segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Kátia Rabello e o passo em falso de uma bailarina

Admirada na sociedade mineira, a dona do Banco Rural, que era bailarina, se tornou banqueira após uma série de tragédias em família: a morte da irmã, do presidente do banco e do pai. Banqueira acidental, ela está prestes a ser condenada por Joaquim Barbosa como integrante de uma quadrilha.

O destino foi traiçoeiro com a mineira Kátia Rabello, personagem central do julgamento da Ação Penal 470, nesta segunda-feira, acusada de comandar o núcleo financeiro do mensalão. Bailarina, Kátia é uma banqueira acidental, que entende tanto de finanças quanto banqueiros de dança clássica.
 
Hoje ela é ré no Supremo Tribunal Federal graças a uma sucessão de tragédias. Em 1999, uma queda de helicóptero matou Júnia Rabello, uma das duas filhas do empresário Sabino Rabello, que fundou o Rural na década de 50, graças à amizade de sua família com Juscelino Kubitschek.
 
Kátia e Júnia foram diferentes em tudo. Uma calma, doce e dedicada às artes. Outra agitada, competitiva e ambiciosa. A morte de Júnia, quando Sabino já tinha idade avançada, fez com que Kátia, que só ia ao Rural para acompanhar patrocínios culturais, tomasse pé da situação.
 
No entanto, o comando do banco, após a morte de Júnia, foi confiado ao braço direito de Sabino Rabello, José Augusto Dumont. Habilidoso e com amplo trânsito na política, foi ele quem concedeu os empréstimos ao PT e às empresas de Marcos Valério.
 
Dumont tinha carta branca para comandar o banco, mas faleceu num acidente de carro, em 2004, quando retornava de uma fazenda. E isso fez com que Kátia, mais uma vez, assumisse maiores responsabilidades no Rural, embora a gestão do banco, no dia-a-dia, tenha sido confiada a João Heraldo Lima, ex-secretário de Fazenda de Minas Gerais, no governo de Eduardo Azeredo.
 
Um ano depois, em 2005, faleceu Sabino Rabello, que era presidente do Conselho do Rural. Sozinha, sem o pai e sem a irmã, Kátia assumiu de vez o papel de banqueira.
 
Hoje, sem ter tido participação alguma na concessão de empréstimos ao PT, ela, figura querida na sociedade mineira, será provavelmente condenada por Joaquim Barbosa como chefe do núcleo financeiro de uma quadrilha que, segundo a procuradoria-geral da República, promoveu um dos mais atrevidos ataques aos cofres públicos em todos os tempos.

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