Candidato ao governo do Rio pelo PRP nega acusações, ataca Justiça e adversários, e se diz vítima de perseguição
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Rio - Numa tentativa de demostrar força na campanha, o candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho (PRP), convocou nesta quarta-feira uma reunião de emergência. Condenado nesta terça-feira em segunda instância por formação de quadrilha pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), o ex-governador se encontrou com candidatos da coligação, que reúne PRB, PTC, PMB e Patriota, para reafirmar que continua na disputa para o Palácio Guanabara.
A reunião ocorreu na sede do PRB, em Benfica, na Zona Norte. A decisão do TRF-2 pode tornar Garotinho inelegível pela Lei da Ficha Limpa. No entanto, a inelegibilidade não acontece automaticamente.
Em discurso de quase uma hora, Garotinho negou as acusações, atacou a Justiça e adversários políticos e se disse vítima de perseguição. Ao lado do candidato ao Senado na chapa, Eduardo Lopes (PRB), ele declarou que recorrerá da decisão.
"Entrei com um recurso no TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral). Vamos recorrer. Mas é preciso estar preparado porque a campanha vai ser uma sucessão de fatos como esse: confundir a cabeça da população. Esse pessoal pode se preparar porque vamos para cima deles", ameaçou Garotinho na presença de candidatos e da militância.
Garotinho é acusado no caso que envolveu o loteamento de cargos nas delegacias do Rio durante o seu governo (1999-2002) e na gestão da sua esposa, a ex-governadora Rosinha Matheus (2003-2006) numa associação com a quadrilha do contraventor Rogério Andrade. E de não combater os jogos de azar no estado. Álvaro Lins, então chefe da Polícia Civil, foi condenado a 28 anos de prisão no mesmo processo.
A pena de Garotinho passou de dois anos e seis meses de prisão para quatro anos e seis meses em regime semiaberto. Ele, porém, pode continuar a fazer campanha. O caso precisa ser analisado pela Justiça Eleitoral. Garotinho também pode recorrer a instâncias superiores, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso o TRE-RJ entenda que ele deva sair da disputa.
Para Garotinho, a decisão do TRF-2 foi uma "pérola" e um "estudo sobre ilegalidade". Segundo o candidato, a condenação foi "inventada". Nas últimas pesquisas, o ex-governador aparece tecnicamente empatado com Eduardo Paes (DEM) e Romário Faria (Podemos).
"É tão escandalosa e vergonhosa que o TSE vai reformar essa decisão", ressaltou.
Garotinho só deixaria de disputar novamente o Palácio Guanabara somente após a candidatura ser barrada pelo TSE. Enquanto isso não ocorre, seu registro ficará sub-judice. A condenação de Garotinho inclui pedido de prisão, podendo acontecer na esfera federal. No ano passado, Garotinho foi preso três vezes por crimes eleitorais.
Desembargador na mira
Garotinho também acusou o desembargador Marcello Granado, relator do processo que o condenou, de declarar apoio a outro candidato, o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC).
Garotinho reproduziu em um telão uma entrevista de Wilson Witzel à imprensa, que foi compartilhada por Marcello Granado em uma rede social. No entanto, o ex-governador declarou que vai avaliar com os advogados se entrará com uma representação contra o desembargador no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
"Os advogados vão decidir. Vamos deixar essas medidas disciplinares para o momento oportuno. Agora, o momento é para garantir a candidatura", disse Garotinho.
Procurado pelo DIA, o desembargador Marcello Granado ainda não se pronunciou.
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