quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Langoni: mais um saudosista dos tempos do dinheiro fácil

Ex-presidente do Banco Central diz que juros no Brasil estão exageradamente baixos; no seu tempo, o Brasil quebrou e caiu no colo do FMI.
 
O economista Carlos Langoni, que presidiu o Banco Central entre 1983 e 1985, tempo em que o Brasil viveu uma de suas inúmeras quebras e caiu no colo do Fundo Monetário Internacional, aderiu à gritaria contra a queda dos juros no Brasil e disse que as taxas estão exageradamente baixas, unindo-se a um time que conta com luminares como Maílson da Nóbrega e Armínio Fraga. Confira aqui a íntegra e abaixo o trecho sobre os juros:
 
Reduzir os juros é uma meta da presidente Dilma. Ela vai conseguir?
 
Sim, desde que sejam feitas outras reformas. A redução dos juros não pode ser artificial como um ato da vontade dos governos. Reduzir os juros quando a economia está estagnada é o que os bancos centrais fazem. Mas manter esse nível sem elevar a taxa de poupança doméstica é impossível. Os juros reais do Brasil estão hoje em patamares exageradamente baixos, cerca de 2% em termos reais. Enquanto a poupança doméstica estiver em 18% do PIB, os juros de equilíbrio não podem ser 2%. Não vamos comparar com os asiáticos, porque é covardia, mas na América Latina temos um país com juros reais estáveis sustentados em 3% a 3,5%. Esse país é o Chile, que tem um BC independente, uma longa tradição de inflação baixa e crescimento sustentado, e uma taxa de poupança doméstica de 26% do PIB. Nesse caso, há coerência e é possível manter os juros reais permanentemente baixos. O desejo da presidenta Dilma é legítimo e fundamental para alavancar o mercado de capitais e permitir um crescimento mais elevado, mas passa por reformas, inclusive previdenciária e tributária. O Brasil é um país que estimula o consumo de forma exagerada e taxa a poupança. Temos que estimular a poupança de longo prazo e eliminar o déficit nominal público.

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