Depois de mais de uma década de troca de farpas, duas das principais forças políticas do Rio de Janeiro estão em vias de selar, por meio de seus filhos, uma aliança para 2012. O ex-prefeito Cesar Maia (DEM) e o deputado federal Anthony Garotinho (PR) devem lançar à prefeitura da capital fluminense Rodrigo Maia (DEM) e Clarissa Garotinho (PR) na vice. A chapa na capital simboliza uma aliança ainda maior, que abarca todo o Estado. Juntos, Maia e Garotinho articulam uma espécie de divisão do Rio. E, na mira deles, está o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Se no passado Garotinho classificou Maia como “uma espécie de Pinochet” e Maia comparou o rival ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, hoje o cenário é bem diferente. Em nome da aliança, os dois sentaram à mesma mesa para tratar das próximas eleições municipais. “Estive uma vez com ele (Anthony Garotinho) e Rodrigo (Maia). E lembramos que as coligações se fazem por convergência ou por uma frente contra um governo inepto. É o caso aqui em relação ao PMDB”, disse Cesar Maia ao iG. Apesar das desavenças, Garotinho e Maia têm um passado em comum. Ambos foram apadrinhados por Leonel Brizola no PDT e romperam com o ex-governador fluminense, morto em 2004.
Garotinho e Cesar Maia têm em comum o fato de terem rompido com seu padrinho político, Brizola
“ O que o DEM e o PR têm feito é um mapeamento do Estado, definindo progressivamente quem deverá liderar a eleição para prefeito nesse ou naquele município", diz Maia.
Juntos, os clãs Garotinho e Maia realizam um “mapeamento” do Rio de Janeiro. “O que o DEM e o PR têm feito é um mapeamento do Estado, definindo progressivamente quem deverá liderar a eleição para prefeito nesse ou naquele município”, explicou Maia. Se na capital a preferência é do DEM, no município de Campos, administrado pela mulher de Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, a cabeça de chapa é do PR. Rosinha, expulsa do PMDB acusada de fazer campanha para o marido, pode se filiar ao PR para candidatar-se à reeleição.
Na capital, embora Garotinho tenha dito ao iG que a aliança Rodrigo-Clarissa é “provável”, Maia nega que DEM e PR tenham definido os nomes da chapa. “Não se tratou de nomes por enquanto. Os dois são sempre lembrados por terem liderados seus partidos na capital para federal (Rodrigo Maia) e estadual (Clarissa Garotinho)”, afirma.
O ex-prefeito admite estar disposto a fazer campanha para a filha do ex-rival. “A chapa na capital com a cabeça do DEM teria naturalmente o apoio de todo o partido porque emanaria - como tem acontecido - de uma decisão coletiva”, adiantou. Aos 29 anos, Clarissa é formada em Jornalismo e foi eleita vereadora pelo PMDB, mas teve o mandato cassado por infidelidade partidária, quando seguiu o pai na migração para o PR. Em 2010, Clarissa Garotinho foi eleita deputada estadual pelo atual partido e, em entrevista ao iG, disse sonhar com o Executivo.
A parceria pretende fazer frente à candidatura à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB), aliado de Sérgio Cabral, na corrida pelo comando da cidade que sediará a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O prefeito – que iniciou a carreia no PV, depois foi para o PFL, migrou para o PTB, voltou para o PFL, foi para o PSDB e agora está no PMDB – é afiliado político de Cesar Maia. Os dois romperam, no entanto, quando Paes migrou para o PSDB.
Garotinho e Cesar Maia têm em comum o fato de terem rompido com seu padrinho político, Brizola
Outros candidatos
Além de Rodrigo Maia e Eduardo Paes, outro afiliado político de Cesar Maia, o ex-deputado Indio da Costa, também é cotado para concorrer à prefeitura. Ex-PTB e ex-DEM, Indio da Costa - que ganhou notoriedade nacional ao concorrer como vice na chapa de José Serra (PSDB) à Presidência - deverá entrar na disputa pelo partido a ser registrado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD. Hoje rompidos, Maia e Indio estiveram a um “sim” de serem sogro e genro. A filha de Cesar Maia, Daniela, é ex-noiva do ex-deputado.
A tradicional aliança DEM-PSDB não terá vez em 2012 na capital fluminense. Neste ano, o PSDB nacional decidiu lançar candidato próprio e o nome mais cotado é o do deputado federal Otávio Leite, ex-PDT. Sem expressão nacional, a candidatura de Leite é tida mais como uma forma de fortalecer o partido na região do que como uma possibilidade real de vitória.
O PV também deve correr por fora. Embora apóie o movimento liderado pela ex-senadora Marina Silva, que deixou o partido na última semana, Fernando Gabeira decidiu seguir no PV para poder se candidatar. Ex-petista, o ex-deputado ficou em segundo lugar em 2010 nas eleições ao governo do Rio, sendo derrotado pelo peemedebista Sérgio Cabral.
Na esteira do sucesso do filme “Tropa de Elite”, o deputado Marcelo Freixo (PSOL) deve se candidatar à prefeitura. Ex-PT, Freixo inspirou a personagem Diogo Fraga, o mocinho do longa-metragem, e foi reeleito deputado estadual em 2010 com a segunda melhor votação do Estado.
Sem um nome forte na capital fluminense, o PT deverá lançar novamente o deputado Alessandro Molon, único cotado que nunca trocou de partido. Em 2008, Molon disputou o cargo sem o apoio consensual do PT e obteve apenas 4% dos votos válidos. Em 2012, o partido deverá novamente se dividir entre os que desejam continuar apoiando Eduardo Paes e aqueles que querem lançar candidatura própria.
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