sexta-feira, 29 de julho de 2011

Rio não poupará gastos para ficar com o sorteio final da Copa 2014

Segundo prefeito Eduardo Paes, se a cidade fosse comprar esta publicidade, o gasto seria muito maior




A cidade do Rio de Janeiro não poupará esforços, muito menos dinheiro, para conseguir o direito de receber e organizar o sorteio final da Copa do Mundo de 2014, que deverá ocorrer no final de 2013. Na manhã desta sexta-feira, a cúpula da Fifa foi recebida no Palácio da Cidade, sede social da Prefeitura, pelo prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral e o vice-governador Luiz Fernando Pezão. Embora a Fifa tenha demonstrado a intenção de que este evento ocorra em outra cidade, o Rio também deseja abocanhar o sorteio que definirá as chaves do Mundial de 2014.
Paes usou números para sinalizar este desejo do Rio de Janeiro. Ao justificar os gastos de R$ 30 milhões para o sorteio das eliminatórias, o prefeito afirmou que o retorno de visibilidade do investimento feito, com transmissão para mais de 150 países, equivale a R$ 110 milhões. “Se fosse comprar essa publicidade em emissoras, gastaríamos muito mais do que isso. É só olharem os preços. E se tivermos que gastar a mesma coisa para ficar com o sorteio final, vamos gastar”, disse Paes.
Na quinta-feira, Jérome Valcke, secretário-geral da Fifa, sinalizou, em café da manhã com jornalistas, que a preferência da Fifa é de que outra cidade receba o sorteio final da Copa de 2014, para não centralizar tudo no Rio.

Chave da cidade

A cúpula da Fifa foi recebida nesta sexta-feira, no Palácio da Cidade, pelo prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral e o vice-governador Luiz Fernando Pezão. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral, Jerome Valcke, além do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, chegaram em carros oficiais, acompanhados de batedores. Enquanto Blatter deu a Paes uma flâmula da Fifa e uma medalha, recebeu do prefeito a chave da cidade. A solenidade ocorreu para assinatura do contrato para que o Rio receba o IBC (International Broadcast Center), o centro de transmissão internacional da Copa do Mundo de 2014, que será no Riocentro, zona oeste da cidade. Paes explicou que o IBC terá 40 mil metros quadrados, com 1.186 vagas de estacionamento e capacidade para receber 13 mil profissionais.
Os governos estadual e municipal foram os responsáveis pelo patrocínio de R$ 30 milhões para a realização do sorteio das eliminatórias, na Marina da Glória. Paes começou falando inglês, já que houve problemas com o aparelho de tradução de Blatter, que chegou a derrubar o aparato, com o prefeito visivelmente constrangido. O presidente da Fifa, porém, mostrou simpatia e afinidade com o português, que chegou a falar em diversos momentos de seu discurso, misturando com inglês e espanhol.

                      Eduardo Paes, Joseph Blatter e Sérgio Cabral no evento desta sexta-feira


“Copa do Mundo significa emprego, crescimento, divulgação da nossa cidade, sem o custo que a gente teria para divulgar a cidade. Ainda temos muita desigualdade, então a Copa significa uma data para intervenções importantes, já teremos o segundo BRT (corredor expresso para ônibus de grande capacidade) em 2014, ampliando a rede hoteleira, enfim fazendo uma transição fantástica para o Rio de Janeiro. O que estamos fazendo aqui hoje muda a vida dos cariocas”, completou o prefeito.

Exaltação a Havelange

Sérgio Cabral tratou de exaltar o ex-presidente da Fifa, João Havelange, e também Ricardo Teixeira. Curiosamente, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva foi citado diversas vezes em agradecimentos, a atual presidenta, Dilma Rousseff, apenas uma. “O IBC é o mais importante a se conquistar, é por onde os jornalistas de todas as nações estarão transmitindo. É uma conseqüência de grandes administrações, primeiro com João Havelange na Fifa. Não foi à toa que alcançou um número de países filiados superior ao da ONU e ao mesmo tempo a qualidade do futebol brasileiro associado a uma administração vitoriosa do nosso querido Ricardo Teixeira, que nos deu duas Copas do Mundo. Além, é claro, do Brasil do presidente Lula, o Brasil que cresceu e nos permitiu ir a Zurique ouvir em 2007 que seríamos sede de 2014”.

Teixeira, por sua vez, também agradeceu a Lula e foi o único a citar Dilma. “Neste sábado teremos o primeiro chute da Copa do Mundo. A previsão é de que seremos vistos por mais de 500 milhões de pessoas nesse sorteio”.

O último a discursar foi Blatter, que esbanjou descontração, ao contrário da primeira entrevista coletiva que concedeu no Rio para o sorteio das eliminatórias, quando se mostrou visivelmente irritado com as perguntas sobre os escândalos de corrupção na entidade em relação a compra de votos na escolha do Catar como sede da Copa de 2022. Chamou Paes diversas vezes de vice-governador, mas não se acanhou ao ser corrigido por Cabral.

“Esse sorteio é a minha oportunidade de melhorar o português do Brasil. Mas falar ainda é complicado. Então peço que entendam o inglês um pouquinho (Cabral puxou aplauso). Tenho certeza de que posso falar com vocês em português do Brasil, será mais fácil do que seguir a conversa com o vice-governador (Paes, o prefeito), que fala muito rapidamente. Em nome da Fifa, estamos muito felizes de estar de volta ao Brasil para a Copa. A última vez foi 1950, quando foi construído o Maracanã, e agora estão refazendo o estádio. Vocês querem a final, a abertura, o sorteio, o sorteio final. Rio capital da Copa. Está correto? O resto do Brasil concorda?”, brincou o presidente da Fifa.

Em seguida, Blatter novamente exaltou a força da economia brasileira. “A economia está caminhando para ser a quinta do mundo depois da Copa e das Olimpíadas. Vocês vão mostrar ao mundo o que é o Brasil, e não apenas o melhor futebol, que continua sendo brasileiro. Mas o que é o seu país, sua população, suas diversas culturas. O grande pontapé inicial será dado amanhã (sábado). Serão 150 países recebendo a transmissão pelo mundo”, disse, para encerrar, em inglês. “Enjoy the game, but enjoy life, that’s more important (apreciem o jogo, mas apreciem a vida, que é o mais importante)”.

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