quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Traído por God, Cachoeira quer Sayeg e pode falar

ABANDONADO PELO EX-MINISTRO MARCIO THOMAZ BASTOS, CONTRAVENTOR PODE VOLTAR AOS BRAÇOS DO CRIMINALISTA RICARDO SAYEG, QUE, DESDE O INÍCIO DO PROCESSO, ACONSELHAVA CARLOS CACHOEIRA A FAZER DELAÇÃO PREMIADA PARA REDUZIR SUAS PENAS; MUNDO POLÍTICO EM PÂNICO COM A POSSIBILIDADE.

"Deus, por que me abandonaste?" A frase foi o momento de dúvida e hesitação de Cristo na cruz. Na Papuda, o sentimento de Carlos Cachoeira em relação a Marcio Thomaz Bastos é muito pior. Ao preço de R$ 15 milhões, o bicheiro contratou o ex-ministro, chamado de “God” por seus discípulos na advocacia, e, como se sabe, foi abandonado na hora mais difícil, estando há seis meses na cadeia e sem perspectiva de saída. Cachoeira está tão possesso com Thomaz Bastos, que interlocutores do contraventor dizem que o apelido de Bastos teve as letras invertidas – “God” se transformou em “dog”. Do valor total dos honorários, R$ 5 milhões já foram pagos e não serão devolvidos.

Ontem, ao ficar calada na CPI da Operação Monte Carlo, Andressa Mendonça seguiu as orientações do advogado José Geraldo Grossi. Isso não significa, no entanto, que Grossi será o defensor também de Cachoeira. O bicheiro estuda recontratar aquele que foi seu primeiro advogado na Operação Monte Carlo: o polêmico Ricardo Sayeg, que está em campanha pela presidência da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil.

No início do processo, Sayeg havia até sinalizado qual seria sua linha de atuação: um acordo de delação premiada. Criminalista combativo, ele já defendeu réus em situação complicada, como o doleiro Toninho da Barcelona, e usou a estratégia da delação para colaborar com a Justiça e reduzir penas dos réus.

No caso de Cachoeira, a estratégia cairia como uma bomba no meio político. Ontem, mesmo sem falar, Andressa Mendonça foi intimidada pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que a instou a provar que ela frequentava a casa do bicheiro e pedia recursos para campanhas. Kátia Abreu se disse chantageada por Andressa, mas o assunto não foi esclarecido. De todo modo, há a dúvida: quantos, ali no Congresso, já pediram recursos para o bicheiro e faziam parte da bancada do jogo?

Se for mesmo recontratado e conseguir convencer Cachoeira a fazer a delação premiada, Sayeg terá um modelo interessante a seguir, utilizado pelo próprio Thomaz Bastos.

Advogado de Tânia Bulhões, empresária que foi alvo de operação da Polícia Federal por fraudes em importações no mercado de luxo, Bastos usou a delação de maneira curiosa. Toda a responsabilidade foi atribuída ao contador, que foi preso. Em geral, esse modelo é aceito pela Justiça para que o peixe pequeno leve ao peixe grande. “God” conseguiu inverter a lógica, fazendo com que o peixe grande levasse ao pequeno.

Detalhe: o contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, está foragido e também quer colaborar com a Justiça desde que obtenha a garantia de que não será preso.

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