segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Golpe do falso sequestro: presos pediam, em média, R$ 20 mil de "resgate"

Quadrilha que agia em Bangu chegou a fazer vítimas em 11 Estados brasileiros.
As investigações da Delegacia de Copacabana (13ª DP) que resultaram nesta segunda-feira (28) em ação contra quadrilha que aplicava golpes de falso sequestro, a partir de presídios do Rio de Janeiro, revelam que os detentos pediam, em média, pagamento de resgate de R$ 20 mil. Os suspeitos, que fizeram vítimas em 11 Estados brasileiros, simulavam o sequestro de pessoas da família da vítima.

Quadrilha fez vítimas em 11 Estados.
Em uma das interceptações telefônicas, um dos chefes da quadrilha disse à mulher que chegava a faturar R$ 10 mil por dia com o golpe do falso sequestro. Em 15 dias, a polícia verificou 977 ligações feitas por uma única linha telefônica. Os presos ligavam aleatoriamente para números de telefone, sempre a cobrar.

As investigações, que resultaram na operação Bloqueio 13, que cumpriu, nesta segunda-feira, cinco mandados de prisão contra pessoas que já estavam presas, revelaram também que um ex-bombeiro mantinha de dentro da cadeia um escritório de agiotagem.

A informação foi confirmada pelo delegado Carlos Abreu, responsável pelos três inquéritos que indiciaram 25 pessoas, das quais 15 foram denunciadas pelo Ministério Público e oito tiveram a prisão decretada pela Justiça. Três ainda são procuradas.

- Temos informações de que ele mantinha um escritório de agiotagem, que emprestava dinheiro para presos, mas principalmente para pessoas que estão do lado de fora, porque quem precisa de dinheiro é a família do preso. Ele atua em São João de Meriti e tem uma pessoa do lado de fora que administra os negócios dele, via celular.

O delegado contou que 26 contas bancárias usadas pela quadrilha já tiveram o pedido de bloqueio feito à Justiça. A movimentação financeira será feita pelo setor responsável por crimes de lavagem de dinheiro da Polícia Civil.

- Não temos como estimar o valor adquirido pela quadrilha, mas apenas um dos presos fez em 15 dias 977 ligações, com apenas uma linha. O presídio Plácido de Sá Carvalho possui 1.300 presos. Em todo o complexo penitenciário de Bangu, foram registradas 160 apreensões de celular. O que nós verificamos é que a quadrilha usava o dinheiro do crime para comprar bens, como carros e imóveis.

Compra de veículos e imóveis

Em uma das interceptações telefônicas, um preso que fazia o falso sequestro por telefone encomenda a compra de um caminhão por R$ 60 mil. Em outra ligação, interceptada com autorização da Justiça, outro preso autoriza a mulher a comprar um apartamento de valor semelhante.

As investigações começaram a partir do registro de ocorrência feito por um homem que foi procurado pelos criminosos. Orientada pelos policiais, a vítima levou uma quantia em dinheiro e deixou o envelope sobre uma lixeira na Lapa, conforme combinado com os criminosos. Assim que um integrante do grupo chegou para pegar o dinheiro, foi preso em flagrante. Através dessa prisão, a polícia chegou ao restante do grupo.

Contas bancárias usadas por três meses

A polícia também descobriu que, para não chamar a atenção da polícia, a quadrilha usava contas bancárias de várias pessoas, que recebiam até 20% do valor do depósito, mas as mantinham por períodos curtos, de cerca de três meses. Depois outras pessoas eram procuradas para emprestar suas contas para o grupo. O dinheiro era depositado em outras contas, de parentes ou pessoas próximas aos presidiários, as chamadas contas de segurança.

As pessoas presas vão responder pelo crime de extorsão, cuja pena pode chegar a dez anos de prisão, além de formação de quadrilha. Segundo o delegado Carlos Abreu, alguns dos presos ligados à quadrilha tinham recebido benefícios, como direito de visitar a família aos fins de semana. Com as novas prisões, eles deverão perder os benefícios.

- Eles intimidavam as vítimas com ameaças. Em um dos casos, um criminoso diz à vítima que vai dar um tiro na espinha do filho dela. Eles simulavam crianças chorando. Em outro caso, duas pessoas da mesma família caíram no golpe e perderam R$ 8.000. Uma delas até se hospedou em um hotel na Central do Brasil durante nove horas.





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