terça-feira, 30 de abril de 2019

Heleno diz que Guaidó não tem apoio do comando militar da Venezuela

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, em entrevista à imprensa nesta 3ª feira (30.abr.2019) © Sérgio Lima O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, em entrevista à imprensa nesta 3ª feira (30.abr.2019)
O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, disse nesta 3ª feira (30.abr.2019) que o apoio militar dado ao presidente autodeclarado da Venezuela, Juan Guaidó, se limitaria aos escalões mais baixos das Forças Armadas do país.

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Mais cedo, Guaidó convocou as Forças Armadas e a população para apoiar a fase final da chamada Operação Liberdade, com o objetivo de retirar Nicolás Maduro do poder.
“No início da manhã, quando se caracterizou uma antecipação do movimento que estava previsto para amanhã e acabou acontecendo hoje, não se percebeu movimentação militar. Mas foi anunciado pelo Guaidó 1 maciço apoio das Forcas Armadas. Logo depois isso foi colocado na dimensão correta, ou seja, havia 1 certo apoio das Forças Armadas, mas isso não chegava a atingir os altos escalões, ficava ali no escalão mais baixo“, disse o chefe do GSI.
A declaração foi dada após reunião convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para discutir a crise na Venezuela. Além de Heleno e o capitão reformado do Exército, participaram o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
O general disse ser “natural que Guaidó fizesse autopropaganda”. Declarou ser válida a ação “para engrossar a manifestação”.
Heleno classificou como fraco o apoio militar a Guaidó. No entanto, afirmou que ato desta 3ª foi o “mais volumoso e mais expressivo”.
“A gente tem a sensação que o lado do Guaidó é fraco militarmente, mas hoje quando ele anunciou apoio das Forças Armadas, teve 1 rastro de esperança. Na medida que o tempo vai passando e não acontecem situações que mostrem esse apoio, você começa a duvidar.”
Ele também disse que recebeu foto com “vários generais venezuelanos entorno do comandante conjunto das Forças Armadas e dando apoio a Maduro”.
O general negou, porém, que as informações recebidas pelo governo permitam avaliar a força militar de Nicolás Maduro e que a situação no país pode mudar de maneira rápida.
“Também não temos dados, essa evolução pode acontecer rapidamente, a gente não têm dados concretos de quanto tempo isso vai demorar, se vai ter alguma solução a curto prazo, se vai voltar ao que era antes, ficar naquele banho-maria”.
O ministro do GSI também comentou o fato de tanques blindados atropelarem pessoas nas ruas de Caracas em meio às manifestações desta 3ª.
“Tivemos na minha opinião 1 agravamento da situação porque lançaram uns blindados na população a pé, 1 ato até de certa covardia, mas está dentro desse contexto de instabilidade, foi uma coisa bastante violenta.”
O militar disse haver possibilidade de Guaidó ligar para Bolsonaro, mas “não pode confirmar”.
“Não vi a ligação, não vi acontecer, mas havia a informação que o presidente Guaidó ligaria para ele”, disse.

Mourão diz que ‘houve passo decisivo, sem volta’, na Venezuela

Hamilton Mourão, vice-presidente da República – 14/02/2019© Ueslei Marcelino Hamilton Mourão, vice-presidente da República – 14/02/2019
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse nesta terça-feira, 30, que a ida para as ruas de Juan Guaidó, presidente autoproclamado da Venezuela, e do líder oposicionista Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar, mostra que “houve um passo decisivo, sem volta” na situação no país vizinho. Guaidó afirma ter apoio dos militares venezuelanos para derrubar o ditador Nicolás Maduro, que, por sua vez, também diz ter respaldo das Forças Armadas
Mourão, que participa nesta tarde de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para discutir o agravamento do cenário na Venezuela, lembrou que “existem militares venezuelanos nas ruas, com braceleiras azuis, significando que estão ao lado de Guaidó”. “O temor é que eles (oposicionistas) não tenham apoio das Forças Armadas que julgam que têm e os militares possam reagir, provocando grave confronto nas ruas”, comentou.
O vice-presidente avalia que a mudança de conduta de Guaidó e Lopez significa alteração na situação política, mas observa que, caso a mobilização não dê certo e Maduro consiga resistir, os opositores serão presos e a crise tenderá a se agravar, uma vez que a Venezuela enfrenta gravíssimos problemas sociais e econômicos.
Para Mourão, é preciso aguardar as próximas horas para se saber exatamente o que poderá acontecer. Ele ressalvou que o fato de os oposicionistas terem tomado a base aérea de La Carlota, no centro da capital, Caracas, é um ponto a favor de Juan Guaidó.
Hamilton Mourão afirmou ainda que não há informações concretas sobre o paradeiro de Maduro. Como o ditador teria convocado as milícias para proteger o Palácio do Governo, Miraflores, acredita-se que a mobilização seja para protegê-lo. Mourão não descarta, contudo, a possibilidade de Maduro já ter saído do país ou estar procurando uma forma de sair.
“Seria a melhor opção”, disse o vice-presidente, citando que, até agora, Nicolás Maduro não se pronunciou, o que “poderia significar que algo mais está acontecendo”.
Sobre a reunião desta tarde, que terá a presença dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Mourão afirmou que “o presidente quer ouvir seus principais assessores e tomar pé da situação”.
Em relação à fronteira brasileira com a Venezuela, o vice-presidente declarou que a situação permanece tranquila e que todos os problemas, neste momento, estão concentrados na região de Caracas.
Desde que as movimentações começaram, os militares brasileiros estão acompanhando de perto todo o desenrolar dos acontecimentos e há uma preocupação muito grande com o que poderá vir pela frente. Não há previsão de prontidão em fronteira e os militares reiteram que não há possibilidade de o governo brasileiro intervir no país vizinho ou entrar lá, embora as tropas brasileiras estejam sempre atentas para qualquer necessidade de atuação. O que existe é um apoio do governo brasileiro e reconhecimento a Juan Guaidó como presidente, além de apoio às sanções ao país.

domingo, 28 de abril de 2019

Bolsonaro se encontra com Maia: 'Excelente, tratamos de um montão de assuntos'

O presidente Jair Bolsonaro em evento com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em Brasília© Ernesto Rodrigues/Estadão O presidente Jair Bolsonaro em evento com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em Brasília
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo, 28, que o encontro com opresidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no início da manhã de hoje foi "excelente" e durou cerca de uma hora. Questionado sobre se conversaram sobre a tramitação da Reforma da Previdência no Congresso, Bolsonaro respondeu apenas que trataram de "um montão de assuntos".
No sábado, Maia negou que tenha feito críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) quando falou da atuação deles em relação ao pai, o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista publicada pelo site Buzzfeed Brasil. Em nota, afirmou que "as informações estão totalmente fora de contexto e que a entrevista aparenta uma agressão verbal que não ocorreu".Ao Estadão/Broadcast, Maia confirmou mais cedo que a tramitação da reforma foi assunto da conversa. Bolsonaro, por sua vez, afirmou que o governo ainda está discutindo a possível transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Há uma movimentação no Congresso para que o órgão saia da competência do Ministério da Justiça e retorne à estrutura do Ministério da Economia. O ministro Sérgio Moro (Justiça) é contrário à mudança e tem feito apelos públicos para que a sua pasta não seja desidratada.
Ao Buzzfeed, Maia disse que Eduardo teria saído do "baixíssimo clero" para comandar uma política externa que "é essa loucura aí" e que estaria vivendo um "momento de deslumbramento". Carlos, por sua vez, seria "doido à vontade" mas com estratégia definida por Bolsonaro nas redes sociais.
Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada perto da hora do almoço neste domingo e foi visitar o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que mora em apartamento em um bairro de classe média alta de Brasília. Ao chegar ao local, disse que é a primeira vez que visita a casa do seu primogênito. Ele chegou acompanhado por seu filho mais novo, Jair Renan.

'Escola sem Partido'

O presidente voltou a defender a ideia da Escola sem Partido e disse que não pode existir um lado apenas nas salas de aula. "Nós queremos a escola sem partidos, ou se tiver partidos, que tenha os dois lados. Não pode é ter um lado só na escola, isso leva ao que não queremos", disse, sem dar maiores detalhes.
O presidente falou sobre o tema ao ser questionado sobre um vídeo postado em seu Twitter nesta manhã com a legenda "professor tem que ensinar e não doutrinar". O vídeo mostra uma aluna questionando uma professora sobre críticas que teriam sido feitas ao governo e ao guru bolsonarista, Olavo de Carvalho.

Doria: 'Lula está em um processo avançado de esclerose'

O governador João Doria criticou nesse domingo, 28, a entrevista concedida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos jornais Folha de S. Paulo e El País, em que disse, entre outras coisas, que o Brasil era governado por'um bando de maluco'.
"Me surpreendeu a entrevista. Nunca vi presidiário dar entrevista na prisão. É um fato inédito no Brasil. O ex-presidente e presidiário Luiz Inácio Lula da Silva parece estar em um processo avançado de esclerose", disse Doria.
O tucano falou com os jornalistas após participar da convenção estadual do DEM na Assembleia Legislativa ao lado do vice governador, Rodrigo Garcia, que foi eleito presidente da sigla no Estado.
O governador de São Paulo, João Doria© Gabriela Biló/Estadão O governador de São Paulo, João Doria
uestionado sobre uma possível candidatura presidencial em 2022, Doria foi evasivo. "Cada passo é um passo. Cada tempo é seu tempo. Agora é tempo de gestão".
Além de Doria, o prefeito Bruno Covas, o ex-ministro Gilberto Kassab e o senador José Serra também participaram da convenção. O governador também falou sobre o futuro do PSDB e defendeu a criação de um código de ética "duro" para o partido.
Doria também defendeu que o PSDB adote uma postura mais liberal na economia. "Nossa defesa é que o PSDB seja um partido liberal. Nem de esquerda, nem direita. Mas de centro".
Convenção estadual do DEM que elegeu Rodrigo Garcia como presidente da sigla no Estado.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Comissão prossegue com impeachment de Crivella

O prefeito Marcelo Crivella em visita à Clínica da Família Dr. Rodolpho Perissé, no Vidigal, zona sul do Rio © Tomaz Silva O prefeito Marcelo Crivella em visita à Clínica da Família Dr. Rodolpho Perissé, no Vidigal, zona sul do Rio
A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro decidiu, nesta 6ª feira (26.abr.2019), continuar com o processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella, do PRB.
No cargo desde 2017, Crivella é acusado de cometer irregularidades em contratos de publicidade em pontos de ônibus e relógios nas ruas. O prejuízo estimado foi de R$ 8 milhões.
A Comissão que avalia a destituição de Crivella é composta por 3 vereadores. A decisão pela tramitação do processo foi de 2 votos a favor e 1 contra. Votaram a favor da instauração o relator, Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos), e William Coelho (MDB).
“Pode-se afirmar que a denúncia não é inepta, com apresentação concatenada e lógica de fatos, anexados documentos que tentam provar supostas irregularidades. São fatos que podem representar a violação de lei”, afirmou Luiz Carlos Ramos.
O único voto contra o processo foi do vereador Paulo Messina (Pros). Messina foi secretário da Casa Civil do governo Crivella. Ele reassumiu o posto na Câmara em 2 de abril, justamente para defender o mandato do chefe do Executivo carioca.
“Vão ser 2, 3 meses de investigação e de desgaste político quando nosso instrumento de investigação é uma CPI. Acho ruim”, disse Messina.

PRÓXIMOS PASSOS

Agora, o processo de impeachment passará por duas fases de depoimentos, uma contra e outra a favor, incluindo o de Crivella.
Após a colheita dos testemunhos, o relatório seguirá para plenário para votação. São necessários 2/3 dos votos para a aprovação. Caso isso ocorra, Crivella é afastado até a votação do impeachment. Ao contrário, o processo é arquivado e o prefeito segue no cargo.
Se Crivella sofrer o impeachment, quem deve assumir o comando da prefeitura do Rio deve ser o atual presidente da Câmara Municipal, Jorge Felippe (MDB), uma vez que o vice-prefeito, Fernando Mac Dowell (ex-PR), morreu em maio de 2018, aos 72 anos, vítima de infarto.
Próximas datas:
  • 10 de maio – serão ouvidas as testemunhas de acusação;
  • 13 de maio – é a vez das testemunhas de defesa.

ENTENDA

A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aceitou em 2 de abril 1 novo pedido de impeachment contra Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Foram 35 votos a favor da abertura e 14 contrários. Foi o 2º pedido aberto contra o chefe do Executivo municipal em menos de uma semana.
O documento (eis a íntegra) havia sido protocolado na tarde em 1º de abril pelo fiscal da Secretaria de Fazenda da Prefeitura do Rio, Fernando Lyra Reis.
No pedido, Fernando afirmou que desde o início do mandato o atual prefeito “tem agido de forma totalmente negligente com relação a diversos alertas sobre ilegalidades cometidas”.
O fiscal diz que Crivella usou o site da Prefeitura para promoção pessoal e cometeu crime de responsabilidade ao renovar contratos mobiliários urbanos de divulgação em outdoorse banners.
(com informações da Agência Brasil)

Ninguém segura esse garoto

© Divulgação
É de menino que se torce o pepino, versavam nossos avós quando um filho desrespeitava os pais. Ou se dava um corretivo nele ainda criancinha ou ele cresceria fazendo coisas erradas. Carlos Bolsonaro, o filho do meio do presidente, está mostrando que cresceu sem freios. Nos últimos dias, ele deflagrou uma nova crise envolvendo militares do governo, especialmente o general e vice-presidente, Hamilton Mourão, para quem o rebento apontou as baterias. Com Carluxo embebido em fúria, nem o próprio pai consegue pará-lo. O “02” parece incontrolável, fazendo de suas redes sociais uma metralhadora giratória contra o número 2 do País. O presidente Jair Bolsonaro até tentou falar com o garoto, como ele mesmo se refere ao vereador no Rio, para que ele cessasse a artilharia. Afinal, além de Mourão, as críticas incomodavam também os generais do Alto Comando. Mas Carlos submergiu. Ficou quatro dias sem atender ligações. Aquartelado num clube de tiro em Santa Catarina, local onde passou o feriadão de Páscoa, Carlos passou esse tempo todo incomunicável e de lá disparou oito mensagens no twitter contra Mourão, com ataques pesados, insinuando que ele trama para derrubar o pai. O presidente tentou contato com filho também para que ele lhe devolvesse a senha de seu twitter pessoal, mas o jovem se recusou a ceder aos seus apelos. Desde a campanha, e principalmente agora nos primeiros três meses de governo, Carlos é quem opera o twitter do pai e faz postagens em nome dele. Em razão do clima de guerra, o presidente desejava retomar o controle. O filho, no entanto, como um garoto mimado, insiste em manter o poder que lhe resta. Ninguém consegue segurar esse rapaz.
No íntimo, o que Carlos Bolsonaro quer é apear Mourão do governo. Tenta repetir o jogo rasteiro praticado contra o ex-ministro Gustavo Bebianno. Depois de chamá-lo de mentiroso, fez a cabeça do pai e forçou-o a demitir o ex-integrante do primeiro escalão. Só que, neste caso, há uma diferença crucial: Mourão foi eleito. É, portanto, indemissível. Além disso, os militares estão com ele. E bem irritados com Carluxo.
As teses conspiratórias contra Mourão ganharam força por meio de análises do filósofo Olavo de Carvalho, para quem o general se empenha em enfraquecer Jair Bolsonaro na tentativa de tomar seu lugar. Carlos comprou a tese. Em mensagens na internet, ele se refere ao vice como “esse tal Mourão” e aponta iniciativas que o colocam em rota de colisão com o pai. Os ataques do garoto começaram após a postagem de um vídeo de Olavo de Carvalho, no sábado de Aleluia, em que ele fustigava os militares no poder. Carvalho disse que a última contribuição das escolas militares foram as obras de Euclides da Cunha. “Os militares só fizeram cagada ao entregarem o país aos comunistas”, bateu o filósofo. Tomando as dores da corporação, Mourão disse que Olavo deveria se limitar a “astrólogo”, desencadeando a batalha que levou Carlos para a trincheira de frente.
Desrespeitou o pai
A fala de Olavo foi compartilhada no Youtube de Bolsonaro ainda no sábado e replicado no Twitter de Carlos. A gravação até foi retirada do ar, mas o estrago já estava feito. Virou um salseiro no meio militar, com alguns generais entendendo que o presidente estava respaldando as críticas do filósofo, responsável pela formulação política dos Bolsonaros. Para contornar o princípio de incêndio nas casernas, o porta-voz do presidente, o general Otávio Rêgo Barros, precisou fazer na terça-feira 23 um pronunciamento dizendo que o presidente desejava colocar um ponto final na polêmica e que não concordava com as críticas de Olavo. Não foi suficiente para Carlos sossegar. Pelo contrário, continuou a centrar fogo contra Mourão, como se desautorizasse o próprio pai.
Na quarta-feira 24, Carlos voltou a provocar o vice, lembrando que o general havia dito que o ex-deputado Jean Wyllys não deveria deixar o Brasil, pois o governo teria como defendê-lo. Carlos considerou que se tratava de uma postura desleal, pois Wyllys era desafeto do pai. Depois de dizer que a vice-presidência “caiu no colo de Mourão, algo que jamais plantou”, Carlos considerou “estranhíssimo seu alinhamento com políticos que detestam o presidente”. As críticas de Carluxo, que alçam o vice a traidor, revoltaram o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Um dos principais conselheiros de Bolsonaro, Heleno chegou a dizer ao presidente que o comportamento beligerante do rebento ameaçava a governabilidade. Bolsonaro, que não costuma gostar de interferências na relação com a família, aquiesceu. Falta apenas o “02” parar de ser uma fonte inesgotável de problemas. Ou seja, falta tudo.
Ataques do “02” ao “2” do país
“Caiu no colo de Mourão algo que jamais plantou. Estranhíssimo seu alinhamento com políticos que detestam o Presidente”
“Vice contraria ministros e agenda que elegeu Bolsonaro presidente. Vamos acabar com essa controvérsia e entender qual é a do tal Mourão”
“Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização”
“Lembro que não estou reclamando do vice só agora e tals…são apenas informações!”

Senadores pedem explicações sobre banquete do Supremo

© Carlos Moura / SCO / STF
Integrantes do Senado querem explicações do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o processo licitatório para contratação de empresa especializada em serviços de fornecimento de “refeições institucionais” revelado por IstoÉ nesta sexta-feira. A licitação prevê a contratação de um buffet para a realização de almoços e jantares com artigos de alta gastronomia, como medalhão de lagosta e vinhos com pelo menos quatro premiações internacionais.
O requerimento com pedidos de explicações ao Supremo foi impetrado nesta sexta-feira (26) pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO). O documento será subscrito por outros 21 parlamentares na segunda-feira, segundo Kajuru. Entre os senadores que se comprometeram a também pedir explicações ao STF sobre a licitação está líder do PSL no Senado, Major Olímpio, as senadoras Soraya Thronicke (PSL-MS), Selma Arruda (PSL-MT), Leila Barros (PSB-DF) e os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP); Esperidião Amin (PP-SC), o senador José Antonio Reguffe (sem partido-DF) e o ex-candidato à presidência da República, Álvaro Dias (Podemos-PR).
O senador Jorge Kajuru classificou o processo licitatório do Supremo como “surreal”. “É surreal. Você comprar lagosta, camarão, vinhos, não tem cabimento. No momento em que o país está se aprovar um gasto desses, é uma palhaçada”, disse Kajuru à IstoÉ nesta sexta-feira.
Além disso, esses senadores acreditam que a revelação de IstoÉ dará ainda mais força para que o Senado institua uma investigação sobre os tribunais superiores, que já foram negadas duas vezes. A expectativa é que um novo requerimento de instalação da CPI Lava Toga seja apresentado ainda em maio.
De acordo com a concorrência do STF, devem ser gastos até R$ 1,1 milhão na farra gastronômica. Entre os itens exigidos pelo Supremo, estão medalhões de lagosta com molho de manteiga queimada, bobó de camarão, camarão à baiana, bacalhau à Gomes de Sá, arroz de pato, pato assado com molho de laranja, galinha d’Angola assada, vitela assada, codornas, carré de cordeiro, medalhões de filé, tournedos de filé com molho de mostarda, pimenta, castanha de caju com gengibre, entre outros.
Ainda na lista de compras do STF, estão previstos vinhos de seis uvas de variedades diferentes: Tannat, Assemblage, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Nos casos dos Tannat, Assemblage e Cabernet Sauvignon, o vinho precisa ser obrigatoriamente de safra igual ou posterior a 2010. Outras características singulares determinadas no edital: todos os vinhos precisam ter pelo menos quatro premiações internacionais. No caso do Tannat ou Assemblage, o STF exige que tenham sido envelhecidos em “barril de carvalho francês, americano ou ambos, de primeiro uso”. A licitação prevê que as “bebidas deverão ser perfeitamente harmonizadas com os alimentos”.
Em nota oficial, o Supremo justificou os gastos alegando que atende a características de outro certame realizado pelo Ministério das Relações Exteriores, cujas especificidades e demandas são completamente distintas do Supremo Tribunal Federal. “O edital da licitação do serviço de refeições institucionais em elaboração pelo STF reproduz as especificações e características de contrato semelhante firmado pelo Ministério das Relações Exteriores (que faz o cerimonial da Presidência da República) já analisado e validado pelo Tribunal de Contas da União, mas com redução de escopo: dos 21 itens contratados pelo ministério, 15 são objeto da licitação do STF”, justificou o Supremo.
Ainda para o STF, “o contrato prevê que o STF pagará apenas pelo que for efetivamente demandado e consumido, tendo o valor global do contrato como um teto”. A concorrência já foi alvo de duas impugnações. Ambas negadas. Nos questionamentos, empresários criticaram a especificidade dos itens alegando que poucas microempresas teriam condições técnicas de atendê-las.
Não é a primeira vez que uma licitação gastronômica causa polêmica. Em 2013, uma licitação para aquisição de itens para a residência oficial do Senado, na época comandado por Renan Calheiros (MDB-AL), foi suspensa em virtude de vários luxos solicitados pelo emedebista. Na lista de compras, havia itens como camarões e a projeção de consumo de 1,7 toneladas de proteína (peixe, carnes ou aves) em um período de seis meses. O preço inicial da licitação era R$ 98 mil; mas após as denúncias, o Senado refez o certame e os gastos supérfluos caíram pela metade.

Carlos é ‘doido’ e ‘radical’ e Eduardo Bolsonaro é ‘deslumbrado’, diz Maia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversa com jornalista após encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes – 05/02/2019© Fátima Meira/Futura Press O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversa com jornalista após encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes – 05/02/2019
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse em entrevista ao site BuzzFeed, publicada nesta sexta-feira, 26, ter “convicção” de que o presidente Jair Bolsonaro está por trás dos arroubos digitais de seu filho Carlos Bolsonaro (PSC), classificado por Maia como “doido” e “radical”. Nos últimos dias, Carlos tem usado seu perfil no Twitter para fazer sucessivos ataques ao vice-presidente, Hamilton Mourão, acusando-o de conspirar para tomar o lugar do pai.
“Ninguém fica preocupado com Carlos, todo mundo tem convicção de que o Bolsonaro é que comanda isso. E eu não acredito, e ninguém acredita mais, que é o Carlos que comanda esse jogo”, disse Maia, que atua como um dos principais articuladores da reforma da Previdência na Câmara.
O deputado lembrou o polêmico tuíte com cenas pornográficas publicado na conta do próprio Jair Bolsonaro durante o Carnaval e o atribuiu a Carlos, que tem livre acesso às contas do presidente nas redes sociais. “Alguém coloca aquilo do golden shower sem o pai ver? O filho pode ser doido à vontade, mas num negócio daquela loucura só com autorização do dono da conta”, disse Rodrigo Maia.
Sobre o impacto dos ataques de Carlos Bolsonaro a Mourão no governo, Maia disse que “não atrapalha muito, não” e que “para quem está aqui perto, todo mundo sabe que é uma briga idiota”. Ele ponderou, no entanto, que entre investidores pode haver reflexos negativos. “Quem vai investir no país e vê o filho do presidente batendo no vice questiona isso. Acho que pode gerar insegurança em alguns atores que estão mais distantes”, afirmou.
Questionado sobre se imaginava que um vereador do Rio de Janeiro, como Carlos, poderia criar crises de amplitude nacional, Rodrigo Maia se limitou a responder que “o filho do presidente é um radical”.
O presidente da Câmara ainda comentou o fato de Jair Bolsonaro ter estimulado a candidatura de Carlos à Câmara Municipal do Rio em 2000, quando o vereador tinha apenas 17 anos, em uma eleição na qual teve como candidata a própria mãe, Rogéria Nantes.
“O Bolsonaro colocou o filho com 17 anos para disputar contra a própria mãe desse filho. Ele derrotou a mãe para vereador. Isso deve ser normal na cabeça de um ser humano? Derrotar uma mãe com 17 anos? Isso deve ter gerado muito problema na cabeça do Carlos. A informação que eu tenho, apenas de ouvir falar, é que eles ficaram sete anos sem se falar, ele e o pai”, afirmou Maia.
Ele ainda questionou o fato de o presidente atribuir sua vitória eleitoral em 2018 à atuação de Carlos Bolsonaro nas redes sociais. Bolsonaro diz com frequência que o filho deveria ser ministro e foi o responsável por ter virado presidente. “O que influenciou muito a eleição foi a facada que quase o matou. Se Bolsonaro achar que foi a internet que elegeu ele…”, avaliou.
Rodrigo Maia também comentou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que tem influência no Ministério das Relações Exteriores comandado pelo chanceler Ernesto Araújo. Maia classifica a política externa do governo Bolsonaro como “loucura” e afirma que Eduardo “não era nada, era um deputado do baixíssimo clero” da Câmara e agora está deslumbrado com o poder.
“Ele não era nada, era um deputado do baixíssimo clero, o pai vira presidente, ele passa a ser chamado pela equipe do Trump, pela equipe de não sei o quê… Um pouquinho de vaidade é um direito, não é? Não vamos exagerar também, achar que ele não pode ter um momento de deslumbramento. Quem é que nunca teve? Quando eu ganhei minha primeira eleição para presidente da Câmara eu também tive. Todo mundo tem, mas com o tempo você vai vendo que isso ai tudo é passageiro”, disse. “Não foram eles que fizeram o ministro [Ernesto Araújo]? Eles que comandam o ministro, a agenda deles é a mesma, essa loucura aí…”, completou.
A respeito da influência de Olavo de Carvalho na chamada “ala ideológica” do governo, Rodrigo Maia disse entender que vê “influência demais” do guru na agenda do presidente, mas que “ele [Olavo] vai perder relevância”.
Questionado se a ala militar do governo ganharia com a diminuição da influência do escritor radicado nos EUA, Maia respondeu que “os militares ganham e o governo ganha na relação com a política, porque sai esse ambiente de radicalismo e de grosseria desse cara [Olavo] e do entorno dele”.

Reforma da Previdência

Na entrevista, Rodrigo Maia avaliou que a articulação política do governo pela reforma da Previdência “melhorou muito” depois que, nas palavras de Maia, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, antes “meio acanhado”, “compreendeu que se ele não fizer articulação ele vai cair”. “Ele está começando a mudar. Estou dizendo. O Onyx está conversando mais, estive com o Onyx três dias seguidos. Ele dizendo que quer construir junto, construir o processo eleitoral de 2020 junto com todo mundo. E isso vai acalmando todo mundo”, declarou.
O presidente da Câmara classificou o líder do governo na Casa, o novato Major Vitor Hugo (PSL-GO), como “muito fraquinho” e que sua atuação “dá dó”. “[Vitor Hugo] Faz a antipolítica achando que o Bolsonaro vai ficar feliz porque ele está fazendo a antipolítica. E ao mesmo tempo ele quer ser articulador político, o que cria uma confusão na cabeça das pessoas”, avaliou.
Maia disse ainda que “não dá para dizer quantos votos” a reforma tem hoje no plenário da Câmara, mas que “está longe” dos 308 necessários. Questionado sobre se a proposta, em tramitação em uma comissão especial que terá quarenta sessões para analisá-la, será aprovada ainda no primeiro semestre, o deputado respondeu que “parece que está apertado”. “Mas são só duas semanas de recesso, tanto faz metade de julho ou início de agosto… Isso não é o mais importante, o mais importante é aprovar. Um mês, um mês e meio a mais ou a menos não vai tirar pedaço de ninguém”, afirmou.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Bolsonaro quer R$ 800 bi como economia mínima da Previdência

Questionado sobre a economia da reforma da Previdência em 19 anos, Bolsonaro fala em R$ 880 bi –bem abaixo da previsão do Ministério da Economia© Sérgio Lima Questionado sobre a economia da reforma da Previdência em 19 anos, Bolsonaro fala em R$ 880 bi –bem abaixo da previsão do Ministério da Economia
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta 5ª feira (25.abr.2019 que o governo trabalha com uma economia mínima de R$ 800 bilhões da reforma da Previdência nos próximos 10 anos.
“Previsão mínima, né? R$ 800 bi, mas quem decide é o parlamento”, disse a jornalistas após almoçar no Palácio do Planalto.
Também na 5ª feira, o Ministério da Economia divulgou uma nova previsão de economia em 10 anos: R$ 1,24 trilhão. O valor, no entanto, não considera a possível retirada de pontos da reforma durante a tramitação no Congresso Nacional. Mudanças como a no BPC (Beneficio de Prestação Continuada) e na aposentadoria rural são as principais insatisfações na Câmara dos Deputados.

Almoço no bandejão

Bolsonaro almoçou pela 1ª vez  nesta 5ª no restaurante do Palácio do Planalto. Conhecido como bandejão, o estabelecimento é mantido pelo Sesi (Serviço Social da Indústria).
Acompanharam Bolsonaro os ministros Augusto Heleno (Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
“Comida excelente, padrão do exército”, disse o presidente sobre a refeição. De acordo com Bento Albuquerque, a comida foi paga pelo ajudante de ordens da Presidência, Major Cid.

Bolsonaro sugere que Mourão atua como presidente paralelo

© Foto: Marcos Correa/Presidência da República
O fogo amigo continua alto no Palácio do Planalto. Embora o presidente Jair Bolsonaro peça mais sintonia e menos ruído na equipe, nos bastidores ele também critica o vice Hamilton Mourão. Pouco antes de a nova ofensiva contra Mourão vir à tona, o próprio presidente fez reparos à atuação do general, durante um voo de Brasília para o Rio, em conversa com senadores e um deputado. A impressão de passageiros daquela comitiva foi a de que, para Bolsonaro, Mourão se movimenta como uma espécie de presidente paralelo, mais interessado em holofotes.
A viagem ocorreu no último dia 11, após a cerimônia para comemorar cem dias de governo. O Estado ouviu três parlamentares que estavam no voo e, sob a condição de anonimato, todos confirmaram o incômodo do presidente com o vice. Naquele dia, Bolsonaro foi ao Rio para assistir a uma palestra do pastor John Hagee e participar de um almoço do Conselho de Ministros Evangélicos do Brasil.
Descontraído, acima das nuvens, Bolsonaro apresentou ali vários problemas com o vice que, nove dias depois, apareceram nas redes sociais do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Ele não gostou, por exemplo, de Mourão ter aceitado fazer palestra no Wilson Center, nos EUA, no dia 9, após receber um convite dizendo que os primeiros cem dias do governo foram marcados por uma “paralisia política”. A convocação também elogiava o vice, tratado como “uma voz de razão e moderação, capaz de orientar a direção em assuntos nacionais e internacionais”.
No “voo da queimação”, como ficou conhecida aquela viagem entre os passageiros, Bolsonaro lembrou que havia convidado o general em cima da hora para ser seu vice, no ano passado, porque tinha certeza de que o então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, queria a vaga. A convicção vinha do fato de que todo político chamado na campanha para fazer dobradinha com ele era “fuzilado” no outro dia pelos jornais. Bolsonaro concluiu, então, que Bebianno detonava todos os candidatos a vice e agia como um “traidor” para ocupar o posto.
Nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Bebianno foi demitido em fevereiro, após uma queda de braço justamente com Carlos, o filho “zero dois”, que hoje direciona sua artilharia contra Mourão. Os ataques foram puxados pelo escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, que no sábado publicou um vídeo com ruidosas críticas aos militares. Ao se referir à ala fardada do governo, Olavo disse que “cabelo pintado e voz empostada” são a herança das escolas dirigidas por “milicos”. O vídeo chegou a ser postado no canal de Bolsonaro no YouTube, mas depois foi apagado. Irônico, o vice respondeu que Olavo “deve se limitar à função que desempenha bem, a de astrólogo”.
União
No bate-papo durante a viagem de pouco mais de uma hora ao Rio, após deixar a cerimônia na qual Mourão estava a seu lado, Bolsonaro disse ter certeza de que muitos no governo agem para afastá-lo de seus filhos. Assegurou, no entanto, que ninguém conseguirá separá-lo de Carlos, do deputado Eduardo (PSL-SP) e do senador Flávio (PSL-RJ). Em entrevista ao Estado, nesta quarta-feira, Eduardo afirmou que Mourão tem causado ruído no Planalto por causa de suas declarações polêmicas.
Na prática, Olavo de Carvalho e os filhos de Bolsonaro avaliam que o vice está em campanha e quer o lugar dele. No Twitter, nesta quarta-feira, Carlos voltou a dirigir farpas a Mourão. “Vice contraria ministros e agenda que elegeu Bolsonaro presidente”, escreveu ele. Antes, o vereador já havia considerado “estranhíssimo” o alinhamento do vice com “políticos que detestam o presidente”, citando a defesa que Mourão fez do ex-deputado Jean Wyllys.
“Esse tipo de comunicação por redes sociais não contribui em nada”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), um dos que estavam no voo com Bolsonaro. “O governo tem muito dever de casa a fazer para ficar administrando esse tipo de confronto.” Além de Sóstenes, participaram da comitiva o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), os senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Zequinha Marinho (PSC-PA) e Vanderlan Cardoso (PP-GO), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e Pastor Everaldo, que comanda o PSC. O pastor se sentou ao lado de Bolsonaro no avião.
Mourão disse a interlocutores que considera “absurda e descabida” a desconfiança sobre ele. “Estou aqui para ajudar. Não sou desleal”, reagiu o vice, negando que suas ações tenham no horizonte a disputa para as eleições de 2022. “Isso não existe. Não vou me candidatar. Há muito envenenamento nessa história.”
O Planalto não quis comentar as críticas feitas por Bolsonaro na viagem do dia 11 ao Rio. Na tentativa de mostrar que não há atrito entre os dois, o presidente convidou Mourão para descer com ele, nesta quarta-feira, 24, a rampa interna da sede do governo e pôs a mão em seu ombro. “Estamos juntos”, disse.
Generais próximos de Bolsonaro tentam pôr panos quentes na crise, mas, a portas fechadas, admitem que Carlos está “incontrolável”.

terça-feira, 23 de abril de 2019

‘É mais perigoso do que divertido zombar do Mourão’, diz general Sérgio Etchegoyen

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Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Temer, avaliou a presença das Forças Armadas no governo Bolsonaro e comentou que conhece bem o vice-presidente Hamilton Mourão. Ele foi entrevistado no programa Conversa com Bial, da TV Globo, nessa segunda-feira (22/4).
“É mais perigoso do que divertido zombar do Mourão. O Mourão junta dois atributos importantes: é estudioso e inteligente. O Mourão conhece as coisas que ele fala”, disse.
O general também creditou a vitória de Bolsonaro à oposição aos políticos tradicionais. “O Brasil poderia ter candidatos melhores, claro. Mas quem conseguiu chegar com a proposta de afastar o PT do governo foi o Bolsonaro”, disse.