terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Após briga, PSL desiste de presidência da Câmara e embaralha disputa

Às vésperas da reunião da bancada do PSL com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, parlamentares consideram superada a briga envolvendo a deputada Joice Hasselmann(PSL-SP) e focam em conversas sobre divisão de comissões e pautas na Câmara. Segundo maior partido na Casa, atrás apenas do PT, a sigla elegeu 52 representantes em outubro.
"Os ânimos estão acalmados. A expectativa é de um bom alinhamento de todos", afirmou ao HuffPost Brasil a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) sobre o encontro marcado para esta quarta-feira (12). A escolha do deputado Delegado Waldir (PSL-GO) para liderança da bancada é um fator que ajudou a desenhar a articulação nos bastidores. Ele vai desistir de disputar a presidência da Casa, a pedido do presidente eleito.
O objetivo é garantir a governabilidade. "Se [o PSL] lançar [candidato próprio], tem 60 votos no máximo, Aí entorna o caldo de vez com todos demais partidos. Já há um blocão para extirpar o PSL da Mesa Diretora. Se lançar candidatura, não vai para lugar nenhum. O Congresso não aceita o partido do presidente ter a presidência da Câmara", afirmou à reportagem o deputado Capitão Augusto (PR-SP), que tenta ganhar os votos do PSL.
O ex-deputado e senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) tem atuado pelo capitão. Na última semana, a bancada do PR anunciou que fará parte de base do governo Bolsonaro. Há, no entanto, integrantes no grupo com interlocução com o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), que irá disputar a reeleição.
Além do representante da bancada da bala, entre os nomes de preferência do PSL para o comando da Casa estão também os de João Campos (PRB-GO), Alceu Moreira (MDB-RS) e JHC (PSB-AL). A ideia é apoiar informalmente um nome que tenha alguma experiência no Congresso, mas não seja considerado um político tradicional.
Dos preferidos do PSL, é possível que Campos, representante da bancada evangélica, deixe a disputa em função de uma articulação entre o presidente do PRB, Marcos Pereira, e Rodrigo Maia, para garantir espaço de destaque ao PRB nos postos de comando da Casa.

PSL não irá apoiar Rodrigo Maia

Cresce dentro do PSL a aversão a apoiar a reeleição do democrata. "A princípio, não vai haver apoio para o Maia. Precisamos deixar claro e friso com veemência que a voz das ruas deixou transparente a vontade de ter uma nova política", afirmou Zambelli. "Apesar de ele [Maia] reunir característica positivas, representa a velha política pelo sobrenome, pela atuação", completou.
Deputado federal desde 1999, o democrata é filho de Cesar Maia, prefeito do Rio de Janeiro que permaneceu mais tempo no cargo: 12 anos.
Outro fator que conta contra Maia, dentro do partido de Bolsonaro, é seu trânsito com a esquerda. O deputado chegou à presidência da Câmara graças ao apoio de parlamentares do PT e PCdoB, em troca de segurar algumas pautas conservadoras. Por outro lado, o democrata também faz afagos à bancada religiosa.
Filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também trabalha nessa direção. De acordo com reportagem do Globo, o parlamentar tem atuado nos bastidores contra o presidente da Câmara. A exposição da conversa revelou uma série de desentendimentos da bancada, envolvendo Eduardo, Major Olímpio e Hasselmann.
Após dias de trocas de acusações nas redes sociais, deputados do PSL consideram o episódio uma evidência do isolamento de Hasselmann e não uma divisão. "É uma questão de uma pessoa com todos. Acho que agora todos estão imbuídos no objetivo de deixar o ambiente bom para ela, depois que ela pediu desculpas", disse Zambelli.
Em seu perfil no Twitter, a deputada campeã de votos em São Paulo, voltou a comentar polêmicas nesta segunda-feira (10). Ela rebateu acusações de ter criticado Bolsonaro em 2014.
Gente, um bando de bobocas está “levantando” minhas críticas antigas ao Bolsonaro. Bando de abutres. Eu SIM critiquei @jairbolsonaro em 2014 e foi justamente isso que nos aproximou. Conheci esse homem, fui a primeira jornalista a ficar ao lado dele.
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PSL alinha cargos e pauta na Câmara

Na reunião da bancada na quarta, serão alinhados os interesses de cada um em compor as comissões temáticas. A movimentação de se retirar da disputa pela presidência da Câmara pode ajudar o PSL a conquistar o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), principal colegiado da Casa, além de cargos na Mesa Diretora.
O recuo é uma resposta à articulação do blocão formado para isolar o partido de Bolsonaro. O grupo inclui PP, PR, PSD, MDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB, PSDB, Solidariedade, PPS, PV, PSC, PHS e PTB. Juntos, correspondem a cerca de 60% dos deputados.
Outro objetivo da bancada do PSL,que conta com apenas 3 deputados reeleitos, é alinhar as pautas prioritárias. Os deputados se reúnem com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (11). Quanto a temas ligados à moralidade, como Escola sem Partido, há divergências.
Enquanto deputados como Alexandre Frota (PSL-SP) querem endurecer o texto do projeto de lei, se a proposta não for aprovada neste ano, Zambelli acredita que a criminalização do professor não deve ser incluída. "Já está suficiente. Tem que ir pouco a pouco. Não está com maturidade para fazer isso [criminalizar]. Tem que só cobrar para que o que está na Constituição seja cumprido", defende a deputada.
Previsto para ser votado na comissão especial nesta terça, o PL da Escola sem Partido visa a limitar o debate no ambiente escolar. O texto proíbe, entre outros pontos, discussões sobre questões de gênero na sala de aula.

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