quarta-feira, 29 de maio de 2019

Guedes diz que liberação de crédito emergencial ‘embananou de novo’

O presidente da Camara dos Deputados, Rodrigo Maia com o ministro da Economia, Paulo Guedes juntos para entrevista coletiva a imprensa para falar sobre Reforma da Previdencia,no Ministerio da Economia© Dida Sampaio/Estadão O presidente da Camara dos Deputados, Rodrigo Maia com o ministro da Economia, Paulo Guedes juntos para entrevista coletiva a imprensa para falar sobre Reforma da Previdencia,no Ministerio da Economia
BRASÍLIA - O ministro da EconomiaPaulo Guedes, disse nesta quarta-feira, 29, que a tratativa para a aprovação de uma autorização especial ao governo para pagar aposentadorias, benefícios assistenciais eBolsa Família sem ferir a Constituição"embananou de novo".
A equipe econômica pediu ao Congressoaval a um crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para autorizar despesas nesse valor e pagá-las com recursos obtidos via emissão de títulos da dívida. O governo só pode usar empréstimos para pagar despesas correntes com autorização do Legislativo- do contrário, comete crime de responsabilidade, passível de impeachment.
Desde a formulação do Orçamento de 2019, porém, o rombo na chamada "regra de ouro" do Orçamento caiu, o que significa uma dependência menor desses empréstimos para bancar gastos correntes. Com isso, o relator do crédito, deputado Hildo Rocha(MDB-MA), resiste em dar parecer autorizando um endividamento adicional que ele considera excessivo.
A “regra de ouro” impede a emissão de dívida para pagar gastos correntes – como aposentadorias, benefícios assistenciais, Bolsa Família e subsídios agrícolas. A Constituição proíbe usar empréstimos para bancar esse tipo de gasto, e a aprovação do crédito suplementar é a única exceção permitida.
Nesta terça-feira, 28, a equipe econômica enviou nota técnica a Rocha sugerindo um ajuste no pedido do crédito para reduzir o valor a algo mais próximo à real necessidade do governo. No documento, revelado pelo Estadão/Broadcast, a insuficiência é calculada em R$ 146,7 bilhões. A apresentação de um novo valor, porém, não foi suficiente para vencer as resistências do relator.
Em seminário sobre produtividade e crescimento nesta manhã, Guedes expôs o impasse ao justificar a ausência do líder do governo no Senado,Fernando Bezerra (MDB-PE). "Ele ligou e falou: Paulo, estou entre ir ao seminário e ir à reunião com lideranças políticas porque nós vamos discutir o PLN 4, que embananou de novo", contou o ministro.
Ao fim do evento, Guedes destacou que a aprovação do crédito é fundamental para evitar pôr em risco o pagamento dos benefícios. Em alguns casos, como o BPC(pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda), o governo não terá mais autorização no Orçamento para fazer os repasses a partir de julho.
No entanto, ele reconheceu que as dificuldades para a aprovação permanecem após o envio de um novo valor por meio da nota técnica. "O embananamento é isso. Está todo mundo (pronto) para aprovar uma coisa e aí chega uma outra coisa. (O relator questiona) 'Vem cá, vocês querem esse ou querem aquele, qual vocês querem?'", disse. Ele negou que haja resistência do relator em dar o aval ao governo e afirmou que "é um problema muito mais de processo".
"Soube disso (mudança no valor do crédito) ontem no final da tarde, mas nem achei que ia complicar mais. Um assessor parlamentar me ligou e falou 'Ó, você viu? Embananou'. Perguntei o que houve. A equipe mandou a coisa decomposta em dois valores, que não eram o pedido inicial. Então isso desorienta um pouco", explicou Guedes.
"Aí começou a discussão se é isso ou aquilo. Ele (relator) falou 'então se vocês não chegaram a um número ainda, eu entrego um número menor agora e depois entrego de novo'", emendou o ministro, dizendo que Rocha sugere aprovar dois créditos - embora técnicos argumentem que o governo só pode solicitar a autorização especial uma vez no ano.
"Só que isso é uma duplicação de esforço, não é sensato. Não é sensato botar em risco Previdência, Bolsa Família, Plano Safra, tudo isso, apenas por essa diferença técnica entre aprovar o todo e aprovar uma parte. Aprova o todo logo que simplifica tudo", defendeu Guedes.

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