.
Depois de desembarcar no balneário francês de Biarritz, que recebe neste final de semana a reunião de cúpula de países do G7, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, criticou a decisão, um dia depois que o escritório da chanceler alemã Angela Merkel fez o mesmo em Berlim
“Há todo tipo de pessoa que usará qualquer desculpa para interferir no comércio e frustrar os acordos comerciais, e eu não quero ver isso”, disse Johnson a repórteres.
Na sexta-feira, um porta-voz de Merkel disse que não concluir o acordo comercial com os países Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai do Mercosul “não é a resposta apropriada para o que está acontecendo no Brasil agora”.
“A não conclusão do acordo do Mercosul não ajudaria a reduzir a destruição das florestas no Brasil”, acrescentou o porta-voz.
Uma autoridade do escritório de Macron disse que o líder francês mais tarde explicou sua posição a Merkel. “É algo que o presidente explicou para a chanceler para que ela entenda a posição que ele assumiu ontem e é algo que ela entendeu muito bem”, disse.
Neste sábado, a Espanha também se juntou ao Reino Unido e à Alemanha e criticou as declarações de Macron.
“Para a Espanha, o objetivo de luta contra a mudança climática é um objetivo prioritário, mas consideramos que é justamente aplicando as cláusulas ambientais do Acordo [com o Mercosul] que mais se pode avançar, e não propondo um bloqueio de sua ratificação que isole os países do Mercosul”, informou o governo espanhol.
“A Espanha liderou o último impulso para a assinatura do Acordo UE-Mercosul, que vai abrir enormes oportunidades para ambos os blocos regionais”, declarou uma fonte do governo .
A França está na linha de frente da pressão internacional contra o Brasil pelo aumento das queimadas na Amazônia. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas tiveram um acréscimo de 82% de janeiro a agosto de 2019 ante o mesmo período do ano passado. Esta é a maior alta no índice em sete anos.
Macron convocou os líderes das sete maiores economias do mundo a discutirem as políticas ambientais brasileiras na reunião de cúpula do G7. Sua posição foi apoiada por Merkel, Johnson e pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Segundo anunciou ontem Jean-Yves Le Drian, o ministro de Relações Exteriores francês, os chefes de Estado e Governo das setes maiores economias do mundo devem se pronunciar sobre uma carta em defesa da biodiversidade para a promoção de uma ação contra a extinção de espécies e a criação de um marco mundial.
Neste sábado, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, aumentou a pressão sobre o governo de Jair Bolsonaro ao afirmar que é “difícil imaginar” um acordo entre Mercosul e União Europeia enquanto o Brasil não controlar as queimadas que avançam na Amazônia.
Ontem, a Finlândia, que atualmente detém a presidência rotativa da União Europeia, pediu que os países do bloco avaliem a possibilidade de banir a importação de carne bovina brasileira.

Forças Armadas começam a combater incêndios na Amazônia

Aeronave C-130 Hércules no combate aos focos de incêndio na Amazônia, partindo de Porto Velho (RO)© Ministério da Defesa/ReproduçãoAeronave C-130 Hércules no combate aos focos de incêndio na Amazônia, partindo de Porto Velho (RO)
As Forças Armadas começaram neste sábado, 24, a operação de combate ao crescente número de incêndios na Amazônia em meio ao clamor mundial contra o presidente Jair Bolsonaro.
A preocupação pelos incêndios na maior floresta tropical do mundo concentrou parte da atenção do primeiro dia da cúpula do G7 em Biarritz, na França, e foi um dos “pontos de convergência” encontrados pelos presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump, dos Estados Unidos, em um almoço.
Em Brasília, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, anunciou que as operações das Forças Armadas contras as queimadas começam em Rondônia, um dos sete estados dos nove que formam a Amazônia Legal e que pediram ao governo federal o envio de tropas.
A ação foi autorizada na véspera por Bolsonaro em um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autoriza as forças no combate dos incêndios por um mês.
Foram enviados vários aviões de combate a incêndios, entre eles dois Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB), à capital do Estado, Porto Velho, uma cidade de meio milhão de habitantes coberta nos últimos dias por uma camada de fumaça.