Enquanto adversários Marcelo Freixo, do Psol, e Rodrigo Maia, do DEM, enfrentam problemas políticos e com a Justiça Eleitoral, Eduardo Paes, do PMDB, avança sem obstáculos acima dos 50% de intenções de voto, segundo o último Ibope; haverá força capaz de barrar a reeleição em primeiro turno?
No calçadão de Copacabana, na noite da quinta-feira 6, o prefeito Eduardo Paes mantinha a postura de se recusar a fazer qualquer projeção sobre o resultado da campanha eleitoral em curso.
- Não sei, respondeu, laconicamente, sobre a hipótese cada vez mais presente de liquidar a eleição no Rio em primeiro turno. Em seguida, com a mesma disposição exibida durante todo o dia de corpo a corpo, distribuiu, a pedido, beijinhos em eleitoras que se aproximavam.
"Estou para ver o prefeito de perto faz muito tempo", dizia uma delas, sorridente por ter conseguido sua fotografia de lembrança ao lado de Paes. Sem seguranças e assessores por perto, ele acabara de sair de um evento realizado num restaurante da orla. Àquela altura, quase dez da noite, o candidato parecia cansado, mas não a ponto de se recusar a cumprir os últimos pedidos de atenção. Chamava de "meu irmão" aos conhecidos e de "minha linda" às garotas. Via-se que, no corpo a corpo, Paes já é um craque tarimbado.
Neste momento, pesquisas como a divulgada pelo Ibope na véspera do feriado de 7 de setembro já lhe dão 52% de intenções de voto, contra 14% para o seu mais próximo adversário, o deputado Marcelo Freixo, do PSOL. O debate do final de semana anterior ao feriado, quando a grande polêmica foi a presença de um suposto integrante de uma milícia na chapa de vereadores de Freixo, porém, colocou o parlamentar estadual na defensiva, podendo custar-lhe os pontos decisivos para levar a disputa adiante.
Além do obstáculo ao discurso de Freixo, o baixo desempenho da chapa do deputado federal Rodrigo Maia, do DEM, é mais um elemento a contribuir para um desfecho eleitoral logo na primeira volta. Os marqueteiros da campanha de Paes acreditavam, antes da eleição, que Freixo seria mesmo o principal adversário, mas nem eles poderiam sonhar com, a esta altura da eleição, apenas pouo mais de 3% de intenções de votos para o filho do ex-prefeito Cesar Maia. No sábado, o candidato do DEM foi punido pela Justiça Eleitoral com a retirada do ar de seu programa no horário eleitoral gratuito da televisão, no qual associava o contraventor Carlinhos Cachoeira à construtora Delta e esta ao governador Sérgio Cabral. Ele classificou a decisão com o censura, mas, na prática, sofreu mais um revés.
Enquanto os adversários se envolvem em problemas destes tipos, Paes flana acima dos acidentes de percurso, desenvolvendo sem restrições sua vocação para uma aproximação que vai se mostrando bastante produtiva com o eleitor. Mais do que as projeções apontadas pelas pesquisas, é o quadro eleitoral o melhor indicador de que, após vencer, quatro anos atrás, uma eleição dificílima contra Fernando Gabeira – na qual até o domingo eleitoral de chuva ou de sol parecia influir no resultado final --, Paes caminha, agora, para uma das reeleições mais folgadas do País.
Abaixo, notícia de O Dia sobre o final de semana de campanha do candidato Marcelo Freixo e a reação do postulante Rodrigo Maia ao corte em seu programa eleitoral:
O Dia - Em corpo a corpo no Complexo do Alemão, ontem de manhã, o candidato do Psol à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, por pouco não encontrou o candidato a vereador Wagner Nicácio de Souza, o Wagner Bororó (PSB), presidente da Associação de Moradores da Grota. Suspeito de intermediar a venda ilegal de apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Grota, ele se retirou do local ao avistar Freixo.
"Eu não tenho nada contra ele pessoalmente. Mas as denúncias que surgiram foram graves e precisam ser apuradas", disse Freixo. Na sexta-feira, ele criticou a coligação do prefeito Eduardo Paes (PDMDB) por não tomar providências em relação a Bororó, enquanto o seu partido, o Psol, expulsou o candidato Berg Nordestino, suspeito de envolvimento com milicianos.
Além de Freixo, também fizeram campanha ontem Aspásia Camargo (PV), que foi a Barra da Tijuca, Rodrigo Maia (DEM), que esteve na Ilha do Governador, Campo Grande e Paciência, e Otavio Leite (PSDB), que foi ao Méier. Paes viajou a Londres para o encerramento das Paraolimpíadas.
Rodrigo Maia definiu como "censura" a decisão da Justiça Eleitoral de retirar do ar seu programa de TV, exibido sábado, em que relacionava o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish, ao governador Sérgio Cabral, aliado de Paes. O prefeito conseguiu liminar na justiça proibindo a exibição. "Não podemos ser prejudicados só porque o prefeito quer esconder seus aliados", disse Rodrigo.
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