quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Tem endereço a crítica de Lula aos banqueiros?

Em Paris, ele falou pela primeira vez em ser candidato no momento em que sofre intenso massacre midiático; num outro ponto do discurso também criticou "banqueiros que pagam as propagandas que saem lá"; no círculo petista, cresce a percepção de que os ataques a Lula e à política econômica são orquestrados por interesses contrariados; alguém pensou em Setubal e Moreira Salles, do Itaú Unibanco?
 
Político tarimbado e experiente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabe o valor exato de cada palavra. Ontem, quando participava de um seminário em Paris, Lula deixou escapar uma insinuação sobre eventual volta ao poder, no momento em que sofre intenso massacre nos meios de comunicação. Pela primeira vez, deixou escapar que pode concorrer novamente a um cargo público – só não disse se pensa na presidência da República ou no governo de São Paulo.
 
Lula também soltou uma frase que foi compreendida por alguns veículos de informação como crítica à imprensa. "Vamos ouvir todo mundo, não tem problema que tenha gente mais radical, menos radical. Sabe por quê? Porque essa crise não é minha nem sua, é da responsabilidade de gente que a gente nem conhece", lembrando que nunca viu cara de banqueiro no jornal "porque são eles [os banqueiros] que pagam as propagandas que saem lá".
 
Terá sido uma crítica apenas aos meios de comunicação, aos banqueiros ou a ambos? O fato é que, no círculo lulista, cresce a percepção de que a blitz deflagrada por grandes grupos de mídia a ele, Lula, e também à política econômica, na figura do ministro Guido Mantega, conta com o patrocínio de interesses privados. Especialmente por interesses contrariados com a guinada de política econômica. Uma guinada que feriu interesses de grandes bancos acostumados a ganhos de tesouraria e, agora, das concessionárias de energia elétrica.
 
No setor financeiro, o grupo visto pelo Palácio do Planalto e pelo Instituto Lula como o mais resistente à nova política de juros baixos é o Itaú Unibanco, dos banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles. Setubal chegou a explicitar seu descontentamento com o governo da presidente Dilma Rousseff, quando afirmou que deixaria o banco depois que Dilma saísse da presidência – o estatuto o obriga a sair em 2014. O Unibanco, por sua vez, é notoriamente associado ao pensamento tucano, de viés liberal, e tem Pedro Malan no seu conselho de administração.
 
Quem conhece Lula, garante. A referência aos banqueiros não foi acidental.

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