"Estamos em situação de emergência", diz secretário-geral da
Presidência, Gilberto Carvalho; presidente Dilma Rousseff convoca
ministros das Relações Exteriores, Defesa, Comunicações, Casa Civil e
Comunicação Social para definir reação brasileira à espionagem praticada
por governo dos Estados Unidos; na manhã desta segunda-feira 2,
chanceler Luiz Alberto Figueiredo convocou embaixador americano Thomas
Shannon para cobrar explicações; ministro da Justiça estará com a
presidente às 15h00; resposta brasileira a arapongagem americana sobre
e-mails presidenciais promete ser dura; viagem oficial aos EUA, em 23 de
outubro, só será confirmada mediante explicações "satisfatórias" do
governo Obama
As relações entre Brasil e Estados Unidos estão abaladas pela
denúncia de que os e-mails da presidente Dilma Rousseff foram espionados
pelo governo dos Estados Unidos. Para articular uma reação que promete
ser dura, Dilma convocou na manhã desta segunda-feira 2, em seu gabinete
no Palácio do Planalto, uma reunião de emergência. Foram chamados os
ministros das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, da Defesa,
Celso Amorim, das Comunicações, Paulo Bernardo, do Gabinete Civil,
Gleise Hoffmann, da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas, e o
secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. "Estamos em situação
de emergência", disse Carvalho, antes da reunião.
Antes mesmo desse encontro, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo
chamou oficialmente ao Palácio do Itamaraty o embaixador dos Estados
Unidos no Brasil, Thomas Shannon, para cobrar as primeiras explicações.
Shannon saiu do encontro sem falar com a imprensa. À tarde, a presidente
estará com o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, para
discutir o mesmo assunto.
Além de uma previsível nota dura contra a atitude americana,
denunciada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, a partir de
revelações do jornalista Glenn Greenwald, que teve acesso aos documentos
levantados pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden, exilado na Rússia, a
atitude do governo brasileiro poderá será, até mesmo, a de cancelar a
viagem oficial da presidente Dilma a Washington, marcada para 23 de
outubro. Está prevista em homenagem a ela um jantar de gala na Casa
Branca, mas desde já o cardápio se mostrar indigesto para o Brasil. O
governo brasileiro já decidiu recorrer à ONU para pedir uma discussão
sobre violação à privacidade de autoridades e cidadãos brasileiros.
Documentos classificados como ultrassecretos, que fazem parte de uma
apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em
inglês) dos Estados Unidos, obtidos pelo Fantástico, mostram a
presidente Dilma Rousseff, e o que seriam seus principais assessores,
como alvo direto de espionagem da NSA. Um código indica isso.
O jornalista Glenn Greenwald, coautor da reportagem, foi quem recebeu
os papéis das mãos de Snowden. Glenn afirmou que recebeu o documento na
primeira semana de junho, quando esteve com Snowden em Hong Kong. "Ele
me deu esses documentos com todos os outros documentos no pacote
original."
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