quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Parlamentares usam agenda em Brasília para tentar conseguir mais recursos com os diretórios partidários

Eles concedem empréstimo de R$ 3,5 bi para quatro estados


Publicação: 04/08/2010 08:32

De terno e gravata no Congresso ou em mangas de camisa nos comícios, o foco deles é eleitoral. Os parlamentares iniciaram ontem a semana de esforço concentrado: a primeira das duas até outubro. A dificuldade de atingir o quorum durante a tarde tinha explicação. Alguns deputados e senadores peregrinavam nas direções dos partidos em busca de dinheiro para alavancar candidaturas, enquanto outros aproveitavam para prometer apoio a policiais que circulavam fazendo lobby pela votação da proposta que aumenta o piso salarial da categoria. A prefeitos ofereciam a regulamentação da Emenda 29. “A maioria das pessoas vai chegar mais tarde para votar. Vim cedo porque estou em campanha”, explicou a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Com os microfones abertos e os canais de TV institucionais à disposição, candidatos a cargos majoritários aproveitaram para mandar recados a eleitores e desafetos. Fernando Collor (PTB-AL) resolveu reclamar das informações que davam conta de um possível veto à sua candidatura por conta da lei do Ficha Limpa, enquanto Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) decidiu atacar o governo Lula e atribuir a ele a culpa pelas enchentes que atingiram seu estado em junho. Na Câmara, Sarney Filho (PV-MA) usou a tribuna para tentar explicar a decisão do TRE do Maranhão de tirá-lo da lista dos fichas sujas.
Pelo Salão Azul, políticos famosos eram perseguidos por cinegrafistas contratados para colher “depoimentos” favoráveis a outros candidatos. Após sair do atendimento médico devido a mal-estar, Sarney teve de parar para gravar elogios para a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). Delcídio Amaral (PT-MS) deu opinião favorável sobre Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).
Em busca de ajuda financeira para as campanhas, deputados reclamavam pelos cantos da omissão dos diretórios nacionais. “Nosso partido não tem dinheiro. Tenho dito isso e já deixei claro que os recursos vão para diretórios regionais”, esbravejou o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ).

Avalistas

Tom de campanha também na Comissão de Assuntos Econômicos, onde parlamentares aliados do governo Lula aprovaram nove propostas de autoria do Executivo que autorizam empréstimos de R$ 3,5 bilhões para quatro estados, tendo o governo como avalista. Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Ceará são os beneficiados. Parlamentares das regiões não perderam tempo e trataram de capitanear a abertura das portas para entrada de recursos. Aloizio Mercadante (PT-SP) foi agradecer aos colegas e ressaltar seu empenho para possibilitar a votação e Delcídio Amaral (PT-MS) aproveitou para elogiar o presidente. “Esse é o papel do presidente Lula. No meio de uma campanha, libera recursos para atender inclusive governos comandados por partidos adversários”, comemorou Amaral (MS). Com tanto interesse em jogo, a proposta foi aprovada em plenário a toque de caixa.
No fim das contas, os senadores cumpriram a missão e votaram as Medidas Provisórias que trancavam a pauta. Projetos de transferência de recursos foram aprovados e os que transformam as secretarias de Direitos Humanos, Mulheres, Igualdade Racial e Portos em ministérios foram aprovados. Na Câmara, até o fechamento desta edição, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) tentava acordo com os líderes para possibilitar votações.

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