terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Em nota, PMDB abre fogo total contra Lindbergh

Assinada pelo presidente Jorge Picciani, manifestação do partido do governador Sergio Cabral diz que "não há hipótese de o candidato", em 2014, não ser o atual vice Luiz Fernando Pezão; "Cabe ao PT que a desejável aliança se mantenha coesa", registra o texto; alvo da nota, senador Lindbergh Farias começa na sexta, com aval do ex-presidente Lula, sua caravana da cidadania em campanha pelo Palácio Guanabara; "O PMDB não pode escolher o nosso candidato", disse ele.
 
Em nota dura, assinada pelo presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, a seção fluminense do partido procurou nesta segunda-feira 25 estabelecer, na prática, um veto à candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) à sucessão do governador Sérgio Cabral, do próprio PMDB.
 
"Garantimos a governabilidade e somos fiéis aos nossos aliados. Mas cabe ao PT que a desejada aliança se mantenha coesa, forte e uníssona", diz o texto, que será lido na Convenção Nacional do partido, no sábado, em Brasília, pelo deputado federal Leonardo Picciani. A nota assegura que "não há hipótese de ele não ser candidato", em referência ao atual vice-governador, Luiz Eduardo Pezão, que ocupa o cargo de substituto de Sérgio Cabral desde as eleições de 2006. Em razão da aliança nacional entre PT e PMDB, o partido da presidente Dilma tem como espaço na administração fluminense o cargo de vice-prefeito da capital, cujo titular é Eduardo Paes, do PMDB.
 
O senador Lidbergh Farias reagiu rapidamente ao movimento dos peemedebistas, que já era esperado. Não se sabia, porém, o grau de oposição que seria usado contra a candidatura do senador ao governo do Estado, ex-prefeito de Nova Iguaçu, e cujos planos de crescimento politico contam com o aval do ex-presidente Lula. O próprio Lula cedeu o marqueteiro João Santana para que o PT fluminense realizasse os filmes promocionais mais recentes da agremiação para a televisão, nos quais Lindbergh foi a estrela mais destacada. O gesto passou a mensagem de que a candidatura do senador, ainda que não formalizada – de resto, como nenhuma outra – já está nas ruas.
 
"O diretório regional do PT deliberou, por unanimidade, a minha pré-candidatura", lembrou Lindbergh. "Também é do meu entendimento liderar a coalizão de toda a base aliada. Mas, se o PMDB entender diferente, reconhecemos o direito e a autonomia de lançarem a candidatura (do Pezão). Essa convenção é do PMDB. Eles devem escolher o candidato do PMDB. Só não podem escolher o nosso candidato", definiu o senador.
 
Nesta sexta-feira, em Japeri, na Baixada Fluminense, Lindbergh começa sua "Caravana da Cidadania", com a qual pretende percorrer todos os principais municípios do Estado do Rio em campanha para o governo em 2014.
 
Para o PMDB, Lindbergh é um fantasma em carne e osso. Ele é considerado bom de voto, como comprovou em sua eleição para o Senado, enquanto o vice-governador Pezão vem de uma cidade pequena - Piraí -, em lugar de ter berço político numa cidade populosa, como Lindbergh conseguiu em Nova Iguaçu, onde se elegeu prefeito duas vezes. O senador é bem mais jovem que vice-governador, domina a oratória como poucos e tem inclinação para um eficiente corpo a corpo com o eleitorado. Ex-presidente da UNE, Lindbergh associou-se diretamente a importantes vitórias do PMDB nas últimas eleições municipais.
 
O PMDB do Rio, com a nota, abre um movimento de pressão direta sobre a presidente Dilma Rousseff. Logo após a vitória de Eduardo Paes, em primeiro turno, nas eleições do ano passado, no munípio do Rio, ela recebeu Paes, Cabral e Pezão no Palácio do Planalto. Com eles, tirou uma foto com as mãos sobrepostas num gesto de união, o que passou a impressão de um aval à futura candidatura de Pezão – e não apenas de comemoração pela vitória de Paes.
 
"É fundamental para o Rio e muito importante para o Brasil a continuidade das políticas públicas implementadas pelo governador Sérgio Cabral ao longo do seu governo", registra a nota assinada por Jorge Picciani. "Pezão é a certeza de que a bem-sucedida política de Segurança implementada no estado irá continuar e avançar de forma perene, trazendo a paz e o ambiente necessários para que o Rio prossiga no caminho do desenvolvendo social e econômico sustentáveis, garantindo mais emprego, mais renda e qualidade de vida para o povo que aqui vive".
 
Na direção de Dilma, o texto lembra dois números: "Em 2010, no primeiro turno, o povo do Rio deu 67% dos votos ao Governador Sergio Cabral. E no segundo turno, 70% dos votos à Presidenta Dilma. O PMDB do Rio não tem um projeto de poder, mas um projeto de estado", sublinha.
 
O senador fará o primeiro ato público nesta sexta-feira, em Japeri, na Baixada Fluminense. A iniciativa do PMDB acaba de vez com a esperança de Lindbergh ter o apoio do PMDB em sua chapa. Pezão, por sua vez, iniciará uma maratona de visitas e inaugurações de obras ao lado de Cabral.

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