quarta-feira, 17 de junho de 2015

NO RIO, SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS MANTÉM ELEIÇÃO APÓS TUMULTO


 Tânia Rêgo/Agência Brasil:
A prisão de mais de 200 pessoas por depredações no Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio não interrompeu as eleições para escolha da nova diretoria; os resultados devem ser divulgados nesta noite; em outubro, a entidade sofreu intervenção da Justiça do Trabalho, depois que a diretoria foi afastada e teve os bens bloqueados por suspeita de crimes, entre eles improbidade administrativa e nepotismo; de acordo com a apuração referente ao período entre 2009 e 2014, os desvios chegam a R$ 100 milhões
A prisão de mais de 200 pessoas por depredações no Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro não interrompeu as eleições desta quarta-feira (17) para escolha da nova diretoria. Os resultados devem ser divulgados nesta noite, logo após a chegada das urnas à sede do sindicato. 
Em outubro, a entidade sofreu intervenção da Justiça do Trabalho, depois que a diretoria foi afastada e teve os bens bloqueados por suspeita de crimes, entre eles improbidade administrativa e nepotismo.
O perito da Justiça do Trabalho José Carlos Nunes atua como interventor no sindicato, ao mesmo tempo em que conduz uma análise interna sobre os últimos 10 anos de administração. A auditoria deve ser finalizada até 30 de julho.
De acordo com a apuração referente ao período entre 2009 e 2014, os desvios chegam a R$ 100 milhões. Segundo o perito, a lista de crimes investigados inclui apropriação indébita, falsidade ideológica, fraudes contábeis, ameaças à integridade de funcionários e nepotismo.
Nunes disse que o grupo que invadiu e depredou a sede do sindicato no fim da madrugada de hoje não tinha interesse apenas no cancelamento da eleição, mas também na destruição de provas que incriminem a gestão afastada. "O objetivo dos meliantes, além de tentar melar a eleição, era destruir as provas que estão sendo colhidas para punir os responsáveis por desvios de mais de R$ 100 milhões."
A depredação gerou prejuídos de cerca de R$ 3 milhões ao sindicato, que teve seis consultórios médicos e três dentários destruídos, inclusive com prontuários e fichas rasgadas. Diversos andares do prédio foram invadidos e tiveram portas arrombadas.
Funcionários tentam identificar documentos destruídos e que podem ser recuperados. "Eles achavam que eram os documentos da auditoria. A orientação que eles receberam era rasgar os documentos que encontrassem", explicou o auditor. Segundo ele, as provas da investigação estão salvas.
Antes da intervenção, o presidente do sindicato era Otton Mata Roma, que havia assumido em 2006. Presidente por dois mandatos, Otton assumiu após a morte do pai, Luisant Mata Roma, que presidiu o sindicato durante 40 anos, de 1966 a 2006.
Nunes informou que o presidente do sindicato recebia mais de R$ 60 mil mensais de salário. Os demais membros da diretoria afastada recebiam mensalmente cerca de R$ 47 mil.
O advogado Fábio Curi, que defende Otton Mata Roma, nega que seu cliente tenha envolvimento com a depredação do sindicato, mas esclareceu que a eleição deve ser cancelada por parcialidade do interventor. "O interesse do meu cliente é que não haja essa eleição. Ele entende que ela é completamente viciada e passível de nulidade", afirmou Curi, que entrou com mandado de segurança para suspender a eleição.
Para a defesa, não houve desvio de dinheiro público no sindicato. Fábio Curi disse que a declaração de bens de Otton Mata Roma é menor do que tem sido apontado nas denúncias. O advogado informou que está tentando ter acesso aos documentos bloqueados pela Justiça. "São documentos que comprovam a gestão dos dirigentes afastados. Sem eles, não conseguiremos exibir toda a licitude nem rebater as acusações."
Equipes das polícias Civil e Polícia Militar, além de seguranças particulares vão acompanhar a apuração dos votos hoje à noite. O processo também está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho.  Segundo o procurador José Carlos Teixeira, a eleição será bem-sucedida. "A eleição está ocorrendo. É evidente que houve um incidente desagradável para desestabilizá-la. Os comerciários têm de decidir a quem entregarão a direção do sindicasto."
Três chapas disputam o pleito. A posse da nova diretoria está  marcada para 28 de junho.
As pessoas detidas por suspeita de envolvimento na depredação foram levadas para a Cidade da Polícia, onde estão sendo identificados. A polícia acredita que o grupo tenha sido trazido de São Paulo para tumultuar a eleição no sindicato.

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