quarta-feira, 9 de março de 2011

Novatos no Senado reclamam do ritmo lento


Ex-governadores sentem o impacto ao trocar o Executivo pelo Legislativo
Acostumados com a agilidade do Executivo, a bancada de ex-governadores que acaba de assumir mandato de senador se queixa de não ter o que fazer na Casa e tenta emplacar mudanças no regimento que tornem o trabalho no Senado mais ágil.

A maioria se diz estarrecida com o ritmo de trabalho, que muitas vezes se resume a horas de debates no plenário e nas comissões. "Quem vem do Executivo sente o freio. É como trocar um jato por um jegue", diz Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, para quem a Casa pode ser "o melhor lugar do mundo para não quer fazer nada".
Com críticas em comum, a bancada de oito ex-governadores que acabaram de trocar o Executivo pelo Legislativo decidiu propor ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), medidas para acelerar as votações.
Uma das propostas é que o Senado tenha uma junta de conciliação para intermediar liberação de verbas a obras paralisadas por falta de recursos federais.
Também propõem uma subcomissão para discutir o tratamento a dependentes químicos, um problema que atinge vários Estados. "Minha sensação é que eu estava num bólido de Fórmula 1 a 300 quilômetros por hora que de repente freou", resumiu o senador Eduardo Braga (PMDB), que governou o Amazonas.
Depois de quatro anos como prefeito, oito como governador e um tempo no setor privado, o senador Jorge Viana (PT-AC) classificou o Senado como "chocante". "São reuniões que decidem pouco, um número excessivo de conversas para se tomar uma decisão. Se perde o senso de praticidade. É um choque violento", diz Viana. Para ele, o Senado não pode se limitar a propor alterações na Constituição.
"O mundo aqui é totalmente desencontrado com a vida do país, que está numa dinâmica diferente, tomando decisões, ousando. O parlamento precisa se encontrar com essa nova agenda e não ficar num rito de repetição permanente", diz o petista.
Ex-governador de Mato Grosso e dono de uma fortuna de R$ 143 milhões, o senador de primeiro mandato Blairo Maggi (PR) também diz ter se decepcionado. "Estou aborrecido com a lentidão daqui. Os discursos no plenário são para mandar recado ao eleitor, não tem discussão de país".
Ele disse que esta será sua última experiência na política. Depois do mandato, vai voltar ao mundo empresarial. Para o senador Ivo Cassol (PP), ex-governador de Rondônia, a dinâmica do Senado explica a má fama da Casa. "Os senadores acabam mal falados. Queremos ver como contribuir para aprovar projetos na mesma velocidade que se aprovou o aumento de salário de deputados e senadores no ano passado", disse ele, numa referência à votação concluída em apenas cinco minutos

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