quarta-feira, 28 de abril de 2010

Camelódromo em endereço novo

Central do Brasil terá imenso terminal de ônibus, com lojas, estacionamento, árvores e câmeras de monitoramento



Rio - O prefeito Eduardo Paes propôs a construção de um novo mercado popular para os camelôs da Central do Brasil, que perderam tudo no incêndio de segunda-feira. A ideia é seguir o modelo do Mercadão de Madureira, com lojas, ar-condicionado e escada rolante — só que em outro ponto do bairro. Imóveis terão que ser desapropriados para dar lugar ao novo espaço comercial.

Segundo assessores, a nova área também seria em região central, para garantir movimento ao comércio. “Ali era uma área sem controle, inadequada, desorganizada. Mas, como pertence ao estado, dependemos de entender melhor as opções. Desejo construir um mercado, como o de Madureira. Vamos estudar as melhores alternativas para aqueles ambulantes”, disse Paes.

A demolição dos boxes, marcada para ontem à tarde, esbarrou no protesto dos camelôs. Onde era o Mercado Popular da Central do Brasil, será erguido complexo rodoviário urbano que vai substituir o terminal Américo Fontenelle, com lojas comerciais, estacionamento para 209 carros, canteiros arborizados e câmeras de monitoramento 24 horas. A obra custará R$ 28 milhões.


“Será um passo importante para mudar a cara da região da Central do Brasil, que sempre foi muito conturbada e desorganizada”, disse Ricardo Edler, diretor técnico da Coderte, companhia estatal, dona da área formada pelo quadrilátero das ruas Senador Pompeu, Bento Ribeiro, Barão de São Félix e Alfredo Dolabela Portela. O espaço de 36 mil m² inclui o camelódromo da Central, destruído pelo fogo, que ocupava 7 mil m², entre as ruas Barão de São Félix e Senador Pompeu. Hoje, o Terminal Américo Fontenelle representa 18 mil m².

Comerciantes impedem demolição

Munidos de cartazes, cerca de 150 comerciantes conseguiram adiar a demolição de suas lojas no camelódromo. Inicialmente prevista para a tarde de ontem, a operação do governo estadual vai pôr abaixo hoje imóveis que ocupam quase a metade da área do camelódromo da Central do Brasil.






A decisão foi tomada pelo presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio (Emop), Ícaro Moreno, depois de uma manifestação dos ambulantes. Antes de as máquinas começarem a trabalhar, porém, os donos de 50 estabelecimentos ainda poderão retirar as mercadorias que restaram no interior de suas lojas.

Esse foi um dos pedidos que o grupo havia feito ontem à tarde na Alerj. Por intermédio da OAB, eles entregaram uma lista de reivindicações ao presidente da Casa. Os ambulantes ainda exigem a suspensão do aluguel de R$ 23 mil pago à Coderte e um plano de reforma do camelódromo. “Até agora a gente não sabe para onde vai. Temos família e precisamos de um espaço para trabalhar”, afirmou Fábio Gomes, dono de uma padaria no espaço.



Reportagem de João Noé e Ricardo Albuquerque

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