domingo, 23 de dezembro de 2018

Ministério Público do Rio investigará suposto nepotismo de Crivella

Crivella nomeou filho para secretaria da Casa Civil em fevereiro de 2017 © Fernando Frazão Crivella nomeou filho para secretaria da Casa Civil em fevereiro de 2017
O MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) abriu investigação para apurar supostos atos de improbidade administrativa cometidos pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella.
Em fevereiro de 2017, Crivella nomeou seu filho, Marcelo Hodge Crivella, para 1 cargo na secretaria da Casa Civil do Munícipio do Rio de Janeiro.
A investigação foi aberta, segundo o MP, após Crivella viabilizar que seu filho, Marcelo Hodge Crivella, atuasse como gerente de recursos humanos na Prefeitura e interferisse nas escolhas do Poder Executivo Municipal.
O MP alega que Marcelo auxiliou o pai na escolha do novo secretário de Cultura do município, inclusive realizando entrevistas com os candidatos ao cargo, agindo como um gestor de recursos humanos, de forma aparentemente clandestina.
A atuação irregular, caso confirmada no contexto da investigação, viola o princípio da moralidade administrativa, regra descrita na Súmula Vinculante nº 13 do STF (Supremo Tribunal Federal).
O ato gerou 3 reclamações no STF. Em uma delas, o pedido do advogado de Victor Travancas para afastar Marcelo do cargo foi acolhido pelo relator do processo, o ministro Marco Aurélio Mello.
O entendimento do ministro é que “que a nomeação afrontou decisão da Corte, que impede o nepotismo na administração pública”.

Outro lado

Crivella afirmou que o MP não pode ter uma atuação baseada em notas de jornal.
Sei que o Ministério Público quer reconstruir sua imagem, daquele período do Cabral [ex-governador do Rio, preso na Lava Jato], do Eduardo Cunha, em que o povo do Rio de Janeiro cobrava providências e só o Ministério Público Federal tomou medidas. Mas não é assim que vai recuperar sua imagem. Todos queremos um Ministério Público altivo, ousado. Mas não pode ser o Ministério Público das notinhas de jornal.
(Com informações da Agência Brasil)

Sérgio Cabral estaria negociando delação, diz jornal

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral© Fabio Motta/Estadão O ex-governador do Rio Sérgio Cabral
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (MDB) está negociando uma delação premiada, segundo informações do jornal O Globo publicadas neste domingo, 23Cabral já foi condenado oito vezes e soma 197 anos e 11 meses de reclusão por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação de criminosa.
O jornal informa que Cabral teria dado uma procuração para que seu novo advogado, João Bernardo Kappen, organize uma colaboração premiada com o Ministério Público Federal do Rio e com a Procuradoria-Geral da República. As conversas com os responsáveis pela Operação Lava Jato no Rio já teriam iniciado. 
O ex-governador comandou o Rio de Janeiro de 2007 a 2014 e pode oferecer informações sobre as negociações envolvendo a organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas em 2016 na capital fluminense. O jornal diz ainda que integrantes do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) podem estar nas delações.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Após briga, PSL desiste de presidência da Câmara e embaralha disputa

Às vésperas da reunião da bancada do PSL com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, parlamentares consideram superada a briga envolvendo a deputada Joice Hasselmann(PSL-SP) e focam em conversas sobre divisão de comissões e pautas na Câmara. Segundo maior partido na Casa, atrás apenas do PT, a sigla elegeu 52 representantes em outubro.
"Os ânimos estão acalmados. A expectativa é de um bom alinhamento de todos", afirmou ao HuffPost Brasil a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) sobre o encontro marcado para esta quarta-feira (12). A escolha do deputado Delegado Waldir (PSL-GO) para liderança da bancada é um fator que ajudou a desenhar a articulação nos bastidores. Ele vai desistir de disputar a presidência da Casa, a pedido do presidente eleito.
O objetivo é garantir a governabilidade. "Se [o PSL] lançar [candidato próprio], tem 60 votos no máximo, Aí entorna o caldo de vez com todos demais partidos. Já há um blocão para extirpar o PSL da Mesa Diretora. Se lançar candidatura, não vai para lugar nenhum. O Congresso não aceita o partido do presidente ter a presidência da Câmara", afirmou à reportagem o deputado Capitão Augusto (PR-SP), que tenta ganhar os votos do PSL.
O ex-deputado e senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) tem atuado pelo capitão. Na última semana, a bancada do PR anunciou que fará parte de base do governo Bolsonaro. Há, no entanto, integrantes no grupo com interlocução com o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), que irá disputar a reeleição.
Além do representante da bancada da bala, entre os nomes de preferência do PSL para o comando da Casa estão também os de João Campos (PRB-GO), Alceu Moreira (MDB-RS) e JHC (PSB-AL). A ideia é apoiar informalmente um nome que tenha alguma experiência no Congresso, mas não seja considerado um político tradicional.
Dos preferidos do PSL, é possível que Campos, representante da bancada evangélica, deixe a disputa em função de uma articulação entre o presidente do PRB, Marcos Pereira, e Rodrigo Maia, para garantir espaço de destaque ao PRB nos postos de comando da Casa.

PSL não irá apoiar Rodrigo Maia

Cresce dentro do PSL a aversão a apoiar a reeleição do democrata. "A princípio, não vai haver apoio para o Maia. Precisamos deixar claro e friso com veemência que a voz das ruas deixou transparente a vontade de ter uma nova política", afirmou Zambelli. "Apesar de ele [Maia] reunir característica positivas, representa a velha política pelo sobrenome, pela atuação", completou.
Deputado federal desde 1999, o democrata é filho de Cesar Maia, prefeito do Rio de Janeiro que permaneceu mais tempo no cargo: 12 anos.
Outro fator que conta contra Maia, dentro do partido de Bolsonaro, é seu trânsito com a esquerda. O deputado chegou à presidência da Câmara graças ao apoio de parlamentares do PT e PCdoB, em troca de segurar algumas pautas conservadoras. Por outro lado, o democrata também faz afagos à bancada religiosa.
Filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também trabalha nessa direção. De acordo com reportagem do Globo, o parlamentar tem atuado nos bastidores contra o presidente da Câmara. A exposição da conversa revelou uma série de desentendimentos da bancada, envolvendo Eduardo, Major Olímpio e Hasselmann.
Após dias de trocas de acusações nas redes sociais, deputados do PSL consideram o episódio uma evidência do isolamento de Hasselmann e não uma divisão. "É uma questão de uma pessoa com todos. Acho que agora todos estão imbuídos no objetivo de deixar o ambiente bom para ela, depois que ela pediu desculpas", disse Zambelli.
Em seu perfil no Twitter, a deputada campeã de votos em São Paulo, voltou a comentar polêmicas nesta segunda-feira (10). Ela rebateu acusações de ter criticado Bolsonaro em 2014.
Gente, um bando de bobocas está “levantando” minhas críticas antigas ao Bolsonaro. Bando de abutres. Eu SIM critiquei @jairbolsonaro em 2014 e foi justamente isso que nos aproximou. Conheci esse homem, fui a primeira jornalista a ficar ao lado dele.
2.308 pessoas estão falando sobre isso

PSL alinha cargos e pauta na Câmara

Na reunião da bancada na quarta, serão alinhados os interesses de cada um em compor as comissões temáticas. A movimentação de se retirar da disputa pela presidência da Câmara pode ajudar o PSL a conquistar o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), principal colegiado da Casa, além de cargos na Mesa Diretora.
O recuo é uma resposta à articulação do blocão formado para isolar o partido de Bolsonaro. O grupo inclui PP, PR, PSD, MDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB, PSDB, Solidariedade, PPS, PV, PSC, PHS e PTB. Juntos, correspondem a cerca de 60% dos deputados.
Outro objetivo da bancada do PSL,que conta com apenas 3 deputados reeleitos, é alinhar as pautas prioritárias. Os deputados se reúnem com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (11). Quanto a temas ligados à moralidade, como Escola sem Partido, há divergências.
Enquanto deputados como Alexandre Frota (PSL-SP) querem endurecer o texto do projeto de lei, se a proposta não for aprovada neste ano, Zambelli acredita que a criminalização do professor não deve ser incluída. "Já está suficiente. Tem que ir pouco a pouco. Não está com maturidade para fazer isso [criminalizar]. Tem que só cobrar para que o que está na Constituição seja cumprido", defende a deputada.
Previsto para ser votado na comissão especial nesta terça, o PL da Escola sem Partido visa a limitar o debate no ambiente escolar. O texto proíbe, entre outros pontos, discussões sobre questões de gênero na sala de aula.

PF queria prisão domiciliar a Aécio, Paulinho e Cristiane; PGR negou

A operação Ross, que cumpre nesta terça (11) mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), à irmã dele, Andréa Neves, ao deputado Paulinho da Força (SD-SP) e a empresas que teriam emitido notas frias investiga suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS para o tucano e seu grupo de 2014 a 2017.
Nesse valor estão pagamentos suspeitos de terem servido para comprar apoio político para Aécio na eleição presidencial de 2014, envolvendo partidos como o Solidariedade e o PTB, uma "mesada" de R$ 50 mil mensais paga ao tucano pela JBS por meio da rádio Arco Íris, de propriedade da família dele, e a aquisição superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, supostamente a pedido do senador.
Em troca da propina, segundo as investigações, Aécio interveio junto ao governo de Minas para viabilizar a restituição de créditos de ICMS de empresas do grupo J&F, que controla a JBS.
O relator do inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) é o ministro Marco Aurélio, que determinou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na última terça (4).
As investigações foram abertas no ano passado depois que o empresário Joesley Batista e outros ex-executivos do grupo J&F fecharam acordo de delação premiada. As suspeitas apontam para os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Inicialmente, a Polícia Federal pediu ao Supremo medidas mais duras e em relação a mais pessoas, mas a PGR (Procuradoria-Geral da República) discordou da necessidade delas.
A PF queria a imposição de medidas cautelares -recolhimento noturno, proibição de manter contato com outros investigados e proibição de sair do país- a Aécio e três deputados: Paulinho da Força, Benito Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
A PF também requereu a prisão temporária de cinco suspeitos de participar do esquema, entre eles o publicitário Paulo Vasconcelos do Rosário Neto e representantes das empresas que teriam emitido as notas frias, além de busca e apreensão na casa dos senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN).
A PGR, por sua vez, sustentou que não havia elementos para impor medidas cautelares a Aécio e aos três deputados, mas concordou com a prisão temporária de alguns suspeitos que não são políticos, como o publicitário Paulo Vasconcelos.
Por fim, a PGR também pediu autorização para realizar busca e apreensão em endereços de Aécio e Andréa Neves, do primo deles Frederico Pacheco de Medeiros, do publicitário Paulo Vasconcelos, das empresas Data World Pesquisa e Consultoria, PVR Propaganda e Marketing, entre vários outros, mas excluiu do pedido os senadores Anastasia e Agripino Maia.
O ministro Marco Aurélio negou as prisões temporárias e autorizou as buscas nos termos do requerimento da PGR. Os políticos que não foram alvo dos mandados continuam, porém, sob investigação.
"O quadro revelado [...] demonstra a existência de indícios de relação ilícita entre o investigado Aécio Neves e o Grupo J&F, entre os anos de 2014 a 2017, caracterizada pelo alegado recebimento de quantias em dinheiro, pelo senador ou em seu favor, mediante mecanismos características da lavagem de capitais, via empresas e pessoas identificadas na investigação em curso", escreveu Marco Aurélio da decisão do dia 4.
"Há mais: ficaram demonstrados indicativos da atuação do parlamentar, nessa qualidade, como contrapartida aos benefícios financeiros", anotou o ministro. A contrapartida seria a interferência no governo de Minas para restituir ao grupo J&F créditos de ICMS, o principal imposto estadual.OUTRO LADO
O defensor de Aécio, Alberto Toron, afirmou em nota que o tucano "sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados".
"O inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração. A correta e isenta investigação vai apontar a verdade e a legalidade das doações feitas", afirmou. Com informações da Folhapress.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Trabalho no governo Bolsonaro terá funções divididas entre outros 3 ministérios, diz Onyx

O governo de Jair Bolsonaro irá dividir as atribuições do atual Ministério do Trabalho entre as pastas de Justiça, Economia e o Ministério da Cidadania, afirmou nesta segunda-feira o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), em entrevista à rádio Gaúcha.
O ministro confirmou que, como havia pedido Bolsonaro, o Ministério do Trabalho, criado em 1930 -primeiro ano de governo de Getúlio Vargas- vai ser extinto e suas secretarias espalhadas por outras áreas de governo.
"Uma parte vai ficar com o ministro (Sérgio) Moro, que é aquela parte de concessão de carta sindical, a parte mais visível e que por inúmeras vezes a imprensa brasileira registrou os problemas que ocorriam ali naquela pasta de desvios, de problemas graves de corrupção", disse Onyx.
"A outra parte, aquela que trata de políticas ligadas a emprego, vai ficar uma parte dela na Economia e a outra parte vai ficar na Cidadania."
Questionado sobre onde ficaria a fiscalização de condições de trabalho, como o combate ao trabalho escravo, Onyx disse acreditar que deve ir também para a Justiça, mas que não lembrava exatamente.
Há duas semanas, Onyx já havia informado sobre a decisão do governo em dividir as atribuições do Trabalho. Na época, a intenção era que uma parte ficasse com o novo Ministério da Cidadania e a outra, com uma Pasta da Produção, mas o futuro governo desistiu de criá-la.
"A produção acabou ficando no Ministério da Economia, até para poder fazer a retomada de emprego e renda e ele (Paulo Guedes) ter sob seu comando essas duas pontas. Ele tem o Planejamento, tem a Receita, a Fazenda, precisa uma parte do seu ministério ter atuação mais direta na geração de emprego e renda", explicou.
Onyx disse ainda que o governo terá 20 ministérios "funcionais", incluindo Direitos Humanos, e dois que deverão perder o status nos próximos meses, Banco Central e Advocacia-Geral da União.
"Quando vier a independência (do BC) ele automaticamente deixa de ter o status de ministério, e o segundo é a AGU, que pretendemos fazer um ajuste constitucional, através de uma emenda, e quando isso estiver definido não haverá necessidade nenhuma de status de ministério", contou.
O ministro confirmou ainda que a pastora evangélica Damares Alves, assessora parlamentar do senador Magno Malta (PR-ES), deve ser confirmada essa semana como ministra dos Direitos Humanos.
"Ela é, vamos dizer assim, mais provável que seja confirmada ao longo da semana. Quem confirma sempre, e essa disciplina mantenho, é o presidente", disse Onyx.

Cansei de levar bola nas costas, diz Moro sobre ida para o Executivo

O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, disse nesta segunda-feira (3) em Madri que trocou a magistratura pelo Executivo porque estava "cansado de tomar bola nas costas". Ele usou a expressão para caracterizar o que seria um alcance limitado de suas sentenças enquanto juiz.
Para Moro, só o trabalho de procuradores, policiais e juízes não basta para enfrentar a corrupção. É preciso alistar outros atores, outros Poderes.
"Como gostamos de futebol, temos no Brasil uma expressão segundo a qual alguém diz estar cansado de levar bola nas costas", afirmou à plateia de um seminário promovido pela Fundação Internacional para a Liberdade, presidida pelo Nobel de Literatura peruano Mario Vargas Llosa, que mediou a mesa. "Meu trabalho no Judiciário era relevante, mas tudo aquilo poderia se perder se não impulsionasse reformas maiores, que eu não poderia fazer como juiz."   
Ele acrescentou: "Durante estes quatro anos [de atuação na Lava Jato], me perguntei se não tinha ido longe demais na aplicação da lei, se o sistema político não iria revidar. Esse caso ia chegar ao fim, e era preciso que gerasse mudanças institucionais. Me senti tentado pela possibilidade de fazer algo mais significativo, não pela posição de poder".
Moro deveria dividir os holofotes com Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, mas o colega de mesa cancelou sua participação de última hora por motivos de saúde.
Na abertura do encontro, o ex-magistrado foi apresentado por Vargas Llosa como um "juiz desconhecido que, com grande coragem e conhecimento das leis brasileiras, iniciou uma campanha eficiente de combate à corrupção respaldada pela população".
O escritor também lembrou que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), é frequentemente apresentado pela imprensa europeia como "líder de extrema direita, inimigo das conquistas democráticas e liberais, em suma, um fascista".
Vargas Llosa disse não crer que 55 milhões de brasileiros tenham virado fascistas. "Então, não acredito nessas etiquetas", completou, sob risos de parte da plateia.
Moro aproveitou a deixa para defender o futuro chefe e "esclarecer equívocos" relacionados à imagem dele no exterior e a seus planos.
"Não vislumbro no presidente traço de autoritarismo", disse. "O próprio reiteradamente afirmou seu compromisso com a democracia e com o Estado de Direito. Era o principal candidato opositor [Fernando Haddad] que, a rigor, tinha propostas de controle social da imprensa e do Judiciário."
Segundo o futuro titular da Justiça, mesmo sob fortes críticas, Bolsonaro reafirmou seu compromisso com a liberdade de imprensa. Moro omitiu os reiterados ataques e ameaças do então candidato a diversos veículos.
O convidado disse ainda que jamais aceitaria ameaças a minorias e que "declarações infelizes" do presidente eleito não se traduziriam em políticas públicas discriminatórias.
"Há intenção de endurecimento, não contra a democracia, mas contra a grande corrupção, o crime organizado e o violento, que a afetam", insistiu.
Ao longo de quase uma hora, o ex-juiz fez uma longa explanação sobre a corrupção no Brasil e sobre uma cultura de impunidade que teria sido rompida a partir do julgamento do mensalão pelo Supremo, que começou em 2012.
Lembrou a certa altura as acusações de que suas decisões no âmbito da Lava Jato teriam tido viés político: "É natural que as investigações tenham recaído mais acentuadamente sobre o partido governista na época, porque ele detinha mais poder. É como criticar o Watergate [escândalo que levou em 1974 à renúncia do presidente dos EUA Richard Nixon, republicano] porque não foram encontradas provas contra democratas".
Quando Vargas Llosa perguntou a ele sobre as chances de aprovar no Congresso as tais reformas amplas que ele tem em mente, Moro disse que a renovação expressiva das fileiras parlamentares, aliada à suposta opção de Bolsonaro por um gabinete de perfil técnico, era um indicativo de uma mudança qualitativa na relação entre os Poderes.
Ele não detalhou em nenhum momento a natureza das "reformas amplas" e também pouco falou sobre seus planos para a segurança pública, rubrica que ficará sob seu guarda-chuva.
Mais perto do fim do encontro, alguém no público perguntou sobre o status de "juiz estrela, que usa a mídia para fazer avançar seus processos".
"Não fui ávido pelo microfone", respondeu Moro. "[A prática de levantar o sigilo dos autos e de permitir a filmagem de interrogatórios] Foi uma questão de abertura ao direito à informação. As pessoas têm o direito de saber o que fazem os governantes, mesmo quando cometem crimes, e o que fazem os tribunais quando se deparam com eles."
O futuro ministro voltou a rechaçar o elo entre a condenação do ex-presidente Lula, a eleição de seu principal oponente na fase pré-eleitoral e a nomeação dele para o ministério de Bolsonaro. "Ninguém antevia que ele seria eleito. Não tem nada a ver uma coisa com a outra." Com informações da Folhapress.

Chefe do GSI diz que Bolsonaro sofreu novas ameaças

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, disse nesta segunda-feira, 3, que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, sofreu novas ameaças nos últimos 15 dias. Contudo, ele não citou a origem das ameaças.
"Eu posso te falar até 15 dias atrás. Houve, houve novas ameaças (contra o presidente eleito)", afirmou Etchegoyen após a cerimônia no Palácio do Planalto que celebrou os 80 Anos do Gabinete de Segurança Institucional.
De acordo com o ministro, ainda não há a definição se o presidente eleito irá ou não desfilar em carro aberto no dia da posse. Etchegoyen afirmou que as condições ainda estão sendo analisadas com a equipe de transição.
“A decisão será do presidente. Eu presidiria tudo com cautela. Nesse momento, eu tenho que me atualizar, porque passei fora duas semanas, mas eu recomendaria que todas as medidas tomadas fossem presididas por cautela”, disse.
Desde o ataque a Bolsonaro em setembro, a equipe de inteligência do governo monitora intensamente as ameaças ao presidente eleito. Durante a campanha, o futuro ministro do GSI, general Augusto Heleno, afirmou que havia ameças concretas de novos ataques contra Bolsonaro.
Na última quarta-feira, 28, um dos filhos do presidente eleito, o vereador Carlos Bolsonaro afirmou através das redes sociais que a morte do pai “não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto”. Bolsonaro também comentou a fala do filho, mas não citou a quem interessaria.
Efetivo. Segundo Etchegoyen, "certamente, a segurança do presidente eleito, na nova administração exigirá cuidados mais intensos e mais precisos" e isso, na sua avaliação, "poderá terá, como consequência", o aumento do efetivo do GSI.
"A segurança do presidente eleito exige mais cuidado? Certamente exige. Nós temos um presidente que sofreu um atentado, que vem sofrendo agressões frequentes, basta ver mídias sociais", declarou Etchegoyen ao informar que a atual coordenação de segurança de Bolsonaro e a equipe de transição estão em contato com a equipe do Planalto, "negociando as condições" para o trabalho, no dia da posse.
O ministro destacou, no entanto, que "a segurança sempre assessora" sugerindo as condições que consideram mais seguras, mas "a decisão será sempre do presidente da República". Em seguida, sugeriu que "todas as medidas tomadas sejam presididas por cautela".
As declarações do general Etchegoyen foram dadas após cerimônia de comemoração dos 80 anos do GSI. O general Heleno, sucessor de Etchegoyen, também estava presente e foi elogiado pelo atual ministro. Após reconhecer que o presidente Michel Temer o ouve muito e não só a ele, mas a todos os seus principais assessores, o ministro destacou que esse é "um grande atributo".
Depois de salientar que o general Heleno é "uma referência" para os militares, emendou: “tenho certeza que presidente Bolsonaro terá o melhor assessor para todos os assuntos”. Questionado se recomendava que Bolsonaro ouvisse Heleno, respondeu: "não me cabe recomendar nada para o presidente eleito, mas a forma como presidente Temer atuou, ouvindo a todos, foi muito bom e ajuda na governança".
Etchegoyen declarou também que Bolsonaro já tem um chefe da sua coordenação de segurança para o GSI nomeado, que é o general Luiz Fernando Baganha - nome já revelado pelo Estado que assume o cargo em janeiro. Essa coordenação, explicou, irá dar garantias, não só a Bolsonaro e à sua família, mas também ao vice-presidente, Hamilton Mourão, e seus filhos.
"A segurança do presidente eleito, na nova administração, certamente exigirá cuidados", ressaltou. Ao falar das cautelas que precisam ser tomadas em relação a um presidente que já sofreu atentado, Etchegoyen listou que "são medidas objetivas de segurança e indiretas, como a circulação do entorno, os locais a visitar".
Lembrou ainda que, ao assumir determinados cargos, principalmente o de presidente da República, "se perde a liberdade". Ele não quis comentar, por exemplo, a decisão de Bolsonaro de viajar do Rio para São Paulo, em voo comercial, para assistir ao jogo do Palmeira e entregar a taça, em campo, ao campeão brasileiro.
Sobre as atribuições da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que é subordinada ao GSI, o general Etchegoyen defendeu "continuidade" no trabalho que está sendo desenvolvido lá. "Defendo que seja mantida na maneira como está. A atual direção geral que assumiu nos últimos dois anos vem fazendo um belíssimo trabalho. Mas a decisão é do presidente eleito", declarou o ministro. "Mas eu acho que a continuidade, pelo menos por mais um pequeno período que seja, consolidará os avanços particularmente na área de gestão que eles alcançaram", comentou.

"Vou entrar no circuito", disse Pezão no grampo da Lava Jato

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), caiu no grampo da Operação Lava Jato. Pezão, preso na quinta-feira, 29, foi flagrado em conversa telefônica em julho deste ano, dizendo que entraria 'no circuito' após o ex-governador Sérgio Cabral(MDB), seu antecessor e padrinho político, preso desde novembro de 2016, ter sido mandado para a solitária. A transferência para o isolamento foi requisitada por um promotor que fazia inspeção na cela em que Cabral cumpre pena - o ex-governador já está condenado a penas que somam 183 anos de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro.
O alvo da interceptação telefônica era Pezão. Às 11h43 de 24 de julho, o governador do Rio falou com um interlocutor identificado por 'Ricardo', que lhe contou que estava 'saindo lá de Bangu 8'.
"O MP fez uma visita lá e fez uma indelicadeza muito grande com Cabral e até acho que fisicamente forçaram ele jogar ele numa cela lá rapaz", relatou Ricardo.
"É mesmo?", perguntou Pezão.
"É o Edson pediu mim tentar falar contigo ou com Marco Antonio", disse o interlocutor.
Foto: Reprodução/MPF
Ricardo narrou a Pezão que Sérgio Cabral 'foi pro enfrentamento com o Ministério Público, aí o Ministério Público, os Promotores que estão aí chamaram polícia'. O interlocutor relatou ao governador do Rio que 'a cela que botaram ele não tem nada, lugar horrível'.
Pezão quis, então, saber. "Mas porque que o Ministério Público fez isso, você sabe por quê?"
"Porque eles estão fazendo vistoria, eles fazem visita né, tipo uma vistoria, né, uma rotina inclusive deles", respondeu Ricardo.
O interlocutor prosseguiu o relato. "E o Sérgio se recusou a fazer porque ele alegou que ele não é preso é detento, e não ia ficar naquela posição, questionou a equipe que tava lá do Ministério Público e ficou aquele questionamento, né, aí eles usaram da autoridade e.."
"Mas a Polícia levou ele pra outro lugar?", perguntou Pezão.
"Aí levou ele pra outra cela aqui em Bangu oito mesmo", afirmou Ricardo.
"Puta que pariu!", disse o governador.
Em seguida, Pezão pergunta. "O que é que posso, o que você acha que posso fazer aí, o que dá pra gente fazer?"
"Ô governador acho que talvez falar com o Diretor aqui vê se, assim", respondeu Ricardo.
"Tá", afirmou Pezão.
"Assim que acabar a visita, reconduz ele pra sala normal, entendeu, ou...ou, dar condições de acomodar ele pra onde ele foi, porque é local fisicamente não tem nada, é uma sala até que tava em desuso", disse o interlocutor.
"Tá bom. Eu vou ver aqui", respondeu o governador. "Vou entrar no circuito, tá bom."
Na petição em que pediu a prisão de Pezão, a procuradora-geral da República Raquel Dodge afirma que 'as atuais ligações de Pezão com a organização criminosa segue ativa ainda hoje como se infere da ligação interceptada, que, contemporaneamente, desfruta de vínculos com o condenado e associado Sérgio Cabral'.
Pezão foi vice-governador de Sérgio Cabral entre 2007 e 2014. Assumiu a chefia do Executivo fluminense com a renúncia de seu antecessor, em 3 de abril de 2014. Pezão foi também Secretário Estadual de Obras do Governo Cabral entre 1 de janeiro de 2007 e 13 de setembro de 2011.
Para a procuradora-geral, Pezão 'assumiu a liderança da organização criminosa com a prisão de Sérgio Cabral'.
"Continua a ordenar atos de corrupção e de lavagem de dinheiro público, o que demonstra a necessidade da prisão preventiva para garantia da ordem pública ante as evidências de que a prática criminosa segue ativa no governo do Estado do Rio de Janeiro", afirmou Raquel.
"Tem-se um cenário criminoso liderado por Luiz Fernando de Souza (Pezão), que governa o importante Estado do Rio de Janeiro. Seus associados ocupam função pública de destaque ou dirigem empresas que recebem recursos públicos, que estão sendo corrompidos, desviados e lavados de modo criminoso, numa pilhagem que pode a se intensificar nos meses finais de sua gestão."
COM A PALAVRA, PEZÃO
A reportagem está tentando contato com a defesa do governador do Rio de Janeiro, Pezão. O espaço está aberto para manifestação.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Bolsonaro diz que seu governo deve ter mais três ministérios

Inicialmente, o TSE previa diplomar o presidente eleito em 19 de dezembro -último dia para a realização de diplomações, segundo o calendário eleitoral: Bolsonaro diz que seu governo deve ter mais três ministérios
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse no início da noite desta sexta (30) que o seu governo deve ter mais três ministérios.
Ele pretende anunciar na próxima semana o novo ministro do Meio Ambiente e contou que "está em conversão [os Ministérios] da Família e dos Direitos Humanos".
A afirmação foi feita enquanto Bolsonaro comia um cachorro-quente em Resende, no sul do estado do Rio.
Segundo o presidente eleito, "tem uma meia dúzia de nomes que estamos escolhendo" para ocupar a pasta do Meio Ambiente.
"Logicamente que ele será afinado com o Ministério da Agricultura. Vamos acabar com a indústria da multa", disse Bolsonaro.
"O pessoal do Meio do Ambiente tem que entender que não são os donos do Meio Ambiente no Brasil. Quero preservar o Meio Ambiente. Mas não da forma que eles estão fazendo. A multa no campo que [destina ] 40% do [valor ] para a ONG vai deixar de existir por decreto presidencial. Vai ser diferente. O Meio Ambiente vai ser respeitado e o produtor rural também", completou.
Sem colete à prova de balas, o presidente eleito deixou o hotel na cidade para comer um cachorro quente em um food truck de um amigo na cidade. Ele foi até o local com uma comitiva de mais de 20 policiais federais.
Em setembro, ele foi vítima de um atentado em Juiz de Fora no início da campanha.
"Isso aqui é que nem vinho. Já como há 30 anos", brincou Bolsonaro, que foi cercado por moradores da região, um reduto de militares.
O cachorro quente "com tudo", como é o nome do sanduíche, leva ovo, linguiça de porco, batata frita, cheddar, queijo ralado, milho. Além do lanche, ele ainda tomou um refrigerante e pagou outras quatro latinhas para os integrantes da sua comitiva. Bolsonaro desembolsou R$ 50 e não pediu troco.
A parada no food truck foi rápida. Demorou menos de 15 minutos.
O presidente eleito vai dormir na cidade para participar neste sábado (1) da formatura da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), onde Bolsonaro estudou.
Um dos filhos do presidente eleito mora na cidade.
Na eleição, Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, tentou se eleger deputada federal pelo Podemos. Ela utilizou o nome Cristina Bolsonaro, obteve 4.555 votos e não conseguiu vaga em Brasília.
Em 2011, a ex-mulher afirmou ao Itamaraty que foi ameaçada de morte por ele, o que a levou a deixar o Brasil.
O relato consta de um telegrama reservado arquivado no órgão, ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso. Na época Bolsonaro e Ana Cristina travavam uma disputa judicial sobre a guarda do filho do casal, então com cerca de 12 anos. Com informações da Folhapress.